quinta-feira, abril 29, 2004

25 de Abril - O começo:

Paulo de Carvalho : E depois do Adeus
Música: José Calvário
Letra: José Niza
www.songcontest.nl
(vencedora do festival da canção de 1974)
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Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós



Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

terça-feira, abril 20, 2004

25 de Abril - Liberdades

Para a semana espero escrever um post sobre o 25 de Abril, de como é entendida a liberdade em Portugal e pelos portugueses, e como é entendida a democracia no nosso belo rectangulo.
Por agora deixo a letra de uma musica do Jorge Palma, que foi entrevistado no sàbado para a Ràdio Alfa, tal como o Sérgio Godinho. Este ultimo vem a Paris no dia 7 de Maio, no ambito das comemoraçoes do 25 de Abril. Espero poder ir assistir, até porque o Jorge Palma ia tentar "meter uma cunha" para também vir.
A cançao chama-se "Jeremias o Fora-da-Lei". Aqui fica, com os meus sinceros cumprimentos aos meus 6 leitores ;).

Jeremias, O Fora da Lei
Vou falar-vos dum curioso personagem: Jeremias, o fora-da-lei
Descendente por linha travessa do famigerado Zé do Telhado
Jeremias dedicou-se desde tenra idade ao fabrico da bomba caseira
Cuja eloquência sempre o deixou maravilhado

Para Jeremias nada se assemelha à magia da dinamite
A não ser talvez o rugir apaixonado das mais profundas entranhas da terra
E só quando as fachadas dos edifícios públicos explodirem numa gargalhada
Será realmente pública a lei que as leis encerram

Há quem veja em Jeremias apenas mais uma vítima da sociedade
Muito embora ele tenha a esse respeito uma opinião bem particular
É que enquanto um criminoso tem uma certa tendência natural para ser vitimado
Jeremias nunca encontrou razões para se culpar

Porque nunca foi a ambição, nem a vingança, que o levou a desprezar a lei
E jamais lhe passou pela cabeça tentar alterar a Constituição
Como um poeta ele desarranja o pesadelo para lá dos limites legais
Foragido por amor ao que é belo e por vocação

Jeremias gosta do guarda roupa negro e dos mitos do fora-da-lei
Gosta do calor da aguardente e de seguir remando contra a maré
Gosta da forma como os homens respeitáveis se engasgam quando falam dele
E da forma como as mulheres murmuram: fora-da-lei

Gosta de tesouros e mapas sobretudo daqueles que o tempo mais maltratou
Gosta de brincar com o destino e nem o próprio inferno o apavora
Não estando disposto a esperar que a humanidade venha alguma vez a ser melhor
Jeremias escolheu o seu lugar do lado de fora
Jeremias escolheu o seu lugar do lado de fora



Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, abril 19, 2004

Religião e religiosidades, a proposito da Pàscoa

Fui na sexta-feira passada a um concerto dado por uma americana, cantora profissional, a um grupo de pessoal variado que tem cursos de inglês para franceses; como a mim me da jeito o inverso, ou seja, treinar o meu frances, la fui n expectativa de falar um pouco das duas linguas, desenferrujar, e conhecer gente.
Ao que parece essa associaçao faz parte de um grupo protestante, mas acolhem todo o tipo de pessoas que queriam entrar nas actividades, seja nos grupos de inglês, seja nos pic-nics que fazem ao fim de semana, seja nas vezes que se encontram para um pouco de desporto, ou em "soirées" casuais, como essa de 6a feira, e outras em que foram assistir ao filme "A paixao de Cristo" (que também espero ainda assistir, se ja nao tiver saido das salas).
O que me leva a escrever sao dois assuntos que nao estarao bem ligados: a "palestra" dada por um professor doutor em belas artes, e que versou o tema da pàscoa e ressurreiçao, e a estranheza das pessoas com quem falei quererem perceber o porquê de eu nao abraçar qualquer religião (eles vincaram bem o facto de ser ateu, apesar de nao me considerar bem nesse intervalo, mas sim a tentar perceber o fenomeno religioso).
Assim, o douto professor referiu-se a uma sondagem, em como 45% dos franceses acreditavam na ressurreiçao (depois sublinhou que a sondagem fora feita apenas aos cristaos); depois falou e falou sobre a pascoa e sobre esse fenomeno de ressurreiçao, de viver apos a morte.
é algo que eu acho estranho na igreja catolica (diga-se religiao cristã): eles tendem a querer demonstrar aos outros, nao crentes (alguém que eles consideram como perdido e pobre de espirito) que aquilo que dizem é verdade porque està escrito num livro com muitas metaforas e escrito à milhares de anos, com as devidas imprecisoes (nao so de traduçao como da forma como as pessoas viam certos fenomenos na altura); mais do que isso: nunca acreditaram na ressureiçao dos Faraos egipcios porque, segundo diziam, a sua religiao (com o deus unico Iahvé) era a unica existente, porém querem fazer crer aos outros que na sua (unica religiao) houve alguem a ressuscitar, tal como se dizia que os faraos faziam. Outro ponto que me parece importante e que eles nao se cansam de sublinhar, é que os cristaos sairam do Egipto porque la eram escravizados, e passaram por enormes tormentos até chegarem à sua terra, que eles criaram e cultivaram com o seu suor e sangue e chamaram seu pais. Até ai tudo bem, mas ja se provou que os unicos "escravizados" no antigo Egipto - e que nao o eram bem, tinham uma especie de contrato em que trabalhavam para um templo durante certos anos apos o que eram livres de voltar para o seu pais ou de permanecer no Egipto, sendo pagos pelo seu trabalho - eram os prisioneiros de guerra, que os hebreus (cristaos) eram peritos na arte de fazer tijolos, artesãos bem experimentados e bem pagos, que ajudaram na construçao das capitais de Faraos como Akhenaton (que também acreditava num deus unico, Ra, deus Sol) e Ramsés II. Para terminar, convem dizer que os hebreus, como povo, também tinham escravos, podendo eles escravizar mas nao trabalhar para outrém...
No caso das pessoas tentarem saber o porque de nao ter religiao, ou nao ser catolico, muçulmano, o que quer que seja, tento argumentar que houve certos periodos da historia que me levaram a nao gostar da forma como a Igreja Catolica tratava os seus fiéis, e que ainda nao conhecia a fundo os fundamentos Cristãos (leia-se a Biblia), bem como gostava de ler o Corão e outros livros de outras religioes. Até ao momento estou fascinado pela forma como os antigos Egipcios interpretavam a religião e de que forma adoravam os seus deuses, e aceitavam os dos outros, coisa que as "novas" religioes nao aceitam.

Para mim neste momento a religiao é um negocio: tive oportunidade de ouvir a missa no domingo, transmitida algures de Paris, em portugues, pela Radio Alfa (curiosamente o padre tinha aquela caracteristica que todos os padres têm, que é um xotaque beirao), e ele numa frase sintetizou tudo o que escrevi: "a lei da fé é acreditar sem ter visto"...
Mais palavras para quê?



Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quarta-feira, abril 14, 2004

HISTORIA INTERESSANTE - O JAMES BOND DOS TEMPOS MODERNOS (?)

Estava eu a ler um dos jornais que aqui é disponibilizado gratuitamente nas escolas e residências universitarias (Le Figaro, Liberation, Tribune, Le Monde), neste caso o Le Figaro, e deparo-me com uma historia curiosa, em forma de editorial. Esta historia aconteceu mesmo e teve lugar no Canadà. Aqui vai uma traduçao livre do texto:

"Raymond Sobesk, um canadiano de 47 anos de Toronto, ganhou 30 milhoes de dolares canadianos (18,8 milhoes de euros), o maior prémio de sempre do Canadà no Loto. O caso nao seria unico nao fosse a esperteza deste senhor: em vez de se deixar levar pela loucura do novo riquismo, a ninguém disse da sua nova fortuna, somente guardou o boletim ganhador num cofre forte de um banco.
A semana passada, quando faltavam 12 dias para terminar o prazo de validade do bilhete, e consequente anulaçao do prémio, ele comparece junto ao guichet para o reclamar.
- Foi a primeira vez que um vencedor esperou tanto tempo; nos pensavamos que o bilhete se tinha perdido! - explicou Kathy Pittman, porta-voz da Ontario Gaming and Lottery. - Como pode alguém guardar um bilhete assim tanto tempo? - questiona ela.
Durante este tempo ele nao esteve parado: consultou experts financeiros, juristas, banqueiros, para se permitir gerir o seu pé de meia como um profissional. Sem duvida precavendo-se da sorte funesta de muitos ganhadores que, em pouco tempo, perdem toda a sua fortuna. Satisfazem caprichos, sonhos antigos e dos novos amigos - adormecem no ouro e acordam na palha! Alguns nao suportam a passagem da infinita riqueza ao zero e poem fim aos seus dias. Porém este vencedor foi prudentissimo, segundo contou à imprensa apos levantar o prémio - nem à mulher nem aos parentes contou, nem dispensou menos atençao ao seu trabalho, continuando como se nada se tivesse passado.
Ninguém se apercebeu de nada na empresa, ele continuou meticuloso: um observador atento pode simplesmente referir que ele deixara em ordem o seu trabalho para o seu sucessor.
- Pensei que seria do meu interesse guardar para mim até que tivesse tratado de tudo. - Ele nem sequer faz referencia aos juros perdidos por ter o capital imobilizado durante um ano; possivelmente foi calculado, concluindo que perderia menos do que se se lançasse em despesas inuteis. Hoje nao se define como milionario, simplesmente como um . Feliz sim, mas desempregado!... a sorte protege os audazes, mas acolhe também os prudentes e os modestos!"

Achei esta historia interessante e resolvi publicà-la no meu blog. Esta postura abre bastantes discussoes, como quantas pessoas seriam capazes de fazer o que ele fez. Para mim, neste momento, se ganhasse um prémio no Loto aqui em Paris acho que nao conseguiria guardar durante tanto tempo, levantaria o prémio para poder estar mais à vontade no dia-a-dia, mas serà que gastaria todo?
E a questao de conseguir guardar um segredo destes de toda a gente? Quem vai confiar agora nele atendendo a esta demonstraçao de puro sangue frio tipico de um James Bond?



Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

terça-feira, abril 13, 2004

Sabem o que fazem os jogadores do benfica e do sporting depois de ganharem a
super liga, a liga dos campeões e a taça uefa?



Desligam a Playstation!



Não consegui resistir!!!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

sexta-feira, abril 09, 2004

Pàtria, por Miguel Torga

"Serra!
E qualquer coisa dentro de mim se acalma...
Qualquer coisa profunda e dolorida,
Traída,
Feita de terra
E alma.

Uma paz de falcão na sua altura
A medir as fronteiras:
- Sob a garra dos pés a fraga dura,
E o bico a bicar estrelas verdadeiras... "

Ha alturas em que nos sentimos assim.
Forte abraço para todos, e beijos para todas!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, abril 05, 2004

Paris rima com Patins, algàlia com o Asterix (?)

Paris com sol é uma cidade que se transcende. Resplandece, aparece, move-se. Ao sabado anda-se nas ruas a fazer as ultimas compras da semana; ao domingo a cidade cede o seu espaço aos transeuntes, habitantes ou nao, turistas, viajantes, passeantes.
Aos domingos grande parte do comércio està fechado, exceptuando-se grandes multinacionais com nome de ar condicionado, com nome de virgem ou com cara de palhaço, e os cinemas, teatros, museus. No primeiro domingo de cada mês ha museus que têm as suas portas abertas para a populaçao, como o Louvre; as marginais junto ao Sena estao abertas aos peoes, de bicicleta, a pé ou de patins, para poderem contemplar um local bonito e digno de passeio, com homens, mulheres e crianças a passear, às centenas ou mesmo milhares; ouvem-se varios idiomas, desde o frances, espanhol, ingles, japones, espanhol, espanhol, espanhol.

Ja deu para perceber o porquê dos patins: porque Paris é uma cidade optima para quem se desloca de patins ou velocipede, com varios parques, jardins e passeios preparados com zonas para velocipedes, estando tambem os semaforos servidos por uma passadeira velocipédica. Agora porquê a algalia?

Porque simplesmente Paris é grande, enorme. Qualquer pequeno passeio torna-se um grande passeio, muitas horas de pé, a percorrer ou parado. Cansa, faz sede, leva-se ou compra-se àgua, bebe-se, quanto mais se bebe mais vontade se tem de beber, bebe-se.
Ora a natureza tem destas coisas e, pelo ciclo natural, o que entra em cima é digerido, transformado, e o que nao interessa é rejeitado - a urina! - Para isso ha as "toilettes", bem assinaladas nos locais publicos, com varias setas, muitas delas em circulos, como que a obrigar a uma procura intensiva, ansiando nao encharcar as calças e sapatos com o vil liquido quente-amarelado. Quando entramos deparamos com um torniquete e uma preta (até agora ainda nao vi de outra cor) que interpelamos sobre o preço da mija.
Ai o caso varia: ja vi a 30, a 40 e a 50 cêntimos. Para urinol, claro està! O melhor serviço foi junto à Torre Eiffel, cujos 40Cents permitiram o lavar de maos com àgua quente, aliàs, fervente. Nos outros primou pela normalidade. O ridiculo foi, num desses locais, ter visto uma senhora aflita a berrar com a preta (perdoem-me os leitores mais afoitos, que nao apreciam que distinga o elemento de raça negra, castanho, africano, diferente, como preferem chamar, como preto. Para as outras "raças" nos nao somos rosa mas brancos por isso para quê especificar?) e olhei para o valor a inserir na maquina para que o torniquete rodasse: nada mais nada menos do que 0.41€! De tao cruel chega a ter piada (acrescente-se humor negro!). E o pior é que a senhora que la trabalhava (a preta que me referi) disse nao ter troco de 5cents, pelo que a senhora, para dar descanço à bexiga e ordenar a sua mija numa sentina ja usada por milhoes de frequentadores, teria de desembolsar 0.45€ nao recebendo chavo de troco.

Como diria o Fernando Pessa: "E esta, hein?!"

Repararao, com certeza, em caso de visita, que as escadas de acesso e rampas às margens do Sena, e algumas escadas do métro apresentam o cheiro acre de milhares de litros de urina humana despejada nos referidos espaços

Proximo Post: Ir ao Louvre no primeiro domingo do mês, ou "Serà que estou em Espanha?!"

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

sexta-feira, abril 02, 2004

"Eu vi a buganvilia..." na Radio Alfa


A grande radio alfa continua a surpreender-me a cada dia que passa. Entre musicas declaradamente de conteudo esquerdista e baladeiro, que até aprecio, a musicas do Tony Carreira cantadas em frances, a uma musica com uma palavra nunca antes vista... se o Nuno Markl acha que a Dina é a unica pessoa que conseguiu inserir o fruto "abrunho" numa musica, houve alguem que conseguiu inserir "buganvilia"! Parece dificil, mas o conteudo até é interessante, parece uma declamaçao de um poema (se calhar até é e eu nao conheço!)

Ontem, dia 1 de Abril, a grande mentira da Radio foi a seguinte: Deco acabava de assinar pelo PSG e em troca de dinheiro também ia um jogador do Créteil/Lusitanos que nem era muito utilizado. Para quem esta fora de Portugal até pode parecer credivel, mas para quem saiu à um mês esta a anos luz da credibilidade! Também ontem num dos meus passeios noturnos pela Cité U, que costumo sempre fazer quando janto mais tarde e fico cheio como uma mula, iam a entrar três tipos, carregados que nem burros, e um deles, talvez a pensar que ninguem o perceberia no meio daquele mundo, disse: " e agora onde estamos e onde fica aquela merda?", ao que eu me virei, com um sorriso, e disse: " Malta de Portugal!".
Estavam à procura da Casa de Portugal, indiquei gentilmente o caminho e fui para a minha residencia que ja se fazia tarde!
Entretanto lembrei-me de mais um grupo para pedir ao Joao: Yellow W Van! - Isto foi so um aparte. Continuando!

Durante a noite é quando passa melhor musica, mais calma, anti stress, algumas de cariz fortemente interventivo (como exemplo dou uma das que mais gosto: "eu nao quero esse amanha" do Fernando Girao), e muitas de baladeiros. Ao fim de semana, que foi a unica ocasiao que consegui ouvir, ha um programa de musica tradicional portuguesa, entre as 5 e as 7 da madrugada, em que o locutor tem todos os sotaques possiveis e imaginarios em Portugal: do norte, das beiras, de padre, dos Açores e Madeira, e um leve sotaque afrancesado! Um primor! Se puderem ouvir online aconselho porque é HILARIANTE!!!

Bem, hoje vou a uma festa, a primeira desde que aqui estou, e ja fez um mes. Resta-me agradecer a todos quantos se lembraram de mim na quarta e quinta-feira, e a todos os que nao se lembraram eu nao levo a mal, nem sempre nos podemos lembrar de tudo! Espero é que bebam um copo por mim um dia destes!

Estao a mandar-me embora da sala, paciencia!
Escreverei mais para a proxima.
Para saberem mais da Cité U podem ir ao site: www.ciup.fr

Proximo tema: porque trazer patins e algàlia para Paris?

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt