"Há uma lei à qual obedecemos, e à qual todos os que estarão na nossa situação deverão obedecer, embora ninguém conheça a sua origem: o ser quer ser mais ser para poder continuar a ser, o poder mais poder para poder sobreviver."
História da guerra do Peloponeso, Tucídides
Li no jornal online o que aconteceu no debate para a Câmara Municipal de Lisboa, em que os candidatos em vez de anunciarem os seus programas, pontos de vista e tentar mostrar o porquê da sua candidatura ser melhor - e fazerem isto através de uma boa preparação retórica, respondendo às perguntas e levantando novas questões que os cidadãos passem todos os dias - passam o tempo todo do debate a apontarem defeitos de vária ordem ao adversário, ao seu partido, ao governo ou ex-governo ou a alguma situação que correu mal, ou esteja mal explicada, na governação autarquica anterior. E assim se passa o tempo de debate sem sequer surgir uma ideia nova senão ensinar aos mais novos como não se deve estar na política (ou como cidadão), e aplicando nos mais velhos uma nova injecção de abstenção.
No debate sobre Coimbra aconteceu a mesma coisa, com o sr. Victor Baptista a atacar o actual presidente e equipa sobre o problema dos incêndios na cidade, esquecendo-se que quando ele foi governador civil acontecera o mesmo e com uma câmara com a sua cor política. Infelizmente estas eleições mostram muito do que nunca se deve fazer para tornar a politica e os seus intervenientes como algo claro e de confiança - vejam-se as candidaturas de autarcas à revelia dos seus partidos e com acusações pendentes em tribunal. Infelizmente numero dois é ver que o proximo acto eleioral já está minado pela mesma incúria, ao ver-se que um dos candidatos presidenciais é um ex-presidente em dois mandatos, uma pessoa com bastante afeição popular mas que está velho e senil. Mas que tem um dos maiores partidos a apoiá-lo, o que se traduzirá num grande numero de apoiantes que depositam o seu voto por filiação e não por quererem realmente o melhor para o país.
Cada vez mais penso que nos debates televisivos deveria haver um juri, assim como há nos concursos do vários jogos da Santa Casa, em que avaliariam se o que é tratado é ou não importante para o espectador. Assim ao cair-se no insulto ou na pura demagogia, ou ainda na tentativa fraudulenta de fugir à apresentação de ideias acusando o anterior candidato de não ter feito nada, o debate seria liminarmente interrompido pelo apresentador.
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
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