O Magnífico Reitor dá-nos mais uma lição... de como não se deve apregoar!
O Reitor da Universidade de Coimbra foi eleito, praticamente, graças aos estudantes. Estes destituiram, ou forçaram (porque não têm poder para a destituição) à saida de Fernando Rebelo porque este não tinha opinião formada, ou por compromissos políticos nunca mostrou opinião, sobre o financiamento do ensino superior publico. Pelo seu background, e forma de pensar, os estudantes viram na figura se Seabra Santos um sangue novo, uma irreverência, e uma forma de estar de oposição à forma de pensar governativa.
No entanto, Fernandinho apareceu com caldos de galinha e decidiu tornar as salas da Reitoria num baixa-calças e beija-cús governamental, ou porque não tem outra hipótese por influências internas de quem tem mais poder na Universidade - os professores, muitos deles professores doutores que não admitem que um simples mortal como um aluno os aborde num corredor, e, crime mortal, não diga os seus títulos académicos - e vai daí tornou-se no comunista mais privado de todos, fazendo com que a Universidade de Coimbra esteja na vanguarda das universidades publicas portuguesas no que respeita à fixação do preço da propina, não fosse a forma pouco democrática como os estudantes interromperam as reuniões de senado em que essa questão era votada.
Hoje aparece Fernandinho no diário As Beiras com o seguinte ponto de vista, muito interessante para quem partilha ideiais comunistas. Reparem só nesta pérola (será que também foi gravada em off-record?!), sobre os alunos com pagamentos em atraso na Universidade de Coimbra: "Para Seabra Santos, “esta situação pode ser dramática para o estudante e não defende o interesse público, na medida em que fica prejudicado o acesso de cidadãos a uma habilitação superior e gorado todo o investimento entretanto já efectuado pelo Estado”. "
Ou seja: porque o estudante não paga uma coisa que acha absurda, e é a sua unica forma de protesto, já não defende o interesse publico; porque o estudante não paga está a prejudicar outros cidadãos de aceder ao ensino publico; porque o estudante não paga o investimento feito pelo estado vai por água abaixo... então surge a pergunta: qual é o dever do Estado nesta situação toda, se é ao estudante que cabem todas as responsabilidades por não pagar?!
Mais à frente na reportagem diz-se que "o valor das propinas traduz, por ano, um montante de cerca de um milhão e meio de contos para Universidade de Coimbra"; acrescendo a isso uma notícia do Publico de segunda feira, em que os investigadores com a sua actividade de investigação podem ajudar a aumentar o orçamento da sua univerisidade, e será justo pensar assim: conheço, na universidade de Coimbra, alunos que têm aulas com 70 alunos em salas que dão para 20; laboratórios para licenciatura e mestrado com equipamento obsoleto; laboratórios e salas onde chove; professores que não dão aulas durante grande parte do semestre e avaliam os alunos; faculdades que não dão condições para determinadas aulas; faculdades que só existem no papel mas não têm espaço fisico próprio com condições para dar e ter aulas condignas...
Para onde vai o milhão e meio de contos de propinas? O dinheiro que as famílias pagam a mais porque têm o "privilégio" de ter um filho na Universidade? O dinheiro para ter o "privilégio" de ter um filho licenciado sem ter vaga de emprego? Que tem de investir mais dinheiro num mestrado porque não há mercado para si, mas haverá mercado para mais universidades publicas?
Outras perguntas passiveis, sr. prof. Dr. Fernandinho: como é possivel que alunos de Letras, Direito, gestão, Economia, Sociologia, Psicologia (que têm cursos muito menos dispendiosos) ou Desporto (que não tem instalações senão lá para 2010) paguem a propina máxima no próximo ano lectivo, votada pelos dignissimos senhores professores doutores (cobardes que não são capazes de afrontar os estudantes que eles chamam de mal criados, anti democráticos e geração rasca...) num vão de escada, com uma ordem de tribunal em cima; como é possivel que pessoas que tanto lutaram pela democracia num país, se vangloriem pela liberdade, pelo ensino publico, pelas ideias vanguardistas, venham exigir dos seus filhos, sobrinhos ou netos paguem pelos erros de gestão, erros de má governação passados ao leme de faculdades e universidades, e fujam com o rabo à seringa e bolsos cheios de dinheiro e irresponsabilidade?
Haverá aqui algum défice democrático? Ou deficiencia de ideias de quem já está ultrapassado, esclerosado, raquitico de ideais, opiniões e com as baionetas dos outros ranhosos esclerosados que têm mais poder que o próprio poderoso?
Bate no pequeno, porque ele será incapaz de te chegar com a lança...
Parabéns Magnifico Reitor, e senhores presidentes das Faculdades da Universidade de Coimbra: conseguiram chegar onde queriam e estão quase a apagar a negligência e incompetência ao serviço à custa de umas quantas cabeças a menos no ensino superior, cabeças que pagam para nunca terem o curso que almejaram. Nas guerras morrem sempre inocentes, não é?
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
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