Essência de Português
Não me escandalizou que Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro ou Isaltino Morais tivessem ganho com maioria absoluta; não me escandalizou que os seus partidos não os apoiassem em favor de uma nova forma de estar na política. Escandaliza-me, isso sim, que o povo saiba, e mostre, que o mal triunfa sobre o bem, ou seja, que para se ser alguma coisa em Portugal, quando não se está no centro das atenções (como as grandes cidades Lisboa e Porto), tem de se ser corrupto, usar influências com grandes fundos monetários, e roubar o Estado para que todos contribuímos.
E isto porquê? Porque a diferença entre o que se rouba ao total da população de um país comparado com o que se vai roubar da população de determinado local é bem menor; e porque se rouba a muitos para favorecer poucos - os que vivem naquele local.
Desde cedo se faz isso e desde cedo muitos o invocam, como Miguel Sousa Tavares que, ao longo dos tempos vem alertando para o litoral algarvio e alentejano (este não tanto, felizmente!) que é roubado a todo um país para criar uma industria turistica pobre e virada somente para o lucro fácil, sem qualquer contrapartida, sem qualquer qualidade. Neste caso são roubadas praias, dunas e qualidade de vida ao cidadão português em detrimento do comerciante e especulador imobiliário algarvio.
Acho que é este caso o mais grave que alcançou a vitória nestas autárquicas. É que apesar de os caciques-mor, vulgo partidos políticos principais, se tenham afastado dessas candidaturas, o povo soube mostrar que estava bem informado; que não precisa de partidos políticos para aprender as falcatruas e aprender a ver quem lhe dá mais, nem que seja pela porta do cavalo.
É por estas razões que Portugal não evolui numa Europa dos 25: porque, tal como o africano, procura sempre o eldorado no clandestino em vez de apostar na qualificação legislada.
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
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