Aproveitando os 15 dias de férias em que o café, onde comecei a trabalhar recentemente, está fechado, estarei fora de Coimbra com uns amigos até à próxima terça-feira (em principio), lá para terras alentejanas, a conhecer locais que - em amiudes comentários - são maravilhosos. Mesmo assim escrevo antes da partida porque há certos assuntos que gostaria de salientar, e aproveitar para deixar uma posta após quase 15 dias de falta de actualização.
- No outro dia vinha n'O Publico online uma noticia em que o Ministério da Ciência e Ensino Superior iria utilizar-se da classificação da investigação feita nas universidades para, assim, estas investigações poderem dar um bónus às depauperadas contas universitárias. No caso da Universidade de Coimbra temos muita e boa investigação, mas nem sempre essa investigação usa, ou aproveita, os alunos da Universidade para colaborações que seriam do maior interesse para a instituição, professores, alunos, e para um mercado de trabalho mais fléxivel e técnico. Pode-se falar que há alunos a mais e nem todos podem ter uma oportunidade, pode-se dizer que haverá professores que recolhem todos os louros para si, pode-se dizer que os alunos nem sempre serão uma boa aposta para certos trabalhos porque há prazos a cumprir, e baixos financiamentos, e não é aplicável. São vários comentários que podem ser feitos. Expressei uma opinião pessoal de conteudo um tanto ou quanto provocatório para todos os utilizadores da rede interna do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Coimbra, à espera que, desta forma, pudesse recolher opiniões mais acérrimas por parte dos professores. Num corpo docente de 35 pessoas, se não me engano, responderam-me 4. Agradeço as respostas sinceras e considero muito interessante o ponto de vista, no entanto aplica-se o mesmo conceito: os alunos sabem pouco sobre a carreira docente e sobre muito do trabalho que se faz na investigação; mas os docentes também pouco se preocupam com o desempenho dos vários alunos que têm, o porquê de por vezes não terem as melhores notas e quais as condições em que estudam e trabalham, e a forma como são feitos os regulamentos, reestruturações, avaliações em muitos casos.
- Nesse mesmo assunto, cada um protege a sua casa e atira pedras para as que têm telhados de vidro, ou seja: aqui a investigação é muito boa, em muitos casos muitos estudantes são beneficiados, etc. Concordo, mas o "bolo" todo do ensino superior não é feito por casos de excelência como existem em muitos locais da Universidade de Coimbra, e também devia haver um interesse pelo geral do Ensino Superior, algo que os alunos têm lutado, e não só pelo seu cantinho. Quando acho que muitos docentes vão preterir uma boa transmissão de conhecimentos, em detrimento da investigação que pode ser melhor classificada e com isto ajudar o depauperado orçamento da Universidade, julgo que não andarei muito longe de muitos casos que se passarão em muitas instituições de ensino superior. Mas também não tenho provas do que digo, são suposições de quem já está à muitos anos na Universidade.
- O impedimento de atracagem do chamado "Barco do Aborto" em qualquer porto português é o maior absurdo que já se viu, em tudo comparável à forma como a Coreia do Norte e a China agem quando é algo contra os principios dos seus governantes. Está bem, aquela prática como é feita no barco será provavelmente criminosa, mas não o é fazer abortos em vãos de escada, por pessoas não habilitadas a tal? Nesta forma de proibir um possivel (e discutivel) crime, não se está a proteger um ainda mais hediondo, que não atenta a umas células mal diferenciadas, mas à vida humana? Ou, melhor ainda: isto é algum talho?!
- Francis Obikwelu colocou Portugal no quadro dos países com atletas mais rápidos do mundo; fez o seu melhor e pediu desculpa por não ter conseguido duas medalhas; noutros casos criticam-se os organismos porque não se soube procurar, desiste-se porque se está muito atrás, exibem-se vergonhosa e brutalmente e clamam que fizeram o seu melhor. No desporto como na realidade, procuram-se bodes expiatórios para os insucessos e pede-se demais a quem teve sucesso. O que lamento é que Francis estará esquecido dentro de duas semanas, mas os atletas que pisaram a bandeira e a camisola de Portugal nos relvados de Atenas estarão nas bocas e nos ombros do mundo...
Bom, até ao meu regresso!
Cumprimentos!
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
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