quarta-feira, outubro 19, 2005

Sentiram-se mutuamente por almas e sentidos invisiveis mesmo sem olharem para o outro.
Ele entra na sala, calmo, encontra-a, física, a conversar com outro aluno. Coloca-se no final da sala à espera que ela o encontre. Sorri para os outros que não o conhecem mas que sentem uma familiaridade crescente.
Ela conversa com um aluno enquanto se prepara para começar a sua aula. Sente aquela presença especial mas não se distrai ou desloca o olhar - apenas segue aquela presença com a alma infinita, que se levanta, incorpórea, e segue aquele - e continua a conversa. O sorriso brilha quando sentiu aquele som imortal de presença, o calor na alma e no coração e nos sentidos.
Ela chega-se a ele.
Caminha o caminho que falta para a proximidade fisica apenas guiada pelo olhar dele, que a guia, desviando-se instintivamente de todo e qualquer obstáculo porque à frente dos olhos presos um no outro nada há que possa impedir.
Aquele encontro tímido e nada revelador. Beijo na face, dá ela; quente daqueles lábios, sente ele. A pele de ambos arrepia-se. A voz do "estava à tua espera, que bom que vieste" nunca soou tão doce; a voz do "sabias que não te faltaria por nada" nunca soou tão doce. Sorri o olhar, aquece o corpo e o sentido físico de ambos, agora sós naquele pequeno mundo que apenas os engloba, a meio braço de distância de um abraço impossível, porque escondido.
O desejo estava lançado. O suspiro guardado durante tanto tempo, tanto olhar, tanta admiração, estava prestes a dar espaço ao encontro fisico e explanação do prazer máximo.
O sopro.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

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