Só (no amanhecer)
Chove no verão, numa noite que começou na tranquilidade do calor de fim de tarde. Chora a noite em recuperação de um verão a doer, a secar, a espelhar o seco que corre nas veias de um povo.
(Sinto a tua falta na solidão destas linhas, no desespero de lugar nenhum. A musica parece vaga e companhia parca para o pedaço que falta e se solta e verga um corpo - um ser - à inutilidade.)
Todos os dias, o amanhecer. O ver o dia nascer, indirectamente. Dentro de quatro paredes, no cubiculo, no escuro do quarto, de barriga para cima, a imaginar o negro escuro azul menos denso a clarear e engolir os pequenos pontos brancos brilhantes.
(Estrela que desaparece com o alvor da manhã, que me olha do longe da entrada da porta. Do mundo.)
[Pausa. O silêncio. Merecido.]
Sorriso.
(Sem decepções.)
Aquele.
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
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