sábado, dezembro 17, 2005

Olhar o infinito, virado para o ocidente

Quando se ama alguém nunca nos apercebemos como a vida é frágil. E curta. Para mim aquela pessoa é imortal e sei que estará ali sempre quando acordar, quando me deitar.
Porém a realidade é dura e cruel e quando menos nos apercebemos, damos pela falta dela. Num ápice. E assalta a cabeça todas aquelas palavras que deveriamos ter dito e não dissemos; o tempo que poderiamos ter passado a mais, os carinhos, o amor a dar... enfim, aquele sorriso e a gargalhada que esperamos ouvir, seja porque motivo for.
E ontem ficou muito por dizer, tanto porque cheguei a casa quase de manhã, depois de uma festa; e porque nas ultimas semanas só de relance via e falava com tanta gente que amo, que a ideia de amanhã não mais as ver nunca mas nunca me passou pela cabeça. Até perceber a dura realidade. E o sofrimento que causa em todos.
Chorei por ti, avó, num momento de fraqueza e carência. Por saber que não te voltaria a ver. Mas foi um momento, pequeno, porque também tenho direito de o ter. Passado esse momento foi hora de levantar a cabeça, colocar na memória mais longa a tua imagem e as tuas palavras, conselhos e carinhos no coração. Para que estejas sempre ali, sempre que precise de sabedoria, amor, sapiência, simplicidade, ou para sentir o sabor da broa tão especial que fazias com tudo o que tinhas.
Até ontem eras uma mulher imparável e incansável. Espero um dia ser como tu e conseguir passar isso para os meus filhos e netos. Afinal avó é mãe a dobrar!
Agora sim estás em paz; agora sim podes descansar e continuar a proteger quem amas, daquela forma especial como sempre fizeste. Seja onde for que estejas [claro que passaste pelo julgamento dos deuses com distinção!]...

Até breve...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

Sem comentários: