terça-feira, novembro 29, 2005

"Às vezes se eu me distraio
Se eu não me vigio um instante
Me transporto pra perto de você
Já ví que não posso ficar tão solta
Me vem logo aquele cheiro
Que passa de você pra mim
Num fluxo perfeito
E enquanto você conversa e me beija
Ao mesmo tempo eu vejo
As suas cores no seu olho tão de perto
Me balanço devagar
Como quando você me embala
O ritmo rola fácil
Parece que foi ensaiado...
"
(Equalize - Pitty)

Há musicas e frases e gestos e olhares e situações reais que parece que ilustram bem o que pensamos, ou que pensámos, ou que fazemos, ou que faremos...
...ou que apetece fazer...
Sei que o que tem significado para mim, nesta dimensão temporal, não fará sentido a ti, a ti e a ti. E mesmo que estivessem no mesmo contexto, são pessoas diferentes e interpretariam de um jeito diferente. Mesmo até que conhecessem a musica em questão.
Mas a questão fulcral é: será que isso interessa mesmo?
Será que vale a pena ler algo que não escrevi [mas que senti como se fosse a minha pele arrepiada] e que não me dirá nada (a não ser as conclusões que tiro do que penso e vejo e ouço, e escrevo o argumento e faço o filme)?
Digo já: não, não vale. Por isso esqueçam este pedaço de escrita - está irremediavelmente perdido na matriz, longe do olhar humano e sobre-humano. Seja ele quem for e qual for.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, novembro 28, 2005

It's oh so quiet (shh, shh)

Estou ausente por isso não escrevo; por vezes presente e leitor atento. Tenho dias de imaginação farta mas que não me dá para escrever, outros com missão de deixar palavras mas sem qualquer assunto.
Esgoto-me em pensamentos irreais e irracionais, em saídas extemporâneas, em desejos vagos e a dormir e sonhar [sonhos cada vez mais reais...].
Perco a respiração porque fantasio em sonhos. Em pesadelos.
Incomodo.
Mantenho o silêncio.
Mentira...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quarta-feira, novembro 23, 2005

Sexo verbal não faz meu estilo
Palavras são erros, e os erros são seus
Não quero lembrar que eu erro também
Um dia pretendo tentar descobrir
Porque é mais forte quem sabe mentir
Não quero lembrar que eu minto também

Eu sei
(Legião Urbana)

Feche a porta do seu quarto
Porque se toca o telefone pode ser alguém
Com quem você quer falar
Por horas e horas e horas
A noite acabou, talvez tenhamos que fugir sem você
Mas não, não vá agora, quero honras e promessas
Lembranças e histórias
Somos pássaro novo longe do ninho

Leio nos teus olhos aquilo que não me dizes por palavras. Ou que me negas, e que travas lutas interiores para que isso não se veja.
Não se fale...
... seja esquecido...
[seja esquecido...]

Eu sei

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, novembro 21, 2005

Interessante!

Recebi um mail de uma mailling list que tinha uma cópia deste artigo de João César das Neves, cujo título é sugestivo: "O país que não devia ser desenvolvido"
Acho hilariante e tem tudo aquilo que muitos de nós já sabiamos, mesmo que na brincadeira. No entanto é preocupante, porque pode-nos terminar a sorte (ou haver uma lei de Murphy que contrarie o desenvolvimento...)
Não transcrevo por ser muito grande, mas será interessante fazer uma visita!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Desejos

- Ontem estive à espera que aparecesses...
- Estou à tua espera desde o início da semana...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

sexta-feira, novembro 18, 2005

Vontade de te dizer baixinho ao ouvido:
"Gosto de ti!"


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quinta-feira, novembro 17, 2005

Senhor Presidente da Republica?

Já repararam que o Dr. Mário Soares, sempre que fala numa qualidade que deve ter um presidente da republica, tem o cuidado de seleccionar todas aquelas que não tem?

Que o Dr. Cavaco Silva tem na eloquência do Dr. Mário Soares o seu maior cacique eleitoral?

Como o unico lúcido dos candidatos em idade de reforma é um poeta?

Que o único que sabe dançar é o Jerónimo? (acho que o Garcia Pereira também dá um arzinho da sua graça...)

E que, em 5 candidatos principais temos: 2 ex-primeiros ministros, 1 ex-presidente da républica, 3 ex-candidatos derrotados, 1 poeta, 2 economistas, 1 operário, 1 advogado, 1 vice presidente da Assembleia da Republica, 2 amigos, 1 afónico e nenhum padre, democrata cristão, ou mulher? Onde estão as Marias de Lurdes Pintassilgo?

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
"Dicas de sexo no seu telemóvel"?!

Vejo com alguma curiosidade aqueles anuncios da tv em que, enviando uma mensagem para um número, nos enviam uma dica de sexo para alimentar a vida sexual. Tendo em conta que algumas mensagens mais longas que recebo não estãop completas, permito-me fazer um pequeno juízo:
" Obrigado por pedir uma dica sexual para o 6969! A nossa dica de hoje passa pelo seguinte: compre uma garrafa de vinho, prepare uma refeição, ou compre-a, e um jantar à luz de velas. Quando o/a seu/ua parceiro/a chegar ** algum texto em falta**".

Afinal quem é f*d*d* é quem quer a dica...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Na rubrica "Se eu fosse Deus"...

... teria um mecanismo para dar pequenos choques electricos aos humanos (meus filhos) sempre que eles dissessem algo realmente parvo ( e que não tivesse qualquer sentido de humor).


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, novembro 14, 2005

Dois corpos, sexos diferentes. Uma praia, o anoitecer. Mar sereno, som suave. Em silêncio, sentados na areia, observam o infinito, o sol a repousar no mar, calmamente, carinhosamente. Subindo pelo céu o azul torna-se mais escuro e as primeiras estrelas já começam a brilhar, a olhar.
Ela deita-se para trás e fica a olhar para as estrelas. Ele suspira. Ele fala.
- Não achas que quanto mais desejamos algo, mais dificil se torna esse desejo ser possivel?
[silêncio]
- Não sei, nunca tinha pensado nisso... talvez...
- Tipo [insiste ele] sabes quando queres encontrar alguém e procuras, nunca encontras?
[silêncio]
Ele deita-se de lado, virado para ela, que continua a olhar o céu, azul mais escuro.
- Talvez... [vira-se de lado e fica de frente para ele] porque pensas nisso?
- Não sei, passou-me pela cabeça. Estava a ouvir o mar e a pensar... em nada...
[pausa]
Ele deita-se agora. Pensa que realmente não é muito lógico o que acabou de perguntar. Fecha os olhos e ouve o mar, e...
- E se pudesses alterar isso? - diz ela.
- Hã?!
- Se pudesses concretizar isso que tanto desejas, se tornasses mais fácil ele se tornar realidade, serias capaz de o fazer?
- Hum... [pausa]... não sei... acho que não teria coragem...
[silêncio]
- [continua] poderia estar a limitar a liberdade de alguém para que se concretizasse o meu desejo...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quinta-feira, novembro 10, 2005

[Som gutural interno (impossivel não o expressar)] - como que um grito surdo que cala o silêncio interno. A zumbir nos ouvidos...
Êpá, Foda-se!!!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
"I tried so hard and got so far
But in the end, it doesn't even matter
I had to fall to lose it all
But in the end it doesn't even matter"
In the End - Linkin Park
(foto: passagem dia/noite, vista do espaço)
Deambular, passear, registar
Dia. Deitar com o sol já no alto. Dormir. As poucas horas que me restam até ao acordar. Com sol no alto. Olhos semi-cerrados da falta de dormir, cansados mas abertos com gosto.
Prazer. Sensação de deleite, aquele friozinho de outono e o sol quente - que não dura mais para lá das 17 horas - a bater no rosto... a sensação de calor presente, abrangente.
...
Passa-se o dia. Vem a noite. Sem pensar, a pensar - sonhos acordados de pateta que não dorme nem sonha, a não ser acordado [Acorda!].
Passou. Triste, lentamente, o olhar fixo no relógio, a contar os ponteiros para o final da noite. Aquele olhar para o céu, para cada Deus que olha fixamente da sua janela de luz e que troça com a fraqueza humana.
Deuses, observadores não intervenientes. Existeis, pois, mais que na consciencia da pobreza de espirito humano, ou, de facto, esses holofotes que apontais às almas do comum são aquele ponto priveligiado de retiro, observação e anotação.
Espero ver esse registo na passagem (breve) pela morte. Entretanto há tanto e tanto para viver!...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quarta-feira, novembro 09, 2005

(Eta Carinae - Hubble. Crédito: NASA e Jon Morse, Universidade do Colorado.)
Notícia no Portal do Astrónomo:

Eta Carinae tem uma companheira quente

Pergunta:
Quem não gosta de ter?

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

domingo, novembro 06, 2005

Private "joke"

Inicio... [a luz, olhos nos olhos]
"Vampiria, you are my destiny
My only Love and true destiny
Vampiria...
Como tudo começa, nos filmes, na realidade. Aquele suspiro e sorriso juntos do segundo que parece uma hora e a hora é um "clic" (que passou num segundo, num suspiro...).
A espera, eterna, de ser contemplado. Sentir o que sentem os deuses e as criaturas do mal ao sabor de sangue quente, fresco (como quem prepara e selecciona a próxima vitima) [cautelosamente]... com o tempo.
[com o toque frio que faz calor]
calor...
o final [a sombra, olhos nos olhos]
Depart now on your bright wings
The world envy
The skies have always seduced you
Precious Queen
and you know your time has come
To fly away with Me, so far..."
Moonspell - Vampiria

E os comentários?!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quinta-feira, novembro 03, 2005


(Foto: Paulo Aroso Campos)

[lembro-me de ti]
as palavras sussurradas ao ouvido como quem grita,
o cheiro da tua pele, dos cabelos, que se sobrepõem ao ambiente envolvente.
[sinto a tua falta]
aquele sorriso, surpreso, acompanhado,
o olhar castanho, fundo de cumplicidade, de quem lê a alma.
[penso em ti]
A cada dia que passa como um vulto e que não vejo nem a tua sombra.
Vejo-te na rua (sem te ver), ouço a tua voz (sem te ver), ouço o teu nome (sem te ver)...
(Quero-te ver) Quero-te ver, voltar a sentir (a tua voz) [quero-te ver...], o teu cheiro, quando falamos, o toque das tuas mãos (a tua voz) nas minhas, o toque do teu olhar, a cumplicidade do sorriso [o teu toque]...


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

125 Azul - Trovante
(João Gil/Luis Represas)

Ouvi esta musica hoje na rádio. É uma das minhas preferidas dos Trovante e, por momentos, pareceu-me familiar: na voz, no trato, no travo, nos pensamentos, na saudade.
Sentimental, chamem o que quiserem. Eu chamo...
... não chamo, calo e sinto!
(Foto: Arco do Triunfo visto de La Défense, Paris 2004, Paulo Aroso Campos)

(Sei que algumas pessoas que lêem o blog acham enfadonho copiar letras de musica. Confesso que não é o que mais leio quando visito blogs alheios, a não ser que me diga qualquer coisa. Esta diz, e por isso não vou quebrá-la com pensamentos, imaginação ou divagações. Ficam no meu egoísmo, guardadas como murmurios que desperdiçarei em filmes e sonhos. No silêncio do sono ou no vislumbre de um olhar...)
Foi sem mais nem  menos
Que um dia selei a 12 5 azul
Foi sem mais nem menos
Que me deu para abalar sem destino nenhum

Foi sem graça nem pensando na desgraça
Que eu entrei pelo calor
Sem pendura que a vida já me foi dura
P'ra insistir na companhia

...
Talvez um dia me encontre
Assim talvez me encontre

...
Curiosamente dou por mim pensando onde isto me vai levar
De uma forma ou outra há-de haver uma hora para a vontade de
parar
Só que à frente o bailado do calor vai-me arrastando para o
vazio
E com o ar na cara, vou sentindo desafios que nunca ninguém
sentiu
...
Entre as dúvidas do que sou e onde quero chegar
Um ponto preto quebra-me a solidão do olhar
Será que existe em mim um passaporte para sonhar
E a fúria de viver é mesmo fúria de acabar
...
Foi sem mais nem menos
Que um dia selou a 125 azul
Foi sem mais nem menos
Que partiu sem destino nenhum
Foi com esperança sem ligar muita importância àquilo que a vida
quer
Foi com força acabar por se encontrar naquilo que ninguém quer


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quarta-feira, novembro 02, 2005

"Como no poço da morte
como no poço da morte
a gente roda e gira e gira
a gente joga tudo
a gente arrisca a vida
a gente roda e gira
rumo à terra prometida
e quando lá chegamos
já a encontramos revolvida
a terra que sempre se desejou
e que se deixa de reconhecer
no dia em que se vai p’ra lá morar"
Sérgio Godinho - Antes o poço da morte

Não consigo lidar bem com a morte. Não por medo mas pelo desconhecido, porque faz-me confusão perder-se tudo o que nos envolve e ir para um desconhecido - se é que existe este "mundo" desconhecido noutro lugar.
No antigo Egipto a morte e os mortos eram muito respeitados e todos tinham direito a um funeral digno, mesmo quem fosse criminoso ou quem fosse condenado à morte. Para um egipcio a morte total e completa era o apagar do nome da pessoa, fazendo com que esta caísse no esquecimento e não se perpetuasse nada do que tinha construido em vida. Durante o ritual de morte, em que os corpos eram embalsamados, o luto representava a transição pelas trevas que teria de ser vencida. Após esta passagem e do depósito da mumia no seu novo mundo, abria-se uma nova era que todos esperavam ser melhor que a anterior. Quanto ao morto, durante esse tempo, já teria passado pelo tribunal dos deuses que avaliariam se a sua conduta neste mundo seria digna de passar para um mundo melhor, uma outra vida, ou se mereceria ser apagado e ficar sem alma.
Sinto o dia dos finados como sendo um dia triste, em que se lembram os falecidos de uma forma depressiva, como se estes tivessem voltado a falecer. Compram-se flores, acendem-se velas, visitam-se tumulos, e perde-se o importante: relembrar e celebrar o que era e como era essa pessoa em vida; os bons momentos passados, a alegria, a presença... é assim que julgo que deva ser lembrado alguem que nos privou da sua presença. É lembrando as pessoas que adiamos o seu desaparecimento, uma vez que o físico é inadiável.
Não sei... possivelmente falo isto porque nenhum desaparecimento foi tão forte que abalasse as minhas convicções.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt