quarta-feira, julho 05, 2006

Está na hora! À bientôt, les bleus...

A cerca de uma hora do jogo da meia final do mundial já só se pensa no jogo e na hipótese de Portugal chegar à final. Acho que isso deve ser um passo natural que, seguramente, já está enraizado na cabeça dos jogadores. Mas não na do adepto. O adepto português ainda se lembra daquela meia final do Euro 2000 em que perdemos com a França num penalty sobre uma discutivel mão do Abel Xavier. Para muitos o desejo de vingança sobrepõe-se a uma vitória tranquila... certamente a mesma ideia que tiveram holandeses e ingleses antes do jogo contra nós, lembrando-se do Euro 2004. Seja qual for o resultado hoje, que confio que vai ser uma vitória, esta selecção já fez história. Não só por igualar o resultado de 66 - não vou entrar nas teorias dos "ses" porque isso não interessa - mas porque demonstraram crença, o que é algo que tem estado afastado da mente portuguesa dos ultimos anos.
Lembro-me de ter escrito, durante o Euro 2004 e após a vitória do F.C. Porto na Liga dos Campeões, que os portugueses começaram a mostrar com orgulho a sua lingua, costumes e a deixarem de se esconder na capa de bem receber, bem falar e bem entender os estrangeiros. Somos uma nação valente, imortal, abrimos os caminhos do mundo - apesar de pequeno país - e temos as nossas valias. Temos a mania que somos abaixo dos outros, pessimismo como nunca, mas no meu entender deve-se a uma simples razão: medo. Medo de vencer, medo de ser melhor que os outros, medo de mostrar aos outros que podemos ser melhor em muitas coisas!
O espírito do futebol, tal como no Euro, deve agora alargar-se para as mentalidades. Começar a amar o país, a apoiar medidas mesmo que não sejam favoráveis, camaradagem, boa vizinhança. Protestar sempre que as coisas não estão bem, mas de forma civilizada e com respeito pelo outro - Há canais para isso! - Orgulho de ser quem somos e não olhar só para o nosso umbigo, para a nossa pequena parcela de terreno. Sozinhos não somos nada, mas juntos somos muitos. E bons.

E para esta meia final não somos só os 10 milhões residentes, somos os emigrantes espalhados pela europa, pelo mundo; somos os brasileiros que vibram pelas quinas e pelo Felipão; somos os países de lingua portuguesa que vêem em nós uma esperança e a luz de um futuro melhor, mais visivel; somos todos aqueles espanhóis, argentinos, alemães que no dia a dia convivem com portugueses espalhados pelos 4 cantos e que simpatizam com um povo simpático, acolhedor e reinadio.
Somos a língua.
E vamos à final!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

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