Estava eu a ler um dos jornais que aqui é disponibilizado gratuitamente nas escolas e residências universitarias (Le Figaro, Liberation, Tribune, Le Monde), neste caso o Le Figaro, e deparo-me com uma historia curiosa, em forma de editorial. Esta historia aconteceu mesmo e teve lugar no Canadà. Aqui vai uma traduçao livre do texto:
"Raymond Sobesk, um canadiano de 47 anos de Toronto, ganhou 30 milhoes de dolares canadianos (18,8 milhoes de euros), o maior prémio de sempre do Canadà no Loto. O caso nao seria unico nao fosse a esperteza deste senhor: em vez de se deixar levar pela loucura do novo riquismo, a ninguém disse da sua nova fortuna, somente guardou o boletim ganhador num cofre forte de um banco.
A semana passada, quando faltavam 12 dias para terminar o prazo de validade do bilhete, e consequente anulaçao do prémio, ele comparece junto ao guichet para o reclamar.
- Foi a primeira vez que um vencedor esperou tanto tempo; nos pensavamos que o bilhete se tinha perdido! - explicou Kathy Pittman, porta-voz da Ontario Gaming and Lottery. - Como pode alguém guardar um bilhete assim tanto tempo? - questiona ela.
Durante este tempo ele nao esteve parado: consultou experts financeiros, juristas, banqueiros, para se permitir gerir o seu pé de meia como um profissional. Sem duvida precavendo-se da sorte funesta de muitos ganhadores que, em pouco tempo, perdem toda a sua fortuna. Satisfazem caprichos, sonhos antigos e dos novos amigos - adormecem no ouro e acordam na palha! Alguns nao suportam a passagem da infinita riqueza ao zero e poem fim aos seus dias. Porém este vencedor foi prudentissimo, segundo contou à imprensa apos levantar o prémio - nem à mulher nem aos parentes contou, nem dispensou menos atençao ao seu trabalho, continuando como se nada se tivesse passado.
Ninguém se apercebeu de nada na empresa, ele continuou meticuloso: um observador atento pode simplesmente referir que ele deixara em ordem o seu trabalho para o seu sucessor.
- Pensei que seria do meu interesse guardar para mim até que tivesse tratado de tudo. - Ele nem sequer faz referencia aos juros perdidos por ter o capital imobilizado durante um ano; possivelmente foi calculado, concluindo que perderia menos do que se se lançasse em despesas inuteis. Hoje nao se define como milionario, simplesmente como um
Achei esta historia interessante e resolvi publicà-la no meu blog. Esta postura abre bastantes discussoes, como quantas pessoas seriam capazes de fazer o que ele fez. Para mim, neste momento, se ganhasse um prémio no Loto aqui em Paris acho que nao conseguiria guardar durante tanto tempo, levantaria o prémio para poder estar mais à vontade no dia-a-dia, mas serà que gastaria todo?
E a questao de conseguir guardar um segredo destes de toda a gente? Quem vai confiar agora nele atendendo a esta demonstraçao de puro sangue frio tipico de um James Bond?
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
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