quarta-feira, setembro 15, 2004

Inspiração repentina, e volto à escrita creativa...

Não sei bem o que foi, possivelmente um anjo passou e deixou-me este pedaço de creatividade. Algo que não posso deixar de publicar, afinal não é todos os dias que a Musa me chama e me inspira!
Obrigado Musa, espero que gostes! ;)

Trânsito - parados no meio da confusão da cidade; cinzento - núvens que trazem um aguaceiro irritante; vento - ligeiro mas que muda a direcção da chuva, e molha propositadamente, gozando com a minha cara...
Fecho os olhos e vejo muito para lá desta realidade que habito. Fecho os olhos e vejo claramente uma imagem: uma cara, um corpo, um sorriso. A alegria contagiante invade-me o corpo e provoca-me um arrepio.
Sinto que sorrio para corresponder ao teu; sinto uma ponta de ridiculo por poder estar a sorrir na realidade, de olhos fechados, no meio do caos do trânsito. Mas sinto o tal arrepio de felicidade porque vejo que do outro lado, naquela realidade momentânea que é o mundo de olhos fechados, estamos a olhar fundo nos olhos do outro, e a sorrir de felicidade, da alegria de mais um encontro, da perspectiva do abraço de sentir o perfume bom do outro.
Sei que me vais ver; sei que o vais ver. Pode não ser no preciso instante temporal, mas sei que fecharás os olhos; sei que verás a imagem, este mundo que agora estou a ver, mas na tua perspectiva. Sei que ficarás tão feliz quanto eu perante essa visão e que sentirás que na realidade real farás o tal sorriso de olhos fechados.
Um sorrir alivia o mundo, e o teu é belo! Um par de olhos cristalinos, sinceros, ilumina tudo e todos que os possam apreciar e ver a brancura. Consigo aquecer-me perante esse olhar penetrante, ansioso e atencioso, que pelos meus penetra fundo, e procura dentro de mim a palavra amor.
Palavra que te exprimo imediatamente com o olhar; que respiro com mais força ao ver-te; que aperto com mais força no teu abraço; que beijo com carinho nos teus lábios; que repito incessantemente, em murmurio, ao teu ouvido...
Abro os olhos... continuo no mesmo trânsito na mesma chuva no mesmo vento brincalhão que salpica a chuva.
Noto ao longe um pedaço azul de céu por entre as núvens carregadas... afinal ainda posso ter esperança!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

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