segunda-feira, abril 19, 2004

Religião e religiosidades, a proposito da Pàscoa

Fui na sexta-feira passada a um concerto dado por uma americana, cantora profissional, a um grupo de pessoal variado que tem cursos de inglês para franceses; como a mim me da jeito o inverso, ou seja, treinar o meu frances, la fui n expectativa de falar um pouco das duas linguas, desenferrujar, e conhecer gente.
Ao que parece essa associaçao faz parte de um grupo protestante, mas acolhem todo o tipo de pessoas que queriam entrar nas actividades, seja nos grupos de inglês, seja nos pic-nics que fazem ao fim de semana, seja nas vezes que se encontram para um pouco de desporto, ou em "soirées" casuais, como essa de 6a feira, e outras em que foram assistir ao filme "A paixao de Cristo" (que também espero ainda assistir, se ja nao tiver saido das salas).
O que me leva a escrever sao dois assuntos que nao estarao bem ligados: a "palestra" dada por um professor doutor em belas artes, e que versou o tema da pàscoa e ressurreiçao, e a estranheza das pessoas com quem falei quererem perceber o porquê de eu nao abraçar qualquer religião (eles vincaram bem o facto de ser ateu, apesar de nao me considerar bem nesse intervalo, mas sim a tentar perceber o fenomeno religioso).
Assim, o douto professor referiu-se a uma sondagem, em como 45% dos franceses acreditavam na ressurreiçao (depois sublinhou que a sondagem fora feita apenas aos cristaos); depois falou e falou sobre a pascoa e sobre esse fenomeno de ressurreiçao, de viver apos a morte.
é algo que eu acho estranho na igreja catolica (diga-se religiao cristã): eles tendem a querer demonstrar aos outros, nao crentes (alguém que eles consideram como perdido e pobre de espirito) que aquilo que dizem é verdade porque està escrito num livro com muitas metaforas e escrito à milhares de anos, com as devidas imprecisoes (nao so de traduçao como da forma como as pessoas viam certos fenomenos na altura); mais do que isso: nunca acreditaram na ressureiçao dos Faraos egipcios porque, segundo diziam, a sua religiao (com o deus unico Iahvé) era a unica existente, porém querem fazer crer aos outros que na sua (unica religiao) houve alguem a ressuscitar, tal como se dizia que os faraos faziam. Outro ponto que me parece importante e que eles nao se cansam de sublinhar, é que os cristaos sairam do Egipto porque la eram escravizados, e passaram por enormes tormentos até chegarem à sua terra, que eles criaram e cultivaram com o seu suor e sangue e chamaram seu pais. Até ai tudo bem, mas ja se provou que os unicos "escravizados" no antigo Egipto - e que nao o eram bem, tinham uma especie de contrato em que trabalhavam para um templo durante certos anos apos o que eram livres de voltar para o seu pais ou de permanecer no Egipto, sendo pagos pelo seu trabalho - eram os prisioneiros de guerra, que os hebreus (cristaos) eram peritos na arte de fazer tijolos, artesãos bem experimentados e bem pagos, que ajudaram na construçao das capitais de Faraos como Akhenaton (que também acreditava num deus unico, Ra, deus Sol) e Ramsés II. Para terminar, convem dizer que os hebreus, como povo, também tinham escravos, podendo eles escravizar mas nao trabalhar para outrém...
No caso das pessoas tentarem saber o porque de nao ter religiao, ou nao ser catolico, muçulmano, o que quer que seja, tento argumentar que houve certos periodos da historia que me levaram a nao gostar da forma como a Igreja Catolica tratava os seus fiéis, e que ainda nao conhecia a fundo os fundamentos Cristãos (leia-se a Biblia), bem como gostava de ler o Corão e outros livros de outras religioes. Até ao momento estou fascinado pela forma como os antigos Egipcios interpretavam a religião e de que forma adoravam os seus deuses, e aceitavam os dos outros, coisa que as "novas" religioes nao aceitam.

Para mim neste momento a religiao é um negocio: tive oportunidade de ouvir a missa no domingo, transmitida algures de Paris, em portugues, pela Radio Alfa (curiosamente o padre tinha aquela caracteristica que todos os padres têm, que é um xotaque beirao), e ele numa frase sintetizou tudo o que escrevi: "a lei da fé é acreditar sem ter visto"...
Mais palavras para quê?



Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

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