quarta-feira, janeiro 30, 2008


Perceber, ou compreender?


Não percebo porque. Não compreendo porque.
Está nevoeiro. É noite. Pelo menos aqui. Por cima de mim. O que não percebo. E ninguém percebe. Porque está noite aqui, porquê por cima de mim, porque não vejo, porque não te mostras, porque. Te escondes no escuro da neblina, na densidade da noite. Porque.
Procuro razões mentais. Para mim. Para ti. Porque nada significa nada. Porque não por vezes é sim e sim por vezes é não. Porque brincas com o sério e brinco com o sério. Porque brincamos com a verdade e sentimos o mesmo. E não o queremos ver porque tu nébulas e eu noite.
Não compreendo porque com água mato a sede mas ela não morre, porque a água me sabe a vazio e a sede se alimenta do nada. Não percebo porque peço mais água e surge mais sede, porque obedeço aos meus pedidos de vazio cheio e cheio vazio.
E entupido. E uma e uma e uma e outra e outra e outra vez.
Porque não faz sentido. E porque não percebo; e porque não compreendo.
Foda-se! Há-de fazer sentido! Foda-se... Tem que fazer. Qual seria o sentido? Foda-se...
[A confusão instala-se no paladar, no saborear dos sentidos em corrimento de lágrimas mentais, armazenadas em confusão tensa, confusão que alimenta o inexistente. O latente. Inexistente...]

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

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