terça-feira, julho 24, 2007


Portugal vs Espanha
O português tem inveja do espanhol. Excepto no futebol, que apesar de não termos ganho nada ainda, e termos aquelas vitórias morais que tanto gostamos, aí somos patriotas - ou nacionalistas - ferrenhos, os maiores, ninguém nos pára.
No entanto na realidade não é assim. Olhamos para o pais vizinho com a inveja de gostar de ser como eles e, como optamos sempre pela via mais fácil, o mais fácil seria a integração de Portugal em Espanha.
Várias pessoas amigas, que considero de bastante inteligência, já o referiram em conversa de café, que até gostariam de ser espanhóis - não referiram que gostariam de ter nascido em Espanha, mas que passassem a ter cidadania espanhola sem mexer uma palha do local onde nasceram e vivem actualmente.
E porquê esta ideia? Eu tenho uma teoria. Somos sedentários, não gostamos muito de nos mexer. Somos desconfiados em relação aqueles que elegemos, àquelas pessoas que decidem investir num negócio proprio e criar emprego, enfim, somos desconfiados em relação áqueles que arriscam ter sucesso. Mas gostamos de ser os melhores amigos dos casos de sucesso, se possivel fazer parte dele sem mexer muito.
É ai que se encerra a minha teoria. Espanha é o vizinho que arriscou o sucesso. E está a viver dele. E cada vez mais o sucesso se mantém e a população tem orgulho do si, das suas regiões, dos seus produtos - mesmo que mais caros - e dos governantes. A Espanha tornou-se um dos motores da europa e tem neste momento um clima económico e empresas gigantes mundiais com muito mais capacidade e sucesso que países como a França ou Alemanha, a braços com vários problemas sociais e de empregabilidade.
O que me deixa triste nestas teorias é que Portugal tem essa mesma capacidade. Temos bons recursos humanos - e prova disso é ver a maioria das comunidades emigrantes em França, Estados Unidos, Alemanha, Canadá, Luxemburgo, Brasil, em que muitos sairam daqui para fugir à ditadura, com uma mão à frente e outra atrás, e agora são donos de negócios de sucesso, empreendedores, bons patrões e exemplares na sociedade - bom clima, boa capacidade em muitos campos. Mas em vez disso preferimos ser absorvidos pelos espanhois do que trabalhar e lutar por sermos como eles. Porque nós, coitadinhos, não temos capacidade.
Reconheço que em Espanha se fez muito e bem. Também têm defeitos, obviamente e como todos. E que devemos olhar para o exemplo e tentar à nossa maneira seguir o caminho - sem copiar, que tem sido a constante de vários governos. Se somos capazes e temos capacidade porque não fazê-lo?



Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

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