sexta-feira, outubro 28, 2005

"Tento ter a força para levar o que é meu
Sei que às vezes vai também um pouco de nós
Devo concordar que às vezes falta-nos a razão
Mas nego que há razões para nos sentirmos tão sós
Vem fazer de conta, eu acredito em ti
Estar contigo é estar com o que julgas melhor
Nunca vamos ter o amor a rir para nós
Quando queremos nós ter um sorriso maior "
Da Weasel - Casa (vem fazer de conta)

Conhecemo-nos assim - olhares vagos dispersos na escuridão da madrugada - como que por acaso, perdidos na infinita loucura dos corpos, embriagados pelo liquido proibido. Palavras faladas pela retina, pelo sorriso, pelo sussuro de um nome escutado doce na enormidade de som que explodia das colunas, da festa.
Novo sorriso. Nos lábios, no olhar. Copo à boca (copo à boca) e "ofereço-te uma bebida", assim simples, novamente quase tocando com os lábios no ouvido, o arrepio nas costas, nos pêlos dos braços nús. Novo sorrir de olhos e concordância de cabeça.
Primeira união da madrugada, o toque de mãos para não se perderem na multidão (o toque de mãos...) [aquele arrepio!], o guiar pelo meio do publico frenético pelo alcool, pelo som, pela festa.
Num local mais calmo puderam conversar, palavras de circunstância que soavam a mutuo interesse, a mutua vontade.
Encostam-se os corpos, beijam-se as almas. Amanhã é outro dia e nenhum se lembrará do passado, aproveite-se o presente!, o afrodisiaco momento, o quase contacto dos lábios a imitar o beijo do olhar, o primeiro olhar.

É tão belo observar com atenção o desenrolar do primeiro contacto; imaginar o decorrer e poder observar a progressão da imaginação. Quase como se vosse realidade, como se fosse um dos personagens.
Mas que não pode tocar.
Mas que não pode ser tocado.
Nem com o olhar. (nem com o olhar...)
[cumplicidade]
[Som mudo]
Voltar à realidade.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quinta-feira, outubro 27, 2005

Site do cancro da mama

Recebi este mail e achei interessante divulgar a mensagem:

O Site do cancro da mama está com problemas pois não têm o nº de acessos e cliques necessários para alcançar a quota que lhes permite oferecer 1 (uma) mamografia gratuita diariamente a mulheres desprivilegiadas.

Demora menos de um segundo para ir ao site e na tecla cor de rosa que diz:

Free Fund Mammograms.
Isto não custa nada... "

Aqui está o Website:
http://www.thebreastcancersite.com


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, outubro 24, 2005

O autocarro das 7 da manhã
e
uma tampa das bocas de incêndio
e
Moonspell rules!!!

Ciao.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Latada

Chegar de manhã a casa, sem dormir e embriagado. Um saco de pão que, por artes mágicas, se transforma numa pomba. O riso despregado. Dormir, dormir com vontade e sem saber porquê ou como. A dor de acordar ainda como se a noite e o alcool não tivessem acabado (bebe-se em sonhos? embebeda-se em sonhos?). A dor de cabeça...
A ressaca de mais - ou menos - um dia na vida, no mundo.
Aspirina? Ó Paulo Ó Paulo Ó Paulo Ó Paulo são mais 13 finos Ó Paulo Ó PauloÓ PauloÓ Paulo...
O caminho pedestre para o parque.
Malta bebeda, amigos, encontros e desencontros, cerveja, boémia, Bohemia, mulheres bonitas, malta chata e bebeda, bebidas, gente, não se consegue andar...
Amigos, brincadeira, viagem de carro com mais alcool no sangue do que o chefe da Policia.
Manhã. Não vi a lua, vejo a luz do sol. Olhos semi-cerrados. Comer. Pôssa, pôfa, o canguru, o macaco, os Xutos e Pontapés...
O saco do pão que se transforma em pomba, qualquer coisa que se transforma em pomba.
E em risos e gargalhadas...
... e ainda faltam 3 noites!

F - R - A!!!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quarta-feira, outubro 19, 2005

Sentiram-se mutuamente por almas e sentidos invisiveis mesmo sem olharem para o outro.
Ele entra na sala, calmo, encontra-a, física, a conversar com outro aluno. Coloca-se no final da sala à espera que ela o encontre. Sorri para os outros que não o conhecem mas que sentem uma familiaridade crescente.
Ela conversa com um aluno enquanto se prepara para começar a sua aula. Sente aquela presença especial mas não se distrai ou desloca o olhar - apenas segue aquela presença com a alma infinita, que se levanta, incorpórea, e segue aquele - e continua a conversa. O sorriso brilha quando sentiu aquele som imortal de presença, o calor na alma e no coração e nos sentidos.
Ela chega-se a ele.
Caminha o caminho que falta para a proximidade fisica apenas guiada pelo olhar dele, que a guia, desviando-se instintivamente de todo e qualquer obstáculo porque à frente dos olhos presos um no outro nada há que possa impedir.
Aquele encontro tímido e nada revelador. Beijo na face, dá ela; quente daqueles lábios, sente ele. A pele de ambos arrepia-se. A voz do "estava à tua espera, que bom que vieste" nunca soou tão doce; a voz do "sabias que não te faltaria por nada" nunca soou tão doce. Sorri o olhar, aquece o corpo e o sentido físico de ambos, agora sós naquele pequeno mundo que apenas os engloba, a meio braço de distância de um abraço impossível, porque escondido.
O desejo estava lançado. O suspiro guardado durante tanto tempo, tanto olhar, tanta admiração, estava prestes a dar espaço ao encontro fisico e explanação do prazer máximo.
O sopro.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Lua cheia
...
o cheiro de festa
...
o final do mês
...
animação crescente
...
ver aquele ar desolado, o olhar triste e pensativo de quem está apaixonado mas ,
e carente,
e sem vontade...
mundo dos sonhos não é apenas uma alternativa mas uma realidade.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

sábado, outubro 15, 2005

Na rubrica "Piropos à macho", o Contra-Natura orgulha-se de apresentar...

... a mais recente. Eis:

"Uns aquecem o forno e outros cozem a broa!"

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

terça-feira, outubro 11, 2005

Pior que um autarca arguido...

...é um candidato à presidência da Republica que não sabe o que é sentido de democracia!

Já é a segunda eleição consecutiva que Mário Soares faz declarações impróprias, que são consideradas criminais pela CNE.
Será que desta vez a multa é superior ao valor de um cheque?

(Como é possivel um dos maiores e com mais apoiantes partidos políticos portugueses possa apoiar um candidato assim à Presidência da Republica, que demonstra tanto em senilidade quanto em declínio de serviço de estado? Afinal não estamos numa época de dificuldades?!)

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Essência de Português

Não me escandalizou que Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro ou Isaltino Morais tivessem ganho com maioria absoluta; não me escandalizou que os seus partidos não os apoiassem em favor de uma nova forma de estar na política. Escandaliza-me, isso sim, que o povo saiba, e mostre, que o mal triunfa sobre o bem, ou seja, que para se ser alguma coisa em Portugal, quando não se está no centro das atenções (como as grandes cidades Lisboa e Porto), tem de se ser corrupto, usar influências com grandes fundos monetários, e roubar o Estado para que todos contribuímos.
E isto porquê? Porque a diferença entre o que se rouba ao total da população de um país comparado com o que se vai roubar da população de determinado local é bem menor; e porque se rouba a muitos para favorecer poucos - os que vivem naquele local.
Desde cedo se faz isso e desde cedo muitos o invocam, como Miguel Sousa Tavares que, ao longo dos tempos vem alertando para o litoral algarvio e alentejano (este não tanto, felizmente!) que é roubado a todo um país para criar uma industria turistica pobre e virada somente para o lucro fácil, sem qualquer contrapartida, sem qualquer qualidade. Neste caso são roubadas praias, dunas e qualidade de vida ao cidadão português em detrimento do comerciante e especulador imobiliário algarvio.
Acho que é este caso o mais grave que alcançou a vitória nestas autárquicas. É que apesar de os caciques-mor, vulgo partidos políticos principais, se tenham afastado dessas candidaturas, o povo soube mostrar que estava bem informado; que não precisa de partidos políticos para aprender as falcatruas e aprender a ver quem lhe dá mais, nem que seja pela porta do cavalo.
É por estas razões que Portugal não evolui numa Europa dos 25: porque, tal como o africano, procura sempre o eldorado no clandestino em vez de apostar na qualificação legislada.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, outubro 03, 2005



Como nos tornamos Fogo

(How we became fire, musica Moonspell)

Do fogo nos tornamos cinza, impotentes. Corpo ardente escaldante, queimado de água fria. Apagado, chamuscado. O cheiro a grelhado, a carne queimada... desejo. O fogo.

how we became Fire?
slaves to the smaller Desire
of ignoring wrong and right

when we could have been water
the shape of all things
the end of all things

O sonho que queima a tua imagem - o proibido - que não me sai da cabeça.
Nem que a corte.
Golpe, corta, golpe, serra, sangue, sangue.
Indolor.

burning with you
at once the grace
and the curse

Sonhos destroem almas, como fogo queima mato. Fogo queima almas como sonhos destroem matos.
Sonhos maus, projecto maus. Enriquece o mau e castiga o bom.

how we became Fire?
when we could have been earth
the ground you sleep,rest in

when we could have been air
follow you everywhere

burning with you
at once the grace
and the curse

how we became Fire ?
slaves to the greater Desire
of enlighten you and I
of saving you and I

Destrinço o bem do mal com a lâmina do machado, suspeitando que queimando o sonho e cortando o mal me torne o próprio.
Que queima, que destrói.
O fogo.
O mal.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
A típica e velha historia da sedução, do maldoso rapaz pela inocente menina. Será que é mesmo assim que se passa?

Formato mínimo
Skank
Começou de súbito
A festa estava mesmo ótima
Ela procurava um príncipe
Ele procurava a próxima

Ele reparou nos óculos
Ela reparou nas vírgulas
Ele ofereceu-lhe um ácido
E ela achou aquilo o máximo

Os lábios se tocaram ásperos
Em beijos de tirar o fôlego
Tímidos, transaram trôpegos
E ávidos gozaram rápido

Ele procurava álibis
Ela flutuava lépida
Ele sucumbia ao pânico
E ela descansava lívida

O medo redigiu-se ínfimo
E ele percebeu a dádiva
Declarou-se dela o súdito
Desenhou-se a história trágica

Ele enfim dormiu apático
Na noite segredosa e cálida
Ela despertou-se tímida
Feita do desejo a vítima

Fugiu dali tão rápido
Caminhando passos tétricos
Amor em sua mente épico
Transformado em jogo cínico

Para ele uma transa típica
O amor em seu formato mínimo
O corpo se expressando clínico
Da triste solidão a rúbrica

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt