quarta-feira, maio 30, 2007





- Olá...
- Olá...
- Sinto a tua falta...
- Sinto a tua falta...
- Estás longe...
- Estamos longe...
- Precisava tanto de falar contigo...
- ... eu também.
...
Transmite-se a caricia ao telemovel desejando que esta pudesse ser transmitida por sms. Que a resposta fosse aquele arrepio de pele, aquele sorriso de quem fica arrepiado com algo que excita, que atrai.
Perde-se o beijo pelos satélites, pela distância; beijo sentido nos corações e nos sonhos de proximidade.
...
- Queria tanto que aqui estivesses...
- Queria tanto que aqui estivéssemos...
- Até amanha...
- ... até...
...
Ficou no ar a saudade, aquele suspiro preso que não deixa respirar, e a vontade de responder. De comunicar toda a noite...
Ficou ali...

segunda-feira, maio 28, 2007





Enviei-te o toque de telemóvel com a serenata que nunca tive coragem de te fazer, para o numero que nunca tive coragem de pedir... a não ser quando já era demasiado tarde. E que acedeste a dar-me com aquele sorriso de criança nos lábios, no olhar.
Não sei se o recebeste, tambem não me interessa. É um passado que quero esquecer, embora esteja ainda marcado na memoria, no cheiro, no toque de mãos, de lábios, de linguas. Na diferença com que me olhavas e me fazias sentir especial. Especial sem coragem - de quebrar barreiras, de sair do caminho asfaltado e percorrer o longo e desconhecido carreiro, sem qualquer mapa ou bussola... - apenas por ti.
Nunca o fiz por mim, nunca o pensei por mim. Avariei no caminho, sem saber o que fazer.
Sem a serenata com que te devia ter presenteado.
No momento certo. Não agora.
Vais perceber o significado.
Adeus...

sábado, maio 26, 2007





Esta musica relembra-me o ano em que entrei na Universidade, na Queima das Fitas. Na ida e na vinda do parque, esta ja de manha, no carro estava sempre a bombar Body Count.
Memorável!

segunda-feira, maio 21, 2007





A paisagem que resta, num suspirar entre dentes. O perfume no ar a fazer lembrar algo passado, não muito antigo; aquela cicatriz guardada, escondida do mundo porque me torna feio, inutil, fracassado.
Olho o horizonte do alto da ponte. Hesito. Nunca pensei saltar. Apenas observar quem passa. Nas ultimas quatro horas. De madrugada. Sou uma sombra no meio da luz, um observador isolado, sózinho. Como o mundo, como no mundo.
Por um segundo fecho os olhos e penso no aroma, como o som da aragem nos ouvidos me faz lembrar aquela voz. E sinto a dor. Profunda. De quem não esquece.
Desisto. Como sempre faço. Por não resistir à dor que cresce, que eu quero que passe.

terça-feira, maio 15, 2007

Luna - 2 meses

Passados dois meses do seu nascimento, a nossa Luna continua a iluminar as nossas vidas. Para quem está com ela todos os dias, que lhe muda as fraldas, dá leite, carinhos, beijos, colo, olha nos olhos, a vê rir, tentar comunicar connosco por gestos ou a palrar, ou simplesmente a pacatez com que dorme, parece que todos os dias ela evolui. Por pouquinho que seja. Não sei qual é o estágio de evolução dos bebés com dois meses, mas surpreendo-me quando ela olha para os pés e fica feliz de os ver a mexer; como acorda e mal nos vê começa a sorrir; como sorri quando surgimos junto dela depois de algumas horas de ausência; como pronuncia sons que identifico como "ghuuuu" ou "érril" ou "érruá", que não sei o que querem dizer, mas quando os imito ela inicia um dialogo sempre com os mesmos sons, com várias expressões faciais, como se me contasse uma história.
Como pôe só a ponta da lingua de fora para provar a chupeta e ver se tem doce ou não; como fica rabugenta quando a fralda está molhada ou suja e sorri quando percebemos e lhe começamos a tirar a roupa; como chora até perder o fôlego quando o seu pontualissimo estomago aponta para a hora do leite.
Obviamente que nem tudo é perfeito e tem as suas desvantagens. Porém não preciso enumerar, porque as vantagens superam largamente. E quando o que sobra é lucro, é sempre bom!
(Anabela, vai um lencinho? hehe)

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

domingo, maio 13, 2007

Maddie

O recente desaparecimento de uma menina de 3 anos de um complexo de luxo no Algarve é lamentável. Mais do que isso, uma tragédia. No entanto leva-me a pensar o que tem acontecido.
Os pais, ingleses, deixaram sozinhos os 3 filhos no quarto, com a porta destrancada. Maddie era a mais velha de todos, com 3 anos. Se fosse um casal português, provavelmente, já teriam sido acusados de incompetência pelas autoridades.
O gosto que a imprensa sensacionalista inglesa tem em tentar denegrir a imagem de paises a sul, como que se mostrando superiores. Para eles, qual país do terceiro mundo, a culpa de Maddie ter desaparecido, de não ter ainda sido encontrada, e do desespero dos pais é unica e exclusivamente da responsabilidade das autoridades portuguesas. Quanto ao facto dos pais terem deixado as crianças sozinhas...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quinta-feira, maio 03, 2007

quarta-feira, maio 02, 2007

In articulo mortis

Entrei no Conselho dos Deuses à minha chegada a um novo plano de existência. Ali seria julgada a minha vida e as minhas acções. Teria o privilégio de ver os 7 deuses na sua essencia, etéreos, misticos, puros. Lá em baixo o meu corpo jaz, inconsciente, sem alma. À espera que a natureza faça o seu papel sanitário.
Curioso como a minha morte coincide com a tua morte; como tive que te matar para poder viver poder morrer. Ainda me lembro de ti, tenho saudades. Mas já estás noutro plano, longe. Povoas os meus sonhos, elementos secretos e visões. Mas estás longe, fora do alcance. Por isso passei para outro plano de existência.
Entro, aguardo. Espero pelos deuses, vejo uma luz.
A luz do sol, que bate nos meus olhos de corpo real e quase me cega. E me acorda. E não me deixa dormir.
Nem passar à próxima fase.
Matar-te de vez...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt