"É hoje..."
Foi com esta frase na cabeça que acordei estremunhado com o alarme a tocar. Olhei para o relógio e vi que já estava a tocar à 5 minutos, porém só agora o ouvi.
Liguei o rádio enquanto preparava a tralha para o duche quente. Lá fora o inverno visivel disfarçava o verão ausente, a sua altura de eleição. Mas a chuva batida a vento insistia em se esborrachar contra as janelas e paredes e chão, por todos os lados.
Nas noticias ouço um ataque terrorista numa capital europeia. Ainda meio a dormir não percebi bem qual a capital nem que tipo de ataque tinha sido, ainda não havia muitos pormenores.
"... é hoje..."
Não sabia bem porquê de ser hoje nem o motivo pelo qual a frase não me saia da cabeça. Parvoice certa, pensei. Sai do duche quente, pensei nas pessoas que gostaria de encontrar, ou talvez apenas contactar. Vesti-me maquinalmente e sai de casa em direcção ao metro.
Na estação estão centenas de pessoas de forma ordenadamente desordenada à espera da sua vez de serem tragados pelo comboio citadino.
Entramos no tunel. Ao longe ouve-se um telemovel a tocar e um senhor a dizer apenas "é hoje".
Estrondo no tunel.
Explosão...
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
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