terça-feira, junho 26, 2007

Hoje vou usar uma táctica que nunca pensei usar, e que vi pela primeira vez num blog de uma amiga, e que é re-editar antigos posts deste mesmo blog.

Este, chamado "Pintar um quadro", é daqueles que mais prazer me deu e que logo após ser escrito foi o unico de tudo o que já escrevi em toda a minha vida que não alterei, li e reli e fiquei deliciado. Na altura não obtive nenhum comentário pelo que - conclusão precipitada - não foi lido/apreciado/gostado.
Por isso o repito, só para ver se há diferenças...

Segunda-feira, Dezembro 05, 2005

Pintar um quadro

Com uma tela em branco, e um pincel limpo, pinto um quadro a pinceladas de realidade. De cores vivas uso um fundo de observação, um traço de verdade e um circulo de alegria. Com os amigos faço um quadrado que envolve o circulo. No canto superior esquerdo deixo um ponto de solidão, no direito uma flor pintada de saudade; prefiro não sujar o pincel com tristeza, doença ou morte: deixarei para outros quadros futuros.
Olho de longe para o que pintei. Parece-me que tem tudo... terá? Sinto o circulo muito pequeno, muito vazio. Desenho então um rosto: os olhos pintados de amor, a boca de sensibilidade, o nariz de emoções e as orelhas de melodia. Só as orelhas ficam de fora do quadrado, o que até faz sentido.
No canto inferior direito assino a sangue, o esquerdo com umas gotas de silêncio para terminar um trabalho de imaginação.
Pendurei na minha sala. Na minha imaginação.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, junho 25, 2007

A luz(Cité Universitaire de Paris, 2004 - Foto Paulo Aroso Campos)

A luz que nos segue, a luz que não existe na escuridão da noite. Essa mesmo que acrescentamos para nos sentirmos protegidos, vistos, calmos, viajantes no mundo das trevas.
Sinto-me em casa na noite, vivo dela, vivo para ela. Sem sentido depreciativo, sem sentido de festa, de alcool, de excessos. Para mim a noite é o dia de muitos, consigo encontrar mais beleza, mais mistério, mais alegria na escuridão e cheiros da noite.
Quando estou só gosto de me aventurar na escuridão. Posso pensar na ausência de sol, na solidão de almas, só algumas poucas vagueiam pelas ruas nem sempre pelo mesmo motivo. E felizmente não somos todos iguais.
Muitos aproveitam para sonhar, sejam quais forem os sonhos, possiveis ou impossiveis. Outros para viver o presente/passado/futuro, seu ou de outros. Com mais ou menos sucesso. Todos tentamos fazer vida de tudo, aproveitar ao máximo.
Quem vive na noite é mal compreendido. Por isso dão nomes fofinhos aos animais que vivem de dia ou são domesticados, e nomes feios aos que se alimentam da escuridão. É injusto porque todos são necessários mas não nos é dado do devido valor. E há mais morcegos sanguinários a esquartejar durante o dia, seja no nosso sangue, seja nas carteiras, seja nas fantasias que todos queremos realizar.

Já deu para perceber que a imaginação não abunda...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quinta-feira, junho 21, 2007

Skank - Saideira






Tem um lugar diferente
L depois da saideira
Quem de beijo, beija
Quem de luta, capoeira
Tem um lugar diferente
L depois da saideira
Tem homem que vira macaco
E mulher que vira freira

Comandante! Capito! Tio! Brother! Camarada !
Chefia! Amigo!
Desce mais uma rodada
Comandante! Capito! Tio! Brother! Camarada!
Chefia! Amigo!
Desce mais uma rodada

Desce mais
Desce mais

Tem um lugar diferente
L depois da saideira
Tem bandeira que recolhe
Tem bandeira que hasteia
Tem um lugar diferente
L depois da saideira
tomando uma gelada
Que se cura a bebedeira

Comandante! Capito! Tio! Brother! Camarada!
Chefia! Amigo!
Desce mais uma rodada
Comandante! Capito! Tio! Brother ! Camarada !
Chefia! Amigo!
Desce mais uma rodada

Tem um lugar diferente
L depois da saideira
Quem de beijo, beija
Quem de luta, capoeira

Tem um lugar diferente
L depois da saideira
Tem homem que vira macaco
E mulher que vira freira

Comandante! Capito! Tio! Brother! Camarada!
Chefia! Amigo!
Desce mais uma rodada
Comandante! Capito! Tio! Brother! Camarada!
Chefia! Amigo!
Desce mais uma rodada

Auto retrato
Museu Rodin, Paris, Junho 2004.

quarta-feira, junho 13, 2007

Curiosidade

A curiosidade é a capacidade natural e inata da inquiribilidade, evidente pela observação de muitas espécies animais, e no aspecto dos seres vivos que engendra a exploração, a investigação e o aprendizado. A curiosidade faz com que um ser explore o universo ao seu redor compilando novas informações às que já possui.

A curiosidade humana é o desejo do ser humano de ver ou conhecer algo até então desconhecido. A curiosidade, porém, quando ultrapassa um limite pré-estabelecido pela ética social, como por exemplo a invasão de espaço alheio, pode ser reprimida pela sociedade. Alguns termos populares podem designar alguém demasiadamente curioso: xereta, bicão, intruso, intrujão etc.

(fonte wikipédia)

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, junho 11, 2007





Aprendeu da pior forma que o arrependimento causa arrependimento. Porque se arrependeu; porque julgou que fazia o mais correcto e não fez. E não assumiu a sua opção.

No one ever thought this one would survive
Helpless child, gonna walk a drum beat behind
I Lock you in a dream, I never let you go
I Never let you laugh or smile, not you.

Enquanto deambulava pelas ruas, com aquele ar triste e desgraçado, olhava para o chão. Olhava de relance para as pessoas que passavam por ele mas fugia dos olhares. Como se queimassem.
Parou no jardim. Assim. No meio. Levantou a cabeça e assumiu as decisões. Naquele momento.
Começou a olhar para as pessoas. Começou a deixar que o olhassem e não teve medo. De inicio os olhares pareciam suspeitos, como se ele tivesse cometido o crime de olhar para desconhecidos. Assim. Parado no meio de um caminho do jardim, tipo estátua.

Well, I just want to walk right out of this world,
´Cause everybody has a poison heart
I just want to walk right out of this world,
´Cause everybody has a poison heart.

Alterou o rosto porque a situação se invertera. Sorriu num relance e ao mesmo tempo passava uma rapariga que reagiu ao sorriso com outro, timido. Desconhecida. Mas soube bem aquela correspondência.

Making friends with a homeless torn up man
He just kind of smiles, it really shakes me up.
There´s danger on every corner but I´m okay
Walking down the street trying to forget yesterday.

Procurou um relvado, o mais extenso. Que tivesse mais gente sentada, deitada, em grupos.
Absorveu por um pouco a situação e o que aprendera. Observou bem à sua volta. Reteve alguns olhares, respondeu aos sorrisos, às caretas das crianças. Desejou ser uma. Mas não estava arrependido de não o ser.

You know that life really takes its toll
And a poet´s gut reaction is to search his very soul
So much damn confusion before my eyes,
But nothing seems to phase me and this one still
survives.

Da mochila tirou o caderno e começou a escrever...

I just want to walk right out of this world,
´Cause everybody has a poison heart.
I just want to walk right out of this world,
´Cause everybody has a poison heart,
Well, I just want to walk right out of this world,
´Cause everybody has a poison heart.
a poison heart, a poison heart, a poison heart.
a poison heart, a poison heart, a poison heart.

segunda-feira, junho 04, 2007

Imagens...

A lua a iluminar a alta de Coimbra, 30 Maio 2007. (foto: Paulo Aroso Campos)

Gosto de tirar fotografias, de ter próximo uma máquina para, sempre que vejo uma imagem que mereça, guradar um registo. Por vezes essa imagem mantém-se inalterada por horas; outras vezes tem que ser registada no momento porque no minuto seguinte se perdeu parte da beleza do momento.
Olhar para certas imagens causa nostalgia. De momentos passados, vidas passadas, ideias passadas.
Por isso por vezes coloco uma imagem. Porque não preciso de escrever e pelo prazer narcisista de a ver sempre que abro o browser.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt