terça-feira, março 05, 2013

Manif's e afins.

Para muitos a manifestação de 2 março foi um sucesso; para outros um fiasco. Para outros passou ao lado. Mas para todos, independentemente de serem 50 mil nas ruas (como diz uma facção) ou 2 milhões (como diz a outra), não teve efeito absolutamente nenhum. Não acompanhei, não vi noticias, não fui nem quis ir, nem liguei. Para alguns era notório e legitimo que um governo que foi eleito democraticamente pela maioria não tem mais condições para governar; para outros não quer dizer nada.
Eu faço parte dos outros.
Não é por se juntarem 2 milhões nas ruas (ou 50 mil) que um governo perde legitimidade. Foi eleito para um mandato de 4 anos, e pode - e deve - adaptar o seu programa de governo ao sabor das marés. Da mesma forma que improvisamos quando deixamos queimar o jantar, ou quando nos enganamos no caminho e guardamos o orgulho de resolver sozinhos o embróglio. Só quem governa é que tem de ser imaculado?
Não.
Todos nós governamos. Ou as nossas vidas, ou temos um cargo de importância, ou temos um negócio ou seja o que for. Temos de ir pelo caminho que nos é permitido pelas circunstâncias, e não por aquele que desejariamos. Porque nunca é o que desejariamos.
Vejo muitos a apelar à revolução, a chamar nomes aos que não participam, a falar de invadir, de tirar a corja do poder. Ok, de certa forma têm razão. E quando alguns fazem o que falei acima (e vandalizam, e atiram pedras às autoridades, e tentam furar o cordão de segurança) a policia tanto aguenta que dá nos cornos a tudo quanto mexe, seja aos que desobedeceram (que normalmente fugiram à cobarde e deixaram o cacetete para o inocente), seja aos transeuntes pacificos que só se estão a manifestar. Depois queixam-se: "a malta quer fazer a revolução mas leva nos cornos. E somos tão pacificos!". Circunstâncias da vida. Tal como o governo, foram para um protesto pacifico, e por circunstancias da vida (justos ou não), acabaram por ter de improvisar. E muitos levaram nos cornos.
Todos clamam por direitos mas esquecem dos deveres. E é muito fácil culpar quem governa. E é muito fácil não fazer nenhum e queixar-se que faz isso porque o vizinho também não faz nada. É essa a nossa revolução. Fazer! Trabalhar, mostrar a quem manda que somos melhores que eles. A oposição deve mostrar um caminho, uma alternativa, trabalhar para ela! As pessoas devem exigir isso todos os dias. Seja aos politicos, seja aos chefes, seja a quem passa na rua e atira um cigarro para o chão, ou liga os piscas para ir à farmácia. Temos de trabalhar para ser melhores, e não nos queixarmos da mediocridade do vizinho do lado.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@gmail.com