sábado, dezembro 31, 2005

2006

Começa com um dois, termina com um seis. No meio tem dois zeros que, como estão a meio de um numero, são significativos. Esta noite vai começar e termina daqui a 365 dias, mais coisa menos coisa.
Muito haverá para fazer e dizer sobre e em 2006, porém isso ficará para a devida altura. Por agora um pequeno desejo que espero se realize:
Um bom ano para todos, que seja sempre melhor que o anterior.
Até para o ano! (amanhã?!)

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

domingo, dezembro 25, 2005

Como prometido, o post sobre...

Uma figura típica, que aqui à uns anos fez furor na televisão por alturas do primeiro Big Brother dizia algo do género "a mãe dos meus filhos não vem aqui c'a boca", fazendo clara alusão ao sexo oral. Em Portugal o tema sexo ainda é um pouco tabu, e quando se trata de variações sexuais como o anal ou o oral, o tabu cresce mais e qualquer interveniente fica incomodado com o assunto. É óbvio que esta minha opinião não tem como interesse que cada um fale das suas experiências, mas apenas abrir um pouco as mentes sobre algo que é normalissimo.
Não vejo a nudez como um problema e muito menos o sexo como pecaminoso ou criminoso. Se temos sexo, se é notório que - como tudo na vida - o que se faz por amor ou por gosto ou por vontade, nos dá prazer, porquê não o fazer? O mais importante do sexo, na minha opinião, é a reciprocidade, é o prazer máximo que podemos ter dando prazer ao parceiro. Cada um conhece minimamente o seu corpo e sabe como retirar prazer dele em auto-satisfação. Porém o parceiro não conhece assim tão bem e necessita ser guiado; além disso o toque de alguém alheio é diferente do nosso toque, pois este é conhecedor, sente o que faz. O toque alheio não tem reacção directa pois se nos causar dor, o parceiro só terá essa noção porque a transmitimos.
O sexo oral é um pouco assim, fazendo uso das nossas capacidades sensoriais mais sensiveis: a zona genital e a oral, há uma acção mais directa e sensivel que durante o sexo tradicional e serve na perfeição como um preliminar calmo e que cresce de acordo com a nossa vontade ou necessidade. Além disso pode ser feito como activo/passivo ou ambos os parceiros activos (no conhecido 69), e é um excelente jogo para o sexo seguro pois permite que, num jogo sensual e durante uma acção preliminar se possa colocar o preservativo em equipa, tendo ambos os parceiros uma noção da importância da prática do sexo seguro.
Desde que a industria porno começou a atingir o seu auge, cada vez mais os homens fantasiam com o encontro de uma mulher bem depilada na zona genital. O homem nesse aspecto é bem menos liberal e por vezes não pensa que a mulher pode gostar ou fantasiar com a mesma coisa. A depilação da zona genital é algo que, sendo feito com especial cuidado por ser uma área muito sensivel, é extremamente interessante, tanto do ponto de vista visual - para o próprio e para o parceiro - como do ponto de vista sensorial e emotivo, porque toda essa zona torna-se muito mais sensivel ao toque, ao beijo. E torna o sexo, principalmente oral, muito mais interessante.

A minha intenção ao escrever sobre sexo não é ensinar ou chocar ninguém. É apenas uma opinião baseado na minha (pouca) experiência no assunto. Não é também aumentar o número de visitas pois estas são mais ou menos constantes (entre 6 a 8 pessoas por dia, dependendo das semanas). Tal como por vezes romanceio ou ficciono e em alguns casos considero o resultado final bastante interessante, ao não ter feed-back sobre o que escrevo torna um pouco dificil mais avaliações. Assim pretendo continuar a escrever, sem qualquer preconceito, sobre tudo o que me interesse.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

sábado, dezembro 24, 2005

Hoje estava a ouvir esta música, de um grupo que gosto bastante, e senti uma sensação de "déjà vu", aquele arrepio de premonição...
... de pensamento, talvez...
Leiam só este trecho... fantástico, não?

Audioslave - Yesterday to tomorrow
Beauty is what the eyes behold
And you burn brighter than most
I chased you thru the midnight streets
To be where I could speak freely
I didn’t care what tomorrow held
I felt the world turning only for us
Only bliss now for you and me
Rise up let life’s kiss send us reeling
And unlike the times before
From yesterday comes tomorrow
When life comes alive the past moves aside
No regrets and no remorse
We have more than everything
More than man or machine
More than luck
More than fiction
Higher than any religion

Feliz Natal para todos 8 leitores que visitam diáriamente o Contra-Natura (às vezes são seis: é apenas um número médio...)

[A não perder: próximo post sobre o porquê de Natal rimar com Sexo Oral]


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

terça-feira, dezembro 20, 2005

Friends

No outro dia uma amiga contou-me que estava a ter um caso com um amigo dela. Falou-me que a sua curiosidade era grande e que sempre que tinha oportunidade vasculhava o que podia dele. Tinha medo de ser enganada. Perguntei-lhe se, enquanto amigos, isso acontecia. Resposta negativa; perguntei-lhe se, uma vez que antes eram amigos e agora tendo um caso não deixariam de ser amigos (talvez até com mais intimidade), o que tinha mudado para haver essa mudança de atitude. A resposta foi vaga, apenas que agora tinha medo de ser enganada.
No outro dia uma amiga disse-me que estava meio chateada com uma grande amiga. Porque ela estava vaga, ausente, que sentia a falta dela, que não lhe dava atenção. Que estava a repensar a amizade com ela. Perguntei-lhe se lhe tinha dito o que pensava, ou se pensava dizer. A resposta foi vaga, apenas que sentia a falta dela.
No outro dia uma amiga disse-me que não precisava de ter muitos amigos para ser feliz. Já tinha poucos amigos mas bons; perguntei-lhe se esses poucos seriam suficientes ou se estaria aberta a conhecer mais pessoas e abrir o leque de amizades. A resposta foi vaga: conhecidos tinha muitos mas amigos bastava ter poucos e bem escolhidos.

Amigos são aqueles que ouvem aquilo que não gostam dos amigos, mas que perdoam porque sabem que é verdade, porque amigo ama amigo; é aquele que diz o que não gostamos de ouvir porque sabe que mesmo que seja brusco ou rude, é de coração e porque nos ama. Amigo não engana amigo, nem esconde, nem trapaceia, nem trai. E amigo não desconfia que amigo engane, minta, esconda, trapaceie ou traia. É um código de conduta normal e intrinseco. E consciente.
A amizade não se altera com o tempo, com a intimidade, com o sexo, com a companhia, com o amor. Não tem prazo de validade, dura o tempo de uma vida, de duas, de várias.

Pelo menos essa é a minha opinião.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
George W. Bush

Na conferência de imprensa anual como retrospectiva do ano 2005, nos EUA, o presidente George W. Bush admitiu que foram efectuadas escutas telefónicas ilegais, sem o consentimento do Tribunal. Para ele isso não é errado, o que é errado é que este assunto tenha sido tornado publico e chegado aos olhos dos americanos (e do mundo).

Eu acho que ele tem razão, afinal se não se tornassem públicos casos de tortura, abuso sexual, crimes, guerras civis, golpes de estado, chacinas e valas comuns (para não citar outros casos) o mundo (ignorante) não seria muito mais feliz?

[Como deve ser triste a imaginação deste senhor...]

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

sábado, dezembro 17, 2005

Olhar o infinito, virado para o ocidente

Quando se ama alguém nunca nos apercebemos como a vida é frágil. E curta. Para mim aquela pessoa é imortal e sei que estará ali sempre quando acordar, quando me deitar.
Porém a realidade é dura e cruel e quando menos nos apercebemos, damos pela falta dela. Num ápice. E assalta a cabeça todas aquelas palavras que deveriamos ter dito e não dissemos; o tempo que poderiamos ter passado a mais, os carinhos, o amor a dar... enfim, aquele sorriso e a gargalhada que esperamos ouvir, seja porque motivo for.
E ontem ficou muito por dizer, tanto porque cheguei a casa quase de manhã, depois de uma festa; e porque nas ultimas semanas só de relance via e falava com tanta gente que amo, que a ideia de amanhã não mais as ver nunca mas nunca me passou pela cabeça. Até perceber a dura realidade. E o sofrimento que causa em todos.
Chorei por ti, avó, num momento de fraqueza e carência. Por saber que não te voltaria a ver. Mas foi um momento, pequeno, porque também tenho direito de o ter. Passado esse momento foi hora de levantar a cabeça, colocar na memória mais longa a tua imagem e as tuas palavras, conselhos e carinhos no coração. Para que estejas sempre ali, sempre que precise de sabedoria, amor, sapiência, simplicidade, ou para sentir o sabor da broa tão especial que fazias com tudo o que tinhas.
Até ontem eras uma mulher imparável e incansável. Espero um dia ser como tu e conseguir passar isso para os meus filhos e netos. Afinal avó é mãe a dobrar!
Agora sim estás em paz; agora sim podes descansar e continuar a proteger quem amas, daquela forma especial como sempre fizeste. Seja onde for que estejas [claro que passaste pelo julgamento dos deuses com distinção!]...

Até breve...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

Até Sempre, avó Alice!(Góis, 15 Agosto 2004)


"E hoje a noite não tem luar

E eu estou sem ela

Já não sei onde procurar

Não sei onde ela está

Hoje a noite não tem luar

E eu estou sem ela

Já não sei onde procurar

Onde está meu amor?"

Hoje a Noite não tem Luar
Letra: A. MonroyFernandez/C. Villa de La Torre

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Lua cheia hoje

Já alguem olhou hoje para o céu e viu tamanha beleza, tal iluminação?

O show está começando
O show está começando

Anote tudo que puder

Anote tudo que ver

Não se sabe o que sucede

O que pode acontecer


Detalhes fazem a diferença

Detalhes fazem toda diferença

E bobagem, já é tarde, esqueça
...
Na Frente do Reto, O Rappa

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Holocausto

Para a Igreja Católica o Holocausto nunca existiu, ou nem é falado. O presidente ultra-conservador iraniano colocou as suas dúvidas na existência de um Holocausto.
Afinal não há assim tantas divergências entre os conservadores islâmicos e católicos...

Na sua comunicação parece que propôs que o estado de Israel mudasse para a Europa... Será que eles querem trocar?

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
"Ciao" Chico...

Furlani, Chico, Ceará, Pantanal. E as diversas festas na famosa Casa do Eça, onde viveu Eça de Queiroz enquanto estudante em Coimbra. Há sempre pontos de partida em cada movimento que se faz e este é mais um. Agora o Chico vai para Itália - Piza - cursar mestrado em Direito e deixa a vida académica de Coimbra (fisicamente, não em espírito).
Como ele muitos outros o fazem, para mais longe, para mais perto - ainda à cerca de um mês foi a despedida dificil da Vivi... - mas para os amigos, os mais chegados, a "família", qualquer despedida é dificil e há sempre mais emoção.
Conheço melhor este grupo de brasileiros desde o verão, como clientes no café General (onde trabalho), e facilmente me acolheram como companhia nas noitadas. Não convivo com eles à tempo suficiente para sentir a falta ao ponto de chorar, mas confesso que estas despedidas, à medida que se vai conhecendo melhor as pessoas, tornam-se cada vez mais dificeis.
À la prochâine, Chico, bon courage!
[aquele abraço]

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Pedaços...

Hoje leram-me a sina. Por brincadeira. Não acredito. Acho interessante o resultado:
"Confusão de linhas, emaranhado. Vida pouco longa, possivelmente não passarei dos 40. Um casamento que não durará muito tempo (acho óbvio, uma vez que não passarei dos 40...)".
Não tem nada a ver, mas acho que hoje esta música faz todo o sentido. [hoje, ontem e amanhã... retrato(s) de vida]

Sum 41 - Pieces

I tried to be perfect
But nothing was worth it

I don’t believe it makes me real

I thought it’d be easy

But no one believes me

I meant all the things I said


If you believe it’s in my soul
I’d say all the words that I know

Just to see if it would show

That I’m trying in to let you know

That I’m better off on my own


This place is so empty
My thoughts are so tempting

I don’t know how it got so bad

Sometimes it’s so crazy

That nothing can save me

But it’s the only thing that I have

If you believe it’s in my soul
I said all the words that I know

Just to see if it would show

That I’m trying in to let you know

That I’m better off on my own


On my own

I tried to be perfect

It just wasn’t worth it

Nothing could ever be so wrong

It’s hard to believe me

It never gets easy

I guess I knew that all along

If you believe it’s in my soul

I’d say all the words that I know

Just to see if it would show

That I’m trying in to let you know

That I’m better off on my own



Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Pintar um quadro

Com uma tela em branco, e um pincel limpo, pinto um quadro a pinceladas de realidade. De cores vivas uso um fundo de observação, um traço de verdade e um circulo de alegria. Com os amigos faço um quadrado que envolve o circulo. No canto superior esquerdo deixo um ponto de solidão, no direito uma flor pintada de saudade; prefiro não sujar o pincel com tristeza, doença ou morte: deixarei para outros quadros futuros.
Olho de longe para o que pintei. Parece-me que tem tudo... terá? Sinto o circulo muito pequeno, muito vazio. Desenho então um rosto: os olhos pintados de amor, a boca de sensibilidade, o nariz de emoções e as orelhas de melodia. Só as orelhas ficam de fora do quadrado, o que até faz sentido.
No canto inferior direito assino a sangue, o esquerdo com umas gotas de silêncio para terminar um trabalho de imaginação.
Pendurei na minha sala. Na minha imaginação.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Crucifixos

A semana passada D. Albino Cleto, personalidade das mais altas hierarquias da Igreja Católica (perdoem-me a ignorância mas não faço a minima ideia qual o seu posicionamento correcto na hierarquia) criticou, numa cerimónia, o facto de o Ministério da Educação ter pedido a algumas escolas para retirarem os crucifixos das salas de aula. Falou ele, no sermão citado pelos jornais, que as escolas devem, pelo seu sentido cultural, divulgar os caminhos e ensinamentos cristãos e de Jesus Cristo. Nesse caso pergunto: para que servem as catequeses?
Portugal é um estado laico, segundo a constituição, que é a lei fundamental de qualquer país. É óbvio, e acho que ninguém põe isso em causa, que a Igreja teve um papel na Europa - para bem e para mal - que não deve ser esquecido. Acho que nada deve ser apagado da memória colectiva e defendo que todos os traços históricos (inclusivé estátuas de ditadores, obras de arte, etc) devem permanecer para que as pessoas conheçam o passado e queiram conhecer mais. Mas daí a que um local público apresente simbolos religiosos só porque representam um legado histórico, é pedir um pouco demais. Afinal Salazar também é um legado histórico e não há fotos nas salas de aula; os sucessivos governantes a mesma coisa... há inclusivé escolas que nem sequer têm a bandeira de Portugal!
Noutro aspecto D. Albino Cleto falou que a Igreja sempre respeitou as outras religiões... bom... religiões chamadas pagãs, de vários deuses, como a romana, a egipcia... as cruzadas, a inquisição... acho que comprovam as palavras deste senhor.

Os meus familiares directos são católicos e foi nessa base que fui educado. Nada tenho contra os seus devotos, nem contra quem acredita. É um direito que lhes assiste e que respeito tal como gosto de ser respeitado enquanto agnóstico. Ao longo do tempo, e de alguma curiosidade, fui constatando que muito da educação moral que é "vendida" como sendo cristã já era praticada no Antigo Egipto, cerca de 3000 anos antes da criação de uma religião comercial: actos como a rectidão, a ajuda aos mais necessitados, a partilha com o próximo, viver em harmonia faziam parte de uma "lei fundamental" conhecida como lei de Maat.
Acho também interessante que a Igreja recuse a homossexualidade nas suas escolas de teologia. Afinal se os futuros prelados se vão dedicar completamente a Deus, sem qualquer contacto intimo, fisico ou sentimental, o que interessa se são homo ou hetero?

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Earth... quick?!

(fonte: www.meteo.pt)

Não senti...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

terça-feira, novembro 29, 2005

"Às vezes se eu me distraio
Se eu não me vigio um instante
Me transporto pra perto de você
Já ví que não posso ficar tão solta
Me vem logo aquele cheiro
Que passa de você pra mim
Num fluxo perfeito
E enquanto você conversa e me beija
Ao mesmo tempo eu vejo
As suas cores no seu olho tão de perto
Me balanço devagar
Como quando você me embala
O ritmo rola fácil
Parece que foi ensaiado...
"
(Equalize - Pitty)

Há musicas e frases e gestos e olhares e situações reais que parece que ilustram bem o que pensamos, ou que pensámos, ou que fazemos, ou que faremos...
...ou que apetece fazer...
Sei que o que tem significado para mim, nesta dimensão temporal, não fará sentido a ti, a ti e a ti. E mesmo que estivessem no mesmo contexto, são pessoas diferentes e interpretariam de um jeito diferente. Mesmo até que conhecessem a musica em questão.
Mas a questão fulcral é: será que isso interessa mesmo?
Será que vale a pena ler algo que não escrevi [mas que senti como se fosse a minha pele arrepiada] e que não me dirá nada (a não ser as conclusões que tiro do que penso e vejo e ouço, e escrevo o argumento e faço o filme)?
Digo já: não, não vale. Por isso esqueçam este pedaço de escrita - está irremediavelmente perdido na matriz, longe do olhar humano e sobre-humano. Seja ele quem for e qual for.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, novembro 28, 2005

It's oh so quiet (shh, shh)

Estou ausente por isso não escrevo; por vezes presente e leitor atento. Tenho dias de imaginação farta mas que não me dá para escrever, outros com missão de deixar palavras mas sem qualquer assunto.
Esgoto-me em pensamentos irreais e irracionais, em saídas extemporâneas, em desejos vagos e a dormir e sonhar [sonhos cada vez mais reais...].
Perco a respiração porque fantasio em sonhos. Em pesadelos.
Incomodo.
Mantenho o silêncio.
Mentira...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quarta-feira, novembro 23, 2005

Sexo verbal não faz meu estilo
Palavras são erros, e os erros são seus
Não quero lembrar que eu erro também
Um dia pretendo tentar descobrir
Porque é mais forte quem sabe mentir
Não quero lembrar que eu minto também

Eu sei
(Legião Urbana)

Feche a porta do seu quarto
Porque se toca o telefone pode ser alguém
Com quem você quer falar
Por horas e horas e horas
A noite acabou, talvez tenhamos que fugir sem você
Mas não, não vá agora, quero honras e promessas
Lembranças e histórias
Somos pássaro novo longe do ninho

Leio nos teus olhos aquilo que não me dizes por palavras. Ou que me negas, e que travas lutas interiores para que isso não se veja.
Não se fale...
... seja esquecido...
[seja esquecido...]

Eu sei

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, novembro 21, 2005

Interessante!

Recebi um mail de uma mailling list que tinha uma cópia deste artigo de João César das Neves, cujo título é sugestivo: "O país que não devia ser desenvolvido"
Acho hilariante e tem tudo aquilo que muitos de nós já sabiamos, mesmo que na brincadeira. No entanto é preocupante, porque pode-nos terminar a sorte (ou haver uma lei de Murphy que contrarie o desenvolvimento...)
Não transcrevo por ser muito grande, mas será interessante fazer uma visita!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Desejos

- Ontem estive à espera que aparecesses...
- Estou à tua espera desde o início da semana...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

sexta-feira, novembro 18, 2005

Vontade de te dizer baixinho ao ouvido:
"Gosto de ti!"


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quinta-feira, novembro 17, 2005

Senhor Presidente da Republica?

Já repararam que o Dr. Mário Soares, sempre que fala numa qualidade que deve ter um presidente da republica, tem o cuidado de seleccionar todas aquelas que não tem?

Que o Dr. Cavaco Silva tem na eloquência do Dr. Mário Soares o seu maior cacique eleitoral?

Como o unico lúcido dos candidatos em idade de reforma é um poeta?

Que o único que sabe dançar é o Jerónimo? (acho que o Garcia Pereira também dá um arzinho da sua graça...)

E que, em 5 candidatos principais temos: 2 ex-primeiros ministros, 1 ex-presidente da républica, 3 ex-candidatos derrotados, 1 poeta, 2 economistas, 1 operário, 1 advogado, 1 vice presidente da Assembleia da Republica, 2 amigos, 1 afónico e nenhum padre, democrata cristão, ou mulher? Onde estão as Marias de Lurdes Pintassilgo?

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
"Dicas de sexo no seu telemóvel"?!

Vejo com alguma curiosidade aqueles anuncios da tv em que, enviando uma mensagem para um número, nos enviam uma dica de sexo para alimentar a vida sexual. Tendo em conta que algumas mensagens mais longas que recebo não estãop completas, permito-me fazer um pequeno juízo:
" Obrigado por pedir uma dica sexual para o 6969! A nossa dica de hoje passa pelo seguinte: compre uma garrafa de vinho, prepare uma refeição, ou compre-a, e um jantar à luz de velas. Quando o/a seu/ua parceiro/a chegar ** algum texto em falta**".

Afinal quem é f*d*d* é quem quer a dica...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Na rubrica "Se eu fosse Deus"...

... teria um mecanismo para dar pequenos choques electricos aos humanos (meus filhos) sempre que eles dissessem algo realmente parvo ( e que não tivesse qualquer sentido de humor).


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, novembro 14, 2005

Dois corpos, sexos diferentes. Uma praia, o anoitecer. Mar sereno, som suave. Em silêncio, sentados na areia, observam o infinito, o sol a repousar no mar, calmamente, carinhosamente. Subindo pelo céu o azul torna-se mais escuro e as primeiras estrelas já começam a brilhar, a olhar.
Ela deita-se para trás e fica a olhar para as estrelas. Ele suspira. Ele fala.
- Não achas que quanto mais desejamos algo, mais dificil se torna esse desejo ser possivel?
[silêncio]
- Não sei, nunca tinha pensado nisso... talvez...
- Tipo [insiste ele] sabes quando queres encontrar alguém e procuras, nunca encontras?
[silêncio]
Ele deita-se de lado, virado para ela, que continua a olhar o céu, azul mais escuro.
- Talvez... [vira-se de lado e fica de frente para ele] porque pensas nisso?
- Não sei, passou-me pela cabeça. Estava a ouvir o mar e a pensar... em nada...
[pausa]
Ele deita-se agora. Pensa que realmente não é muito lógico o que acabou de perguntar. Fecha os olhos e ouve o mar, e...
- E se pudesses alterar isso? - diz ela.
- Hã?!
- Se pudesses concretizar isso que tanto desejas, se tornasses mais fácil ele se tornar realidade, serias capaz de o fazer?
- Hum... [pausa]... não sei... acho que não teria coragem...
[silêncio]
- [continua] poderia estar a limitar a liberdade de alguém para que se concretizasse o meu desejo...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quinta-feira, novembro 10, 2005

[Som gutural interno (impossivel não o expressar)] - como que um grito surdo que cala o silêncio interno. A zumbir nos ouvidos...
Êpá, Foda-se!!!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
"I tried so hard and got so far
But in the end, it doesn't even matter
I had to fall to lose it all
But in the end it doesn't even matter"
In the End - Linkin Park
(foto: passagem dia/noite, vista do espaço)
Deambular, passear, registar
Dia. Deitar com o sol já no alto. Dormir. As poucas horas que me restam até ao acordar. Com sol no alto. Olhos semi-cerrados da falta de dormir, cansados mas abertos com gosto.
Prazer. Sensação de deleite, aquele friozinho de outono e o sol quente - que não dura mais para lá das 17 horas - a bater no rosto... a sensação de calor presente, abrangente.
...
Passa-se o dia. Vem a noite. Sem pensar, a pensar - sonhos acordados de pateta que não dorme nem sonha, a não ser acordado [Acorda!].
Passou. Triste, lentamente, o olhar fixo no relógio, a contar os ponteiros para o final da noite. Aquele olhar para o céu, para cada Deus que olha fixamente da sua janela de luz e que troça com a fraqueza humana.
Deuses, observadores não intervenientes. Existeis, pois, mais que na consciencia da pobreza de espirito humano, ou, de facto, esses holofotes que apontais às almas do comum são aquele ponto priveligiado de retiro, observação e anotação.
Espero ver esse registo na passagem (breve) pela morte. Entretanto há tanto e tanto para viver!...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quarta-feira, novembro 09, 2005

(Eta Carinae - Hubble. Crédito: NASA e Jon Morse, Universidade do Colorado.)
Notícia no Portal do Astrónomo:

Eta Carinae tem uma companheira quente

Pergunta:
Quem não gosta de ter?

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

domingo, novembro 06, 2005

Private "joke"

Inicio... [a luz, olhos nos olhos]
"Vampiria, you are my destiny
My only Love and true destiny
Vampiria...
Como tudo começa, nos filmes, na realidade. Aquele suspiro e sorriso juntos do segundo que parece uma hora e a hora é um "clic" (que passou num segundo, num suspiro...).
A espera, eterna, de ser contemplado. Sentir o que sentem os deuses e as criaturas do mal ao sabor de sangue quente, fresco (como quem prepara e selecciona a próxima vitima) [cautelosamente]... com o tempo.
[com o toque frio que faz calor]
calor...
o final [a sombra, olhos nos olhos]
Depart now on your bright wings
The world envy
The skies have always seduced you
Precious Queen
and you know your time has come
To fly away with Me, so far..."
Moonspell - Vampiria

E os comentários?!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quinta-feira, novembro 03, 2005


(Foto: Paulo Aroso Campos)

[lembro-me de ti]
as palavras sussurradas ao ouvido como quem grita,
o cheiro da tua pele, dos cabelos, que se sobrepõem ao ambiente envolvente.
[sinto a tua falta]
aquele sorriso, surpreso, acompanhado,
o olhar castanho, fundo de cumplicidade, de quem lê a alma.
[penso em ti]
A cada dia que passa como um vulto e que não vejo nem a tua sombra.
Vejo-te na rua (sem te ver), ouço a tua voz (sem te ver), ouço o teu nome (sem te ver)...
(Quero-te ver) Quero-te ver, voltar a sentir (a tua voz) [quero-te ver...], o teu cheiro, quando falamos, o toque das tuas mãos (a tua voz) nas minhas, o toque do teu olhar, a cumplicidade do sorriso [o teu toque]...


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

125 Azul - Trovante
(João Gil/Luis Represas)

Ouvi esta musica hoje na rádio. É uma das minhas preferidas dos Trovante e, por momentos, pareceu-me familiar: na voz, no trato, no travo, nos pensamentos, na saudade.
Sentimental, chamem o que quiserem. Eu chamo...
... não chamo, calo e sinto!
(Foto: Arco do Triunfo visto de La Défense, Paris 2004, Paulo Aroso Campos)

(Sei que algumas pessoas que lêem o blog acham enfadonho copiar letras de musica. Confesso que não é o que mais leio quando visito blogs alheios, a não ser que me diga qualquer coisa. Esta diz, e por isso não vou quebrá-la com pensamentos, imaginação ou divagações. Ficam no meu egoísmo, guardadas como murmurios que desperdiçarei em filmes e sonhos. No silêncio do sono ou no vislumbre de um olhar...)
Foi sem mais nem  menos
Que um dia selei a 12 5 azul
Foi sem mais nem menos
Que me deu para abalar sem destino nenhum

Foi sem graça nem pensando na desgraça
Que eu entrei pelo calor
Sem pendura que a vida já me foi dura
P'ra insistir na companhia

...
Talvez um dia me encontre
Assim talvez me encontre

...
Curiosamente dou por mim pensando onde isto me vai levar
De uma forma ou outra há-de haver uma hora para a vontade de
parar
Só que à frente o bailado do calor vai-me arrastando para o
vazio
E com o ar na cara, vou sentindo desafios que nunca ninguém
sentiu
...
Entre as dúvidas do que sou e onde quero chegar
Um ponto preto quebra-me a solidão do olhar
Será que existe em mim um passaporte para sonhar
E a fúria de viver é mesmo fúria de acabar
...
Foi sem mais nem menos
Que um dia selou a 125 azul
Foi sem mais nem menos
Que partiu sem destino nenhum
Foi com esperança sem ligar muita importância àquilo que a vida
quer
Foi com força acabar por se encontrar naquilo que ninguém quer


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quarta-feira, novembro 02, 2005

"Como no poço da morte
como no poço da morte
a gente roda e gira e gira
a gente joga tudo
a gente arrisca a vida
a gente roda e gira
rumo à terra prometida
e quando lá chegamos
já a encontramos revolvida
a terra que sempre se desejou
e que se deixa de reconhecer
no dia em que se vai p’ra lá morar"
Sérgio Godinho - Antes o poço da morte

Não consigo lidar bem com a morte. Não por medo mas pelo desconhecido, porque faz-me confusão perder-se tudo o que nos envolve e ir para um desconhecido - se é que existe este "mundo" desconhecido noutro lugar.
No antigo Egipto a morte e os mortos eram muito respeitados e todos tinham direito a um funeral digno, mesmo quem fosse criminoso ou quem fosse condenado à morte. Para um egipcio a morte total e completa era o apagar do nome da pessoa, fazendo com que esta caísse no esquecimento e não se perpetuasse nada do que tinha construido em vida. Durante o ritual de morte, em que os corpos eram embalsamados, o luto representava a transição pelas trevas que teria de ser vencida. Após esta passagem e do depósito da mumia no seu novo mundo, abria-se uma nova era que todos esperavam ser melhor que a anterior. Quanto ao morto, durante esse tempo, já teria passado pelo tribunal dos deuses que avaliariam se a sua conduta neste mundo seria digna de passar para um mundo melhor, uma outra vida, ou se mereceria ser apagado e ficar sem alma.
Sinto o dia dos finados como sendo um dia triste, em que se lembram os falecidos de uma forma depressiva, como se estes tivessem voltado a falecer. Compram-se flores, acendem-se velas, visitam-se tumulos, e perde-se o importante: relembrar e celebrar o que era e como era essa pessoa em vida; os bons momentos passados, a alegria, a presença... é assim que julgo que deva ser lembrado alguem que nos privou da sua presença. É lembrando as pessoas que adiamos o seu desaparecimento, uma vez que o físico é inadiável.
Não sei... possivelmente falo isto porque nenhum desaparecimento foi tão forte que abalasse as minhas convicções.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

sexta-feira, outubro 28, 2005

"Tento ter a força para levar o que é meu
Sei que às vezes vai também um pouco de nós
Devo concordar que às vezes falta-nos a razão
Mas nego que há razões para nos sentirmos tão sós
Vem fazer de conta, eu acredito em ti
Estar contigo é estar com o que julgas melhor
Nunca vamos ter o amor a rir para nós
Quando queremos nós ter um sorriso maior "
Da Weasel - Casa (vem fazer de conta)

Conhecemo-nos assim - olhares vagos dispersos na escuridão da madrugada - como que por acaso, perdidos na infinita loucura dos corpos, embriagados pelo liquido proibido. Palavras faladas pela retina, pelo sorriso, pelo sussuro de um nome escutado doce na enormidade de som que explodia das colunas, da festa.
Novo sorriso. Nos lábios, no olhar. Copo à boca (copo à boca) e "ofereço-te uma bebida", assim simples, novamente quase tocando com os lábios no ouvido, o arrepio nas costas, nos pêlos dos braços nús. Novo sorrir de olhos e concordância de cabeça.
Primeira união da madrugada, o toque de mãos para não se perderem na multidão (o toque de mãos...) [aquele arrepio!], o guiar pelo meio do publico frenético pelo alcool, pelo som, pela festa.
Num local mais calmo puderam conversar, palavras de circunstância que soavam a mutuo interesse, a mutua vontade.
Encostam-se os corpos, beijam-se as almas. Amanhã é outro dia e nenhum se lembrará do passado, aproveite-se o presente!, o afrodisiaco momento, o quase contacto dos lábios a imitar o beijo do olhar, o primeiro olhar.

É tão belo observar com atenção o desenrolar do primeiro contacto; imaginar o decorrer e poder observar a progressão da imaginação. Quase como se vosse realidade, como se fosse um dos personagens.
Mas que não pode tocar.
Mas que não pode ser tocado.
Nem com o olhar. (nem com o olhar...)
[cumplicidade]
[Som mudo]
Voltar à realidade.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quinta-feira, outubro 27, 2005

Site do cancro da mama

Recebi este mail e achei interessante divulgar a mensagem:

O Site do cancro da mama está com problemas pois não têm o nº de acessos e cliques necessários para alcançar a quota que lhes permite oferecer 1 (uma) mamografia gratuita diariamente a mulheres desprivilegiadas.

Demora menos de um segundo para ir ao site e na tecla cor de rosa que diz:

Free Fund Mammograms.
Isto não custa nada... "

Aqui está o Website:
http://www.thebreastcancersite.com


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, outubro 24, 2005

O autocarro das 7 da manhã
e
uma tampa das bocas de incêndio
e
Moonspell rules!!!

Ciao.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Latada

Chegar de manhã a casa, sem dormir e embriagado. Um saco de pão que, por artes mágicas, se transforma numa pomba. O riso despregado. Dormir, dormir com vontade e sem saber porquê ou como. A dor de acordar ainda como se a noite e o alcool não tivessem acabado (bebe-se em sonhos? embebeda-se em sonhos?). A dor de cabeça...
A ressaca de mais - ou menos - um dia na vida, no mundo.
Aspirina? Ó Paulo Ó Paulo Ó Paulo Ó Paulo são mais 13 finos Ó Paulo Ó PauloÓ PauloÓ Paulo...
O caminho pedestre para o parque.
Malta bebeda, amigos, encontros e desencontros, cerveja, boémia, Bohemia, mulheres bonitas, malta chata e bebeda, bebidas, gente, não se consegue andar...
Amigos, brincadeira, viagem de carro com mais alcool no sangue do que o chefe da Policia.
Manhã. Não vi a lua, vejo a luz do sol. Olhos semi-cerrados. Comer. Pôssa, pôfa, o canguru, o macaco, os Xutos e Pontapés...
O saco do pão que se transforma em pomba, qualquer coisa que se transforma em pomba.
E em risos e gargalhadas...
... e ainda faltam 3 noites!

F - R - A!!!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quarta-feira, outubro 19, 2005

Sentiram-se mutuamente por almas e sentidos invisiveis mesmo sem olharem para o outro.
Ele entra na sala, calmo, encontra-a, física, a conversar com outro aluno. Coloca-se no final da sala à espera que ela o encontre. Sorri para os outros que não o conhecem mas que sentem uma familiaridade crescente.
Ela conversa com um aluno enquanto se prepara para começar a sua aula. Sente aquela presença especial mas não se distrai ou desloca o olhar - apenas segue aquela presença com a alma infinita, que se levanta, incorpórea, e segue aquele - e continua a conversa. O sorriso brilha quando sentiu aquele som imortal de presença, o calor na alma e no coração e nos sentidos.
Ela chega-se a ele.
Caminha o caminho que falta para a proximidade fisica apenas guiada pelo olhar dele, que a guia, desviando-se instintivamente de todo e qualquer obstáculo porque à frente dos olhos presos um no outro nada há que possa impedir.
Aquele encontro tímido e nada revelador. Beijo na face, dá ela; quente daqueles lábios, sente ele. A pele de ambos arrepia-se. A voz do "estava à tua espera, que bom que vieste" nunca soou tão doce; a voz do "sabias que não te faltaria por nada" nunca soou tão doce. Sorri o olhar, aquece o corpo e o sentido físico de ambos, agora sós naquele pequeno mundo que apenas os engloba, a meio braço de distância de um abraço impossível, porque escondido.
O desejo estava lançado. O suspiro guardado durante tanto tempo, tanto olhar, tanta admiração, estava prestes a dar espaço ao encontro fisico e explanação do prazer máximo.
O sopro.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Lua cheia
...
o cheiro de festa
...
o final do mês
...
animação crescente
...
ver aquele ar desolado, o olhar triste e pensativo de quem está apaixonado mas ,
e carente,
e sem vontade...
mundo dos sonhos não é apenas uma alternativa mas uma realidade.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

sábado, outubro 15, 2005

Na rubrica "Piropos à macho", o Contra-Natura orgulha-se de apresentar...

... a mais recente. Eis:

"Uns aquecem o forno e outros cozem a broa!"

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

terça-feira, outubro 11, 2005

Pior que um autarca arguido...

...é um candidato à presidência da Republica que não sabe o que é sentido de democracia!

Já é a segunda eleição consecutiva que Mário Soares faz declarações impróprias, que são consideradas criminais pela CNE.
Será que desta vez a multa é superior ao valor de um cheque?

(Como é possivel um dos maiores e com mais apoiantes partidos políticos portugueses possa apoiar um candidato assim à Presidência da Republica, que demonstra tanto em senilidade quanto em declínio de serviço de estado? Afinal não estamos numa época de dificuldades?!)

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Essência de Português

Não me escandalizou que Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro ou Isaltino Morais tivessem ganho com maioria absoluta; não me escandalizou que os seus partidos não os apoiassem em favor de uma nova forma de estar na política. Escandaliza-me, isso sim, que o povo saiba, e mostre, que o mal triunfa sobre o bem, ou seja, que para se ser alguma coisa em Portugal, quando não se está no centro das atenções (como as grandes cidades Lisboa e Porto), tem de se ser corrupto, usar influências com grandes fundos monetários, e roubar o Estado para que todos contribuímos.
E isto porquê? Porque a diferença entre o que se rouba ao total da população de um país comparado com o que se vai roubar da população de determinado local é bem menor; e porque se rouba a muitos para favorecer poucos - os que vivem naquele local.
Desde cedo se faz isso e desde cedo muitos o invocam, como Miguel Sousa Tavares que, ao longo dos tempos vem alertando para o litoral algarvio e alentejano (este não tanto, felizmente!) que é roubado a todo um país para criar uma industria turistica pobre e virada somente para o lucro fácil, sem qualquer contrapartida, sem qualquer qualidade. Neste caso são roubadas praias, dunas e qualidade de vida ao cidadão português em detrimento do comerciante e especulador imobiliário algarvio.
Acho que é este caso o mais grave que alcançou a vitória nestas autárquicas. É que apesar de os caciques-mor, vulgo partidos políticos principais, se tenham afastado dessas candidaturas, o povo soube mostrar que estava bem informado; que não precisa de partidos políticos para aprender as falcatruas e aprender a ver quem lhe dá mais, nem que seja pela porta do cavalo.
É por estas razões que Portugal não evolui numa Europa dos 25: porque, tal como o africano, procura sempre o eldorado no clandestino em vez de apostar na qualificação legislada.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, outubro 03, 2005



Como nos tornamos Fogo

(How we became fire, musica Moonspell)

Do fogo nos tornamos cinza, impotentes. Corpo ardente escaldante, queimado de água fria. Apagado, chamuscado. O cheiro a grelhado, a carne queimada... desejo. O fogo.

how we became Fire?
slaves to the smaller Desire
of ignoring wrong and right

when we could have been water
the shape of all things
the end of all things

O sonho que queima a tua imagem - o proibido - que não me sai da cabeça.
Nem que a corte.
Golpe, corta, golpe, serra, sangue, sangue.
Indolor.

burning with you
at once the grace
and the curse

Sonhos destroem almas, como fogo queima mato. Fogo queima almas como sonhos destroem matos.
Sonhos maus, projecto maus. Enriquece o mau e castiga o bom.

how we became Fire?
when we could have been earth
the ground you sleep,rest in

when we could have been air
follow you everywhere

burning with you
at once the grace
and the curse

how we became Fire ?
slaves to the greater Desire
of enlighten you and I
of saving you and I

Destrinço o bem do mal com a lâmina do machado, suspeitando que queimando o sonho e cortando o mal me torne o próprio.
Que queima, que destrói.
O fogo.
O mal.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
A típica e velha historia da sedução, do maldoso rapaz pela inocente menina. Será que é mesmo assim que se passa?

Formato mínimo
Skank
Começou de súbito
A festa estava mesmo ótima
Ela procurava um príncipe
Ele procurava a próxima

Ele reparou nos óculos
Ela reparou nas vírgulas
Ele ofereceu-lhe um ácido
E ela achou aquilo o máximo

Os lábios se tocaram ásperos
Em beijos de tirar o fôlego
Tímidos, transaram trôpegos
E ávidos gozaram rápido

Ele procurava álibis
Ela flutuava lépida
Ele sucumbia ao pânico
E ela descansava lívida

O medo redigiu-se ínfimo
E ele percebeu a dádiva
Declarou-se dela o súdito
Desenhou-se a história trágica

Ele enfim dormiu apático
Na noite segredosa e cálida
Ela despertou-se tímida
Feita do desejo a vítima

Fugiu dali tão rápido
Caminhando passos tétricos
Amor em sua mente épico
Transformado em jogo cínico

Para ele uma transa típica
O amor em seu formato mínimo
O corpo se expressando clínico
Da triste solidão a rúbrica

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quinta-feira, setembro 29, 2005

Instituto de engenharia do Porto cria fundo para ajudar alunos a pagar propinas


Na Universidade de Coimbra foi criado um fundo de apoio ao estudante, em reunião de Senado (as mesmas reuniões que eram boicotadas por estudantes, e em que os Professores Doutores fizeram panelinha para os alunos pagarem a propina máxima) de Novembro de 2004. Esse fundo, gerido pelos Serviços de Acção Social por já terem experiência no caso das Bolsas de Estudo, tinha prazo de candidaturas até 10 de Março. Posteriormente esse prazo foi alargado porque, segundo funcionários dos SASUC, tinham havido poucas candidaturas.
O apoio apresentado é de cerca de 400 € e serve para apoiar os estudantes carenciados nas várias despesas que têm; foi introduzido tendo em vista o ano lectivo 2004/2005.
Estamos quase em outubro, o ano lectivo 2005/2006 está a começar; quem não tiver as propinas pagas não se pode matricular. O Fundo de Apoio ainda não divulgou as listas dos estudantes que recebem apoio e essas listas, segundo funcionários, só sairão durante o mês de outubro. Em desabafo a funcionária referiu não haver dinheiro...
Afinal para que serve o dinheiro das propinas e as promessas de apoios? Poderei pagar as minhas propinas alegando que, realmente, terei dinheiro para pagar mas neste momento não está disponível? Acho que não, que me mandam dar uma volta, ou pior, me cobram juros pelas minhas dívidas e acrescentam uma multa por não me ter matriculado no prazo.
Assim dá para perceber o porquê do Reitor ter perdido o epíteto de "Magnífico"!
(Chamar de Magnifico o Reitor é uma questão de tradição e praxe, e quando alguém tem esse cargo não pode ceder a pressões sejam elas quais forem. É como o presidente do Supremo Tribunal, Presidente da Republica, Primeiro Ministro e todas as profissões de responsabilidade. Quando ele cede a "panelinhas" de pessoas importantes dentro da universidade, tal titulo perde o valor e a tradição não se mantém.)

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, setembro 26, 2005

"Tribute"

[Spoken]
This is the greatest and best song in the world... Tribute.

Long time ago me and my brother Kyle here,
we was hitchhikin' down a long and lonesome road.
All of a sudden, there shined a shiny demon... in the middle... of the road.
And he said:
[Sung]
"Play the best song in the world, or I'll eat your soul." (soul)
[Spoken]
Well me and Kyle, we looked at each other,
and we each said... "Okay."
[Sung]
And we played the first thing that came to our heads,
Just so happened to be,
The Best Song in the World, it was The Best Song in the World."
Tribute - Tenacious D

Fito o negro que se condensa à minha frente; torna-se denso o nevoeiro em que caminham nos meus sonhos. As imagens são apenas miragens, tributos. Sensações vãs que não são mais que finas particulas de denso nevoeiro e que nada significam. Nem aos meus olhos, nem aos teus, nem aos de alguém que pudesse olhar bem fundo nestes sonhos.
...
Vou acordar.


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quinta-feira, setembro 22, 2005

"Caminha: candidato do PSD espancado à porta de casa", in Publico Online

Depois dos vários debates televisivos das autarquicas, em que as "brigas conjugais" são a unica coisa que se discute, do candidato Mário Soares a nova eleição de presidente e dos ultimos 4 governos em Portugal...
Estamos a perder os ultimos raios de democracia que restam do 25 de Abril... e tendo em conta que este tipo de coisas já acontecem em eleições para Associações Académicas (!) acho que também não se pode esperar muito da minha geração.
Quem é o proximo tirano?

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, setembro 19, 2005

"Há uma lei à qual obedecemos, e à qual todos os que estarão na nossa situação deverão obedecer, embora ninguém conheça a sua origem: o ser quer ser mais ser para poder continuar a ser, o poder mais poder para poder sobreviver."
História da guerra do Peloponeso, Tucídides

Li no jornal online o que aconteceu no debate para a Câmara Municipal de Lisboa, em que os candidatos em vez de anunciarem os seus programas, pontos de vista e tentar mostrar o porquê da sua candidatura ser melhor - e fazerem isto através de uma boa preparação retórica, respondendo às perguntas e levantando novas questões que os cidadãos passem todos os dias - passam o tempo todo do debate a apontarem defeitos de vária ordem ao adversário, ao seu partido, ao governo ou ex-governo ou a alguma situação que correu mal, ou esteja mal explicada, na governação autarquica anterior. E assim se passa o tempo de debate sem sequer surgir uma ideia nova senão ensinar aos mais novos como não se deve estar na política (ou como cidadão), e aplicando nos mais velhos uma nova injecção de abstenção.
No debate sobre Coimbra aconteceu a mesma coisa, com o sr. Victor Baptista a atacar o actual presidente e equipa sobre o problema dos incêndios na cidade, esquecendo-se que quando ele foi governador civil acontecera o mesmo e com uma câmara com a sua cor política. Infelizmente estas eleições mostram muito do que nunca se deve fazer para tornar a politica e os seus intervenientes como algo claro e de confiança - vejam-se as candidaturas de autarcas à revelia dos seus partidos e com acusações pendentes em tribunal. Infelizmente numero dois é ver que o proximo acto eleioral já está minado pela mesma incúria, ao ver-se que um dos candidatos presidenciais é um ex-presidente em dois mandatos, uma pessoa com bastante afeição popular mas que está velho e senil. Mas que tem um dos maiores partidos a apoiá-lo, o que se traduzirá num grande numero de apoiantes que depositam o seu voto por filiação e não por quererem realmente o melhor para o país.
Cada vez mais penso que nos debates televisivos deveria haver um juri, assim como há nos concursos do vários jogos da Santa Casa, em que avaliariam se o que é tratado é ou não importante para o espectador. Assim ao cair-se no insulto ou na pura demagogia, ou ainda na tentativa fraudulenta de fugir à apresentação de ideias acusando o anterior candidato de não ter feito nada, o debate seria liminarmente interrompido pelo apresentador.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

sábado, setembro 17, 2005

Esquece...

Janela. Vento que abafa o calor, cheiro de calor misturado com o vento. Dia. Não me lembro da ultima vez que estive em situação semelhante, de olhar no vazio, com as vozes a sobreporem-se uma à outra, e à outra, e à seguinte. Não lhes dou atenção, não as ouço... não quero.
Não tenho tempo para vos ouvir ou para reproduzir o que ouço (não tenho tempo não tenho tempo).
Mesmo.
O brilho do sol atravessa em pedaços pequeninos os buracos da persiana e dá ao quarto um aspecto de assombro. Ou acabei de acordar e é assim que te vejo.
Aqui ao lado.
Perfume de mulher.
Vestido de mulher.
Caio novamente na almofada. Decidi: ainda não acordei, não vale a pena esforçar mais o meu cérebro cansado de ter pouco tempo (não tenho tempo).
Volto a fechar os olhos...
Esquece...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quarta-feira, setembro 14, 2005

Bóia

Olho para o fundo do mar à medida que a corrente me vai levando para junto da praia. Estou de barriga virada para baixo e costas ao sol. Não porque me esteja a bronzear, estou apenas morto. No meio do oceano, não sei bem aonde, apareço morto e sou levado para a costa, por vagas e ventos, e marés e ondas. O meu corpo apodrece e alimento várias espécies de animais, que se vão servindo dos restos e compondo a sua cadeia alimentar.
Não passo de plancton nesta ultima etapa de vida.
Plancton...

Espuma,
Onda,
areia...

Acordo. Afinal estou vivo.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, setembro 12, 2005

Conversa da treta...

Vi ontem parte do debate das autárquicas à Câmara Municipal de Coimbra. Pareceu-me que quem estava mais bem preparado eram os jornalistas/moderadores do debate que souberam colocar questões incómodas ou perturbar os principais candidatos apontando-lhes comentários anteriores que fragilizavam a sua posição. Dos três, apesar de não se destacar e de não ser um brilhante comunicador, destaco Gouveia Monteiro que, de uma forma sóbria, explicou o seu trabalho como vereador da Habitação e soube destacar os pontos mais importantes da sua candidatura, objectivos do seu partido, e pontos de trabalho que tentou que fossem aprovados durante a sua vereação mas que esbarravam no conceito de politica da maioria camarária.
Quanto aos outros dois: Vitor Batista é mau demais para ser verdade (como candidato) e como não tem argumentos melhores passou o tempo todo a criticar a politica da Câmara em situações em que ele também seria visado (porque foi Governador Civil). Nomeadamente em incêndios florestais e na gestão e concurso do Metro de Superficie.
Tal como no Gato Fedorento: "ó Sôtor, Sôtor!"...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, setembro 05, 2005

(no amanhecer)

Chove no verão, numa noite que começou na tranquilidade do calor de fim de tarde. Chora a noite em recuperação de um verão a doer, a secar, a espelhar o seco que corre nas veias de um povo.
(Sinto a tua falta na solidão destas linhas, no desespero de lugar nenhum. A musica parece vaga e companhia parca para o pedaço que falta e se solta e verga um corpo - um ser - à inutilidade.)
Todos os dias, o amanhecer. O ver o dia nascer, indirectamente. Dentro de quatro paredes, no cubiculo, no escuro do quarto, de barriga para cima, a imaginar o negro escuro azul menos denso a clarear e engolir os pequenos pontos brancos brilhantes.
(Estrela que desaparece com o alvor da manhã, que me olha do longe da entrada da porta. Do mundo.)
[Pausa. O silêncio. Merecido.]
Sorriso.
(Sem decepções.)
Aquele.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
O poder da palavra:
Um boato tornou-se o mais mortífero atentado terrorista no Iraque.

O poder da Natureza:
Katrina fez das suas e conseguiu o que grande parte do mundo, e 48% dos americanos, desejavam: provar que G.W. Bush é um imbecil e incapaz. Pena que milhares de pessoas tivessem que sofrer... nos EUA, porque no Iraque já acontece à uns anos...

O poder da Senilidade:
Mário Soares, 81 anos, ex-presidente da Republica por dois mandatos, candidata-se a um terceiro mandato - de cinco anos! A palavra "basta" terá lugar no seu dicionário?

O poder do Poder:
Para não perder um acto eleitoral o Partido Socialista apoia, em desespero de causa, um ex-presidente que já deveria - mesmo com esta legislação - estar na reforma.

A piada do ano:
Se Cavaco Silva visse o circo que se montou em Portugal e não se candidatasse a Belém: haveria muito boa gente que receberia um belo de um chá de semancol!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Skank - Saideira
by Skank

Tem um lugar diferente
Lá depois da saideira
Quem é de beijo, beija
Quem é de luta, capoeira
Tem um lugar diferente
Lá depois da saideira
Tem homem que vira macaco
E mulher que vira freira

Comandante! Capitão! Tio! Brother! Camarada !
Chefia! Amigão! Desce mais uma rodada

Desce mais
Desce mais

Comandante! Capitão! Tio! Brother! Camarada !
Chefia! Amigão! Desce mais uma rodada

Tem um lugar diferente
Lá depois da saideira
Tem bandeira que recolhe
Tem bandeira que hasteia
Tem um lugar diferente
Lá depois da saideira
É tomando uma gelada
Que se cura a bebedeira


Comandante! Capitão! Tio! Brother! Camarada !
Chefia! Amigão! Desce mais uma rodada



Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

Imagem de Satélite...
... no dia a seguir à fogueira...



Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quarta-feira, agosto 31, 2005

Musica: Green Day - Wake Me Up When September Ends
Excertos de texto: Paulo Aroso Campos

Summer has come and passed
The innocent can never last
Wake me up when September ends

Tiro o crucifixo do peito porque deixei de acreditar. O peito nú; o corpo nú. As cicatrizes invisiveis, internas.

Like my father's come to pass
Seven years has gone so fast
Wake me up when September ends

Janela aberta, o frio do outono. Pele arrepiada, sentidos a funcionar normalmente. Pele de galinha, pêlos em riste.

Here comes the rain again
Falling from the stars

Olho ao espelho a figura que o enfrenta: o cabelo curto, a expressão triste num olhar cansado, as marcas escuras nos olhos que não descansam... desde a ultima vez.

Drenched in my pain again
Becoming who we are

Inexpressão, total e completa...

As my memory rests
But never forgets what I lost

Wake me up when September ends

Summer has come and passed
The innocent can never last
Wake me up when September ends

No outono, começo de outono. Água cai dos meus olhos, e arde e doi - mais que o frio que me arrepia a pele - e crava mais fundo as rugas, e esforça mais as costuras de um coração mal cicatrizado e doente.

Ring out the bells again
Like we did when spring began

Wake me up when september ends

Here comes the rain again
Falling from the stars

Drenched in my pain again
Becoming who we are

Crucifixo e janela: binómio. Percorro um rosário que desaprendi com gosto.

As my memory rests
But never forgets what I lost

Wake me up when september ends

Summer has come and passed
The innocent can never last
Wake me up when September ends

De olhos fechados arremesso-te pela janela aberta e fria arrepiante das folhas secas que vão caindo, castanhas, ao sabor do vento.

Like my father's come to pass
Twenty years has gone so fast
Wake me up when September ends

Wake me up when September ends
Wake me up when September ends


Para nosso bem...




Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

terça-feira, agosto 30, 2005

Simplesmente delicioso!

Quem gosta de ler seguramente vai gostar de ler isto. Aqui vai um pequeno paladar:
"e parei para pensar como era bom ser o gato de Pessoa que brinca na rua sem calcular se haverá pedra na calçada que lhe chegue para se deitar ao sol."
Divino! Ou como diz o cozinheiro do programa "Na roça com os tachos": búnito, búnito, a lingua portuguesa é tão búnita!
Visitem!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, agosto 29, 2005

Brilho
(imagem: Constelação de Escorpião - Portal do Astrónomo)
Deito-me na solidão a imaginar no tecto a imagem do céu azul: deitado na praia e ver a imensidão, qual mar aéreo que enche e preenche o campo visual.
Fecho os olhos do céu azul e desenho as estrelas e planetas e constelações presentes na memória e que ocupam aquele específico local no espaço.
Abro os olhos: no azul está o decalque de todos esses deuses que nos olham na noite, e que me contemplam no dia. Perante o dourar do sol que se deita estendo o braço e, com o indicador, desenho cada estrela, cada grupo de estrelas, deixando-os ali - naquele céu azul. As nuvens tentam apagar os pontos de luz adorada mas sei que nunca conseguirão: estão ali para mim, para sempre.
Fecho os olhos e vejo somente a noite escura: transferência completa, passei todas sem esquecer para o mundo e vida real, e azul real, e céu real. Abro os olhos e estão lá, à medida que o dourado se esconde no mar e engole o azul forte e carregado, e surgindo o mais escuro mais escuro até o escuro ser negro. Mudou o lençol mas o motivo é o mesmo: os pontinhos brancos, unidos, a escrever o importante e eterno.
Já lá está.
Ficará, faço isso amanhã! Agora aproveito somente a solidão silenciosa para ver mais um por do sol da minha vida.
Ouro.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Noite longa noite
(Excertos musicais: Luke, Zoe - La Tête en Arrière)
A espera:
O dia não passa. Olha para o relógio a cada minuto, a cada segundo, desejando o tempo passar para poder ir ao encontro - o encontro! - sem saber como agir ou reagir. Pensa sempre neste ou noutro encontro, sempre que se entusiasma, se apaixona, se sente tocado por alguém especial.
Volta ao relógio e enerva-se: o tempo simplesmente iniciou uma luta desigual contra a sua vontade e necessidade de a ver, ali, pele suave e voz suave e cabelo suave e cheiro suave e olhos lindos castanhos avelã chocolate paixão.
Suspira, respira, suspira.
"ne te blesse que d'air pur
couvre-toi d'étincelles
zoe,
trace donc le trait qui rassure
et que ta ligne soit belle
zoe,"
A dúvida:
E ela, o que sentirá? O mesmo? Nunca antes lhe tocou, pelo menos naquele que é o contacto entre as duas peles. Fê-la sorrir, faz frequentemente, mas será isso o óbvio suficiente para que ela repare no seu fascinio?, para que repare nele em si, como homem, passível de ser o seu homem, carne da sua carne, só um?
Porquê tantas duvidas, porque as pessoas escondem sentimentos? Porque não há transparência nos relacionamentos, sejam eles quais forem?... bem, ele também não é propriamente transparente e... terá ela já reparado que ele a sente de forma especial? Terá ela já percebido que aquele encontro é uma tentativa irremediavel de a ver, de a ter do lado, porque é uma forma egoísta de ter prazer e de sofrer porque não lhe canta as emoções em turbilhão que lhe bombam o coração?
"tes amours
sont des légendes
que désapprouve
ton ange
ton ange"
A espera II:
Agora o tempo passa. Agora ainda à bocado eram menos 2 minutos. Está quase, só faltam duas horas... devo chegar cedo?, tarde?, ficar a observar ao longe se ela vem ou não, quando ela vem para chegarmos ao mesmo tempo? As horas as horas...
"n'étreins qu'en morsures
les seigneurs de la guerre
zoe,
fait suinter leur armure
qu'ils y voient de l'univers
zoe"
In situ:
Chegou. E sentou-se. Viu-a ao longe a vir, jeito esguio, andar elegante. Não mostrou que a tinha visto mas o coração deu um toque quando ela viu que ele lá estava e começou a sorrir. Desfez-se, fez notar que a vira já, como que iluminado pelo sorriso que é agora aquele farol na noite de nevoeiro. Ela chega junto e ele levanta-se. Beijo no rosto, sentir o cheiro, olhos nos olhos, sentam-se ambos, olhos nos olhos, sorriso no sorriso.
"Então? Muito tempo à espera?"
"tes amours
sont des légendes
que désapprouve
ton ange
ton ange"
...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

sexta-feira, agosto 26, 2005

quinta-feira, agosto 25, 2005

Reciprocidade
(excertos músicais: Toranja, Carta - Álbum Esquissos)
Ela:
Acordou novamente com aquele sonho e aquele homem na cabeça; aquele que já conhece à anos, que encontra raramente, mas que está sempre presente. Desde a ultima vez que se encontraram já é a segunda vez que sonha com ele - e sempre da mesma forma: aquele beijo.
Será que é mesmo assim? Nunca teve oportunidade de saber porque sempre se escondeu na sua simplicidade - não chamar à atenção, tentar ser banal e recatada, menos para quem conhece bem e com quem se sente à vontade - e porque esteve sempre à espera do seu primeiro passo. Se ele gosta dela? Se gostava? Não tem a certeza, mas havia nela um sexto sentido que lhe dizia que sim.
Algo nele era atracção mesmo se não fosse aquele homem de sonho que ela sempre idealizara. Desde a primeira vez que os olhos de ambos se encontraram que sentiu uma vibração no coração. Desde aí sempre olhou de frente nos olhos dele e sentiu sempre a correspondência, mas nunca deu parte fraca ou suavizou a forma de falar com ele, ou de agir. "Nunca fui fácil para ninguém, mas se calhar poderia ter sido mais branda com ele... porque é que ele me aparece em sonhos se nem sequer tenho como o contactar?".
"Saudade é o ar
que vou sugando e aceitando
como fruto de Verão
nos jardins do teu beijo...
Mas sinto que sabes que sentes também
que num dia maior serás trapézio sem rede
a pairar sobre o mundo
e tudo o que vejo..."

Ele:
Acordou novamente com aquele sonho e aquela mulher na cabeça; aquela que já conhece à anos, que encontra raramente, mas que está sempre presente. Desde a ultima vez que se encontraram já é a segunda vez que sonha com ela - e sempre da mesma forma: aquele beijo!
Será que é mesmo assim? Nunca teve oportunidade de saber porque sempre se escondeu na sua timidez - não chamar à atenção, ser calado e recatado, menos para quem conhece bem e com quem se sente à vontade - e porque nunca teve coragem de dar o primeiro passo. Se ela gosta dele? Se gostava? Não tem a certeza porque sempre teve medo da rejeição, mas havia algo na forma como olhava fundo nos seus olhos que lhe dizia que sim.
Algo nela era atracção mas de forma simples e exótica: a pele suave, a voz doce e melodiosa, a inteligência, a sua discrição, o olhar... Desde a primeira vez que os olhos de ambos se encontraram que sentiu uma vibração no coração. Desde aí sempre olhou de frente nos olhos dela e sentiu sempre a aquela chama de nunca nenhum dar parte fraca e afastar primeiro o olhar. "...se calhar deveria ter posto o meu medo de rejeição de lado e ter tentado... porque é que ela me aparece em sonhos se nem sequer tenho como a contactar?".
"É que hoje acordei e lembrei-me
que sou mago feiticeiro
Que a minha bola de cristal é feita de papel
Nela te pinto nua
numa chama minha e tua."

Comum:
O beijo!
O primeiro tímido e casual, aquele leve encosto em que ambos pensam que o outro dá a face e acorrem gentil e suavemente com os lábios para mostrar aquela ternura e aproximação de amigo, de quem se gosta e respeita. Porém ambos pensam o mesmo ao mesmo tempo e os lábios tocam-se, levemente, e o desejo aflora ao cérebro ainda antes de receberem a imagem dos lábios unidos. Aquela fracção de segundo que os fará pensar no que o outro sentiu; aquele rubor envergonhado quando se desunem e entreolham e pedem desculpa no mesmo instante, tornando a situação mais... doce. Sorriem após as desculpas, sempre com os olhos bem internos na alma do outro. Viram costas e os amigos perguntam "o que foi aquilo?!", com um sorrir maroto de quem viu o que aconteceu, percebeu, mas que para o próprio não faz qualquer sentido...
O segundo já foi fora do casual: encontram-se casualmente num café onde estão amigos comuns, ela sorri de forma diferente para ele e ele percebe. É como a continuação, em que ela está decidida a dar o primeiro passo e ele espera que ela aja - porque interiormente, no primeiro "beijo" já tinham feito esse acordo tácito entre-olhos. Ela puxa-o pelo braço, para outro lado afastados dos amigos, e encostam novamente os lábios - agora com vontade de experimentar aquilo que esteve anos escondido. Primeiro beijando cada um o olhar, aproximando as caras, as pestanas, os narizes, os cheiros, os corpos e, por fim, ambos sorridentes e ardentes de paixão, aquela boca pela qual tanto sonharam...
"Desculpa se te fiz fogo e noite
sem pedir autorização por escrito
ao sindicato dos Deuses...
mas não fui eu que te escolhi.
Desculpa se te usei
como refúgio dos meus sentidos
pedaço de silêncios perdidos
que voltei a encontrar em ti..."


Afinal tudo não passou de um sonho... ou mais do que um sonho...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt