segunda-feira, julho 03, 2006

24 horas de Dolce Vita

No passado dia 30 de Julho os centros comerciais Dolce Vita promoviam um dia aberto, 24 horas em contínuo, com muitos espectáculos - concerto dos Toranja, além de outros - e cinema a 2€ a sessão a partir da meia noite.
Sendo apreciador de bom cinema e não o fazendo à muito tempo porque os preços praticados são muito altos, no meu entender, aproveitei a promoção e assim poderia ver o filme "O código Da Vinci", cujo livro tinha gostado bastante. Nesse sentido fizemos a compra do bilhete à tarde e assim que saísse do trabalho poderia disfrutar de uma sessão - tardia, é certo, previsto o começo para as 3:20 da madrugada - prazenteira.
Assim, pouco passava das 2h da madrugada quando me dirigi para a entrada. Já tinha ouvido pessoas conhecidas falar que já não se entrava, porém como tinha bilhete de cinema estava com algum conforto relativamente a essa questão. Ao chegar à porta estão cerca de 30 pessoas à espera para entrar e o segurança, devidamente identificado, a dizer que a programação tinha sido cancelada - sem mencionar o motivo do cancelamento. A musica lá dentro continuava, pelo que me dirigi ao segurança dizendo que tinha bilhete para o cinema, que a minha namorada estava lá dentro com o bilhete e se poderia entrar. Ele diz-me o mesmo, que tinha sido tudo cancelado e que não haveria mais cinema. Perguntei-lhe então porque não desligavam a musica, uma vez que tinha sido cancelado. A resposta(nonsense) foi que só estavam à espera que as pessoas saíssem do edificio para desligar a musica.
Entrei em contacto com a minha namorada, informei-a do que se passava e ela tentou obter resposta junto dos cinemas. Entretanto a polícia foi chamada e entrou para falar com a administração; os ânimos à porta já estavam um pouco exaltados e o segurança presente não sabia bem como aguentar as pessoas nem tinha mais respostas. A minha namorada desce e fala com o segurança que nos cinemas estavam a continuar a programação, que nada sabiam do cancelamento e que ninguém lhes tinha dito nada. Ele insistiu e ela voltou para pedir explicações.
Entretanto aparece um individuo vestido de preto, com identificação escondida, que seria supostamente o responsável da segurança. Voltou a dizer o mesmo que o anterior tinha dito e foi muito desagradável para pessoas que o interpelaram e que, com toda a razão e com bilhetes para o cinema, queriam entrar ou, pelo menos, uma resposta oficial de algum administrador. Este cortou toda e qualquer possibilidade das pessoas apresentarem queixa ou fazerem reclamação no livro amarelo, ora dizendo que as pessoas estavam sob o efeito do alcool, ora tentando dissuadir com argumentos energumenos que a sua pequenina cabeça - dos poucos musculos que tal cavalheiro pouco deve usar - permitia.
Este saiu e interpelei novamente o outro segurança, mais educado e prestável, atendendo às circunstâncias. Perguntei então como poderiam devolver o meu dinheiro e ele disse que só no dia seguinte... perguntei como poderia provar que fiquei à porta e que não tinha faltado à sessão, ele responde que no dia seguinte será devolvido o dinheiro. Pergunto se pode chamar um responsável que me diga aquilo que ele me disse e ele diz-me que só no dia seguinte havia um responsável... a minha namorada volta e diz-lhe novamente que já há pessoas a entrar para outra sessão e que nada foi cancelado nem tinham ordens para cancelar. Ele diz que nada pode fazer e que a informação que tem é que foi tudo cancelado. Ela diz que é uma fraude e ele concorda mas que não pode fazer nada.
Volta o energumeno não identificado e, ao que parece tem uma justificação para o cancelamento. Refere que os espectáculos foram cancelados "devido a motivos que somos alheios", foi o que disse. Foi a melhor resposta que obtivemos nessa noite... Eu soltei uma gargalhada a que ele fez cara de poucos amigos, e outras pessoas insurgiram-se, dizendo que fizeram vários quilometros para chegar a tempo da sessão, ao que ele responde inteligentemente "está a ver, eu sou alheio a isso"... Fala-se em chamar os jornais, no porquê da polícia não fazer nada e tento pedir para que ele mostre identificação. Ele recebe uma chamada e dois minutos depois diz que só pode entrar quem tem bilhete de cinema. Muitas pessoas tinham bilhete para uma sessão que já tinha começado. Entrei.
A menina que estava na entrada, ao entregarmos os bilhetes, desfez-se em desculpas pois tinham recebido a informação que as sessões que ainda não tinham começado já não iriam começar. E a musica ainda a tocar, já eram 3h da manhã. Perguntamos o que podemos fazer, se nos devolvem o dinheiro, ao que ela responde que ou nos devolvem ou trocamos os bilhetes para outra sessão sem qualquer encargo, mas vai tentar saber se há sessão.
Houve sessão, entramos às 3:10 para a sala e outras pessoas que reconheci da entrada, que tinham bilhetes para outras sessões, acabaram por ver o Código Da Vinci.
Não encontro explicação para este tipo de comportamento, nem vi a té agora qualquer justificação por parte do centro comercial Dolce Vita. Nem toda a gente sabe do sucedido e quem conheço que foi ver os Toranja disse que foi muito bom, que estava muita gente e que tudo correu bem. Há aqui uma falha grave, uma fraude e um anuncio de algo brilhante que não correu bem mas que ninguém sabe; só ficou que o centro comercial Dolce Vita promoveu uma abertura 24h que correu lindamente e que todos ficaram satisfeitos. Isto é mentira!
Nesse sentido publico aqui o relato do que se passou, bem como vou escrever cartas aos jornais regionais e nacionais a expor o sucedido, bem como vou enviar também à administração do Dolce Vita. Apelo a quem ler este texto e que tenha passado pelo mesmo para também juntar a sua voz porque este tipo de acontecimento não pode voltar a acontecer.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

Sem comentários: