segunda-feira, setembro 10, 2012


Gaveta

Nos ultimos anos, 5 ou 6 ou 7, sempre que me sentia tentado a mudar qualquer coisa, e tinha bem planeado as coisas para dar certo, haviam acontecimentos que me faziam não dar esse passo. Acontecimentos mais ou menos marcantes, mas todos importantes, que mais tarde encarei como sendo "sinais" para não ter mudado. Não sei se fiz bem, se fiz mal, mas sempre que houve um desses acontecimentos, uma das reacções era, de raiva, estar a cagar para convenções e conveniências, e seguir em frente sem medo. Isso deveria dar-me mais força para abraçar projectos mas em vez disso punha na gaveta os antigos, e planeados, e começava a planear novos.
Na verdade o que gosto mesmo, o que mais me atrai, é planear coisas. É pesar prós e contras, saber se podem ser concretizados, se podem ter sucesso. Deixa-los na gaveta, ou transmitir essa força, essa paixão, esse arrebatamento a outros, e motivá-los a abraçar os seus projectos!
Depois surge aquele vazio estranho. Aquele vácuo de, misto de alegria e tristeza, ter de obrigatoriamente deixar de ter contacto com pessoas ou coisas ou situações que quero que façam parte do meu dia a dia. Mas que só o fazem temporáriamente. Porque sou eu que estou dentro da gaveta...


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@gmail.com

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