segunda-feira, outubro 22, 2007

Estive a ler antigos posts deste meu blog - desde o primeiro em Novembro 2003 até aos de Abril 2004 - e lá encontrei esta musica "E depois do adeus", de Paulo de Carvalho.
Lendo bem com atenção (ou ouvindo) é das letras/poesias mais fantásticas que conheço. Tendo em conta o contexto histórico em Portugal e a importância desta musica neste contexto - foi uma das musicas que desencadeou a Revolução dos Cravos - torna-a muito mais apelativa e bonita.
A ouvir com atenção.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

sábado, outubro 20, 2007

A carta que não foi mandada

(Vinicius de Moraes)

Paris, outono de 73
Estou no nosso bar mais uma vez
E escrevo pra dizer
Que é a mesma taça e a mesma luz
Brilhando no champanhe em vários tons azuis
No espelho em frente eu sou mais um freguês
Um homem que já foi feliz, talvez
E vejo que em seu rosto correm lágrimas de dor
Saudades, certamente, de algum grande amor

Mas ao vê-lo assim tão triste e só
Sou eu que estou chorando
Lágrimas iguais
E, a vida é assim, o tempo passa
E fica relembrando
Canções do amor demais
Sim, será mais um, mais um qualquer
Que vem de vez em quando
E olha para trás
É, existe sempre uma mulher
Pra se ficar pensando
Nem sei... nem lembro mais



Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quarta-feira, outubro 17, 2007



Dia primeiro.
Ficou sem perceber como as coisas tinham chegado àquele ponto, mas a partir dali nada mais poderia fazer senão deixar correr. Não sabia tampouco o desfecho, inesperado. Tanto quanto a situação em que se tinha metido. Maneira que após dedicar várias horas e a noite anterior (dia zero) a pensar nisso tomou a decisão.
Arrisco.
Nas ruas o movimento estava normal. O tempo, a temperatura, amenos. Nada por aí além. Percorre as ruas pacatamente, ora a olhar para o relógio, ora a ver passar as pessoas por ele, ele pelas pessoas. Parou numa montra. Não que lhe interessasse o que lá estava (o que lá estava?) era apenas para não estar obececado a ver as horas. No relógio. No telemóvel.
Passou.
Dia correu em voltas pelas ruas agora vazias. Paragem aqui ali, café na esplanada olhar o tumulto. O silêncio.
Volta para casa na escuridão da alma, onde deixa o resto das horas (dia segundo menos qualquer coisa) em lágrimas.
Porque decidiu arriscar...
E não o fez.
E não sabe porquê.
Porque também não sabe como.
E chorou.
Até...

Dia segundo...