segunda-feira, junho 21, 2004

"às armas, às armas
sobre a terra e sobre o mar
...
pela patria lutar..."
Excerto Hino de Portugal


Bravos, fantasticos, excelentes, herois!
Nao falo dos jogadores da selecçao mas do povo, esse monstro adormecido, que o senhor Scolari teve a virtude de acordar. Temos sido enormes, temos dado liçoes à Europa, ao Mundo, aos governantes portugueses.
Temos acarinhado os jogadores, que começaram mal, mas nem por isso os rejeitamos: redobrou-se o carinho e atençao, como faz uma mae carinhosa que mesmo chamando à atençao do filho para ter cuidado, o ajuda a levantar da queda, e da um beijo no local que doi, so para passar a dor.
Ontem so de ouvir que desde que o autocarro saiu de Alcochete para Alvalade, por onde quer que passasse, carros paravam a acenar com o que tivessem, arrepiou-me; puxou-me o sentimento. Enchi o peito de ar e rumei à Casa de Portugal para ver o jogo.
Ambiente de festa, bastantes pessoas, mesmo alguns espanhois (de ambos os sexos e ainda bem) que sairam tristes pela sua selecçao, mas que foram confortados por aqueles que ganharam mais uma batalha, mas nao guardam reféns.
Durante o jogo o nervoso habitual que guarda os grandes jogos. Principalmente nos homens, que dao mais atençao ao futebol; a forma nervosa como expressavamos as nossas preocupaçoes, como acorriamos a cada jogada de perigo levava a que algumas raparigas presentes perguntassem se estava tudo bem, se estava muito nervoso.
Elas, na maioria, nada percebiam de futebol ou das contas que faziamos de cabeça mal a Russia marcou golo, mas sempre entusiastas a puxar pela selecçao, a vibrar com cada aproximar da baliza.
Fim da primeira parte, ainda a zero. Olho para tras, onde andava um par de pessoas atarefadas na cozinha; vejo os papeis: cerveja - 50c. 50c!!! Preciosidade! Obrigado Portugal por estares aqui tao perto!
Geladinha, para combater o nervoso, so faltam os... olha também ha! Tremoços!
Espectaculo!
Segunda parte, o golo: gritos, saltos, abraços a quem se conhece e nao se conhece, às espanholas, às paredes, portas... mais uma Super!
Agora era a pior parte: quase uma parte de sofrimento, de segurar resultado e nervos. Cerveja ajuda, tremoços mordem-se com raiva para libertar tensoes. Fla-se de futebol com os mais proximos, explico as contas às meninas que estao ao meu lado, muito simpaticas. Os espanhois nao se manifestam, as espanholas coitadinhas, estao tristes.
Apito final: festa! Mais uma super! Para os espanhois "désolé, me gusta la Espana"; para as espanholas, belas "désol, me gustam las espanolas..." no bom sentido, claro!
Champs Elysées, pintados de verde e vermelho, com o grito de Portugal a ecoar de cima a baixo da grande e famosa avenida; buzinas, gritos, musicas... canta-se o hino a plenos pulmoes. Um atrevido poe um cachecol num policia que, respeitosamente e com um sorriso lhe devolve, e apos faz um ar mais sério para que nao repitam a graça. Aqueles armarios vstidos de azul, com cacetes do tamanho de uma pessoa estao ali para velar pela segurança, a fazer o seu trabalho, com respeito e paciencia.
é a segunda vez que Paris festeja com fato de gala uma vitoria portuguesa. Digo Paris porque tem uma grande comunidade portuguesa, mas a alegria é contagiante e das janelas ha quem acene e veja a festa.
é tarde, volto para casa.
No silencio do quarto guardo na memoria este dia. Faltam três finais. Possivelmente mais três vezes que os Champs Elysées vao encher; ou talvez nao... mas ja nao nos olham como os coitadinhos daquele cantinho à beira mar plantado.
Canta-se a memoria, canta-se a gloria. Os verdadeiros herois sao aqueles milhoes que dao toda a sua força para que os felizes seleccionados possam mostrar a força colectiva de um pais.
Scolari acordou o monstro...
VIVA PORTUGAL!!!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, junho 14, 2004

FESTA DOS SANTOS POPULARES - RADIO ALFA
1o Capitulo


Pois é, foi ontem! Começando pelo fim - o concerto dos Xutos e Pontapés!
Ver um concerto dos comendadores do Rock Português durante o dia nao tem a mesma piada que de noite; ver quase sobrio, apesar de ser sempre espectacular, também nao é a mesma coisa; e beber mais estava fora de questao porque cada bebida custava 2.50€... mas para aqui até nem é caro!
O concerto foi fantastico, eles mesmo de dia continuam com a mesma energia, e o Tim estava até com energia a mais - ou de dormir pouco ou por efeitos do alcool (ja lhe vi aquela forma de estar noutro palco, noutra noite, LOL...) - e desde a primeira vez que mostrei o cachecol da Briosa o Zé Pedro abriu mais o sorriso, e apontava para mim sempre que mostrava - chegamos mesmo a cantar o "Briosa... briosa...", sendo eu a unica pessoa la da frente a fazê-lo, com ele do lado do palco! Arrepiante! Principalmente para os palermas que estavam a mostrar cachecois do benfica e que ninguém ligou importancia: senti que a Académica se tornou, ali naquele espaço, o clube central para toda aquela gente!
Tocaram durante cerca de hora e meia, e nao tocaram mais porque ja eram 21:15 e muita gente veio de longe; no entanto foram os que tocaram mais tempo, sendo logo seguidos pelo Jorge Ferreira, musico pimba radicado nos EUA, mas que tocando com banda até parece menos pimba, e pelo Fernando Girao, que devem ter tocado à volta de 1 hora e 15. A Mariza também foi um bom espectaculo, mas fado ali naquelas condiçoes é muito dificil, mas ela fez um esforço enorme e o publico correspondeu.
Quanto à audiencia, que pormenorizarei no segundo capitulo, so tenho a dizer uma coisa ( e parafraseando uma musica do Jorge Ferreira): "a portuguesa, é a mai'linda...". Realmente as luso descendentes, emigrantes, e nao so, deram um espectaculo de elegancia, beleza... e fome a muitos dos necessitados!
Contrastando com o especial cuidado que elas tiveram em ir deslumbrantes para a festa - como ficam bem as camisas da selecçao nas meninas! - os rapazes lusodescendentes, emigrantes ou coisa que o valha, nao têm cuidado nenhum (ou pensam que têm), sendo o mau gosto a nota dominante. Mas isso é uma questao de gostos, e estava mais ocupado a olhar para as meninas ;)
Nao perder o segundo capitulo, proximamente!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

sexta-feira, junho 11, 2004

Serà demais pedir a taça?!

Eu acho que é. Estou muito confiante na participaçao de Portugal no Euro, mas acho que nao somos, nem de longe nem de perto, favoritos. Isso é o que dizem os outros so para tirarem a responsabilidade das suas costas e por nas dos outros. Nao estou a diminuir o valor de Portugal, e acho que podemos ser campeoes, e é uma coisa que devemos sonhar e pedir aos jogadores e equipa técnica, mas com os pés bem assentes no chao. Dificil é estar la, e foi muito mais dificil desta vez estar no Euro porque tivemos de construir estadios, organizar clubes, pessoas, mentalidades. Até à quinze dias ainda se dizia que Portugal nao estava preparado, que havia falhas de segurança, de salarios, de coisa que o valha. Mas as nossas caracteristicas fazem-nos ser os piores criticos de nos mesmos, mas juntarmos as vozes para nos superarmos. E fazemos as coisas com sucesso, mesmo quando todos dizem à tres ou quatro meses que o Euro tem tudo para ter sucesso, nos ainda estamos a olhar para aquele pedaço de escada junto ao estadio que esta sujo à meses, e por isso os estrangeiros vao achar que somos feios, porcos e maus.
Exigir à selecçao a taça é, acima de tudo, estar os 90 minutos a apoiar. Saudar pela vitoria, e ser o ombro de conforto na derrota. Sem o publico eles sao nada, e se perdermos um jogo vamos chorar mas temos de sorrir quando os jogadores sairem tristes, e temos de erguê-los para o proximo desafio. Pelo menos na primeira fase.
é preciso acreditar. Eu acredito. Por isso nao é demais pedir a taçao. Por isso é necessario mostrar tudo o que temos da nossa naçao a dizer que a amamos, sejam cachecois ou bandeiras, de clubes, nacionais, tudo.
Desfraldem-se as bandeiras, pintem-se de verde e vermelho, mascarem-se de esfera armilar...
Amanha estarei em Créteil a ver o jogo na base de loisirs, onde vai decorrer no domingo a festa dos Santos Populares da Radio Alfa. Com o belo cachecol da Académica, que é tudo quanto tenho para demonstrar o orgulho que tenho da minha naçao, da minha selecçao. E espero festejar!
Ja começamos com uma vitoria que foi levar à realidade este europeu, construindo e reconstruindo 10 estadios, gastando uma pipa de massa e dando o nosso melhor. A segunda vitoria podera ser amanha - eu estou confiante nisso!
VIVA PORTUGAL!!!
Um abraço,
Paulo Aroso Campos
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

terça-feira, junho 08, 2004

"... meti-me nas ruas da alta de Coimbra,
passei pelo Tony..."
Tu metes nojo - "O Violador"


Na passada sexta-feira, e a convite dos meus camardas de residência (pois colegas sao as putas), sai em confraternizaçao prazenteira até um bar nocturno da capital francesa. Fomos pelo RER até a Saint Michel, mesma estaçao da conhecida catedral de Notre Dame. O pub chamava-se, originalmente, Pub Saint Michel.
Constatei, nao com surpresa, que os preços sao proibitivos, pelo menos na visao conimbricense da coisa: uma Amstel (que me fez rapidamente lembrar a Liga dos Campeoes) de pressao custava 4€, e uma caneca da mesma 7€. Por acaso nessa noite tinha decidido nao comprar cerveja no supermercado e fazer uma noite tranquila e sem alcool... o que fui eu pensar!
A minha sorte foi que os tipos, bacanos, me pagaram uma cerveja ainda na residencia, e levaram um saboroso vodka laranja (com creme de banana que limpa o tom alcoolico do vodka - diga-se que era meia garrafa de vodka!). Ao entrarmos, nenhuma confusao com os porteiros por sermos muitos homens; la dentro mulherio nao faltava, sendo de destacar que, agora sim para minha surpresa, havia muitas mesas so com mulheres (em grupos entre 3 e 12!). Subimos para um local confortavel, com umas belas poltronas e uma tv sintonizada no Fashion TV (isto lembra-me qualquer coisa...). A empregada, simpatica e com um agradavel fio dental vermelho que se notava à distância - ainda nao tenho a certeza se era ou nao florescente, mas chamava a atençao de todos os rapazes do pub - veio atender o pessoal e tive a segunda surpresa da noite: os tipos da residencia olhavam de uma forma para a empregada que estive com a impressao que ela seria violada ali, num gang bng orgiaco. Felizmente nada se passou, porem mais à frente na noite apercebi-me que, realmente, os franceses (pelo menos aqueles) sao uns autenticos animais carroceiros, que fazem com que qualquer trabalhador da construçao civil portugues passe por cavalheiro (menos na linguagem, obviamente).
As meninas parisienses, e algumas estrangeiras também, ou têm problemas de visao, ou olham (e provocam) insistentemente para o macho, demonstrando o seu cio, mas sem se pronunciarem, esperando que o macho tome a iniciativa de as abordar, seja directamente com conversa possivel com musica em altos berros, ou através de dançs mais ou menos rituais, a lembrar os rituais de acasalamento animais.
Digo-vos, carissimos e carissimas, que ali o CEREJOADE estaria como peixe na agua! Em dança as meninas francesas apreciam e procuram o contacto; posso demonstra-lo com uma situaçao que se passou com este que vos escreve: à falta de mais conteudo alcoolico, que remedio senao abanar-me na pista, ao ritmo musical (seja qual for o ritmo todos se mexem quase da mesma forma, so que uns mais discretos outros mais espalhafatosos), quando uma menina por sinal bem interessante, acompanhada por outra menina ruiva (nao tao interessante mas também) e pelo namorado (este encostado ao bar), se começa a chegar mim, em dança, e a roçar-se. Ora eu, apos a ter visto com o namorado, fui-me afastando por nao querer problemas; todavia ela continuava a sua dança frentica procurando o contacto e, possivelmente (e naturalmente!) querendo excitar o macho. Um dos rapazes da residencia exclamou alto e carroceiramente em bom som "vai-te à gaja! ela quer-te comer, ela quer-te comer!". Quando lhe disse que ela estava com o namorado, ele exclamou "mas esta a roçar-se a ti...", e sorriu. Bem visto!
Mesmo assim continuei a afastar-me e deixei uns rapazes ficarem à minh frente, e assim nos bloquearem. Com eles ela nao fazia o mesmo...
Passados uns momentos ficamos novamente proximos e a tipa, continuando os seus movimentos, teve um atitude curiosa que, quem ja esteve num bar de strip, conhece: virou-se de frente, em dança sensual, e em vez de olhar para mim olhou para o namorado que estava no bar...
Eles carroceiros, elas malucas, mas sem tomarem a iniciativa de um contacto. Esse tem de partir do macho. Sim, porque mesmo maluca a mulher gosta de se sentir conquistada!
Como vos dissesteis apos uma visita à Covilha, o cavalheirismo esta-se a perder: cavalheiros jamais!
Cumprimentos!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quinta-feira, junho 03, 2004

"Bonequinha de borracha,
Vives dentro de uma caixa...
...
sorris com delicadeza
quando te visto de princesa"
Boneca de borracha, Irmaos Catita


Tenho a impressao, nos ultimos tempos, de que o que aqui escrevo da voltas e voltas e acaba por nao ter qualquer significado. A que se deve esta falta de inspiraçao, esta subita perda de coeficiente humoristico sarcastico que caracterizava a minha tao célebre prosapia?
Ora é dificil ter resposta para isso, mas nem sempre, nos breves minutos que tenho disponiveis para escrever mails, para ler os jornais da santa terrinha, de escrever o artigo para o site d'A Cabra, e de ver gajas nuas às escondidas, me deixa espaço imaginativo para vir aqui dar uma escarradela intelectual, ainda mais humoristica.
Isto a vida nao esta para os humoristas, e os dramas vendem sempre muito mais. Ou nao. Senao veja-se o caso que vende na imprensa portuguesa: o Benfica vai ou nao perder a taça de Portugal por causa da falcatrua com o Ricardo Rocha? Fatalidade! O que se fala mais?... deixem-me ver: quem vai ser o proximo treinador do Benfica? Drama! Mas nao é so do Benfica que se fala, ha mais noticias em Portugal, tipo: quem vai substituir o Fernando Santos no Sporting?

E quero dizer, do alto da torre Eiffel, bem alto, enquanto urino (para comprovar a teoria de que parte da urina evapora antes de chegar ca abaixo): e eu com isso?!

Queria saber como foi o primeiro fim de semana do Rock in Rio, néribites; quero saber noticias da Briosa, nada; quero saber como anda o pais: Casa Pia...

Como nada de importante se passa no meu pais, enquanto jantava no outro dia junto a duas morenaças e uma loura bombaça, estava a admirar um tipo (porque nao podia estar sempre a olhar para as tres que estavam ao meu lado, e a baba nao me dava grande aparencia de macho) que parecia um actor que entrava no programa da Maria Rueff, que fazia de intelectual de esquerda na cena com o Zé Manel taxista. O gajo era tal e qual, oculos de tartaruga, face castiça. Quando passava uma tipa jeitosa, o tipo deixava cair a comida que tinha na boca e fazia daqueles sorrisos amarelos de quem é apanhado em flagrante delito. Depois balbuciava umas palavras na direcçao da menina que, ao passar, nem via a hilariaridade da cena.
Para aumentar a gargalhada, por enquanto interna, e ao ver um grupo de malta a levantar-se com os tabuleiros na mao, do que me lembrei (e porque me lembrei disto?!): do videoclip da musica "Push the tempo", em que a malta toda, mal começava a ouvir a cançao, nao conseguia segurar a vontade do corpo em dançar à parva!
Nesta altura começo a rir, apesar do esforço para nao parecer parvinho por me rir sozinho ao pé daquelas 3 belas jovens, e, qual doença contagiosa, começam-se também a rir.
Infelizmente foi o unico contacto que tivemos - trocar gargalhadas. Apos isso terminei a minha refeiçao e fui-me embora...
Isto nao tem nada a ver, e continuo com a ideia que nao disse nada.
Mas porque é que hei-de dizer alguma coisa de interessante?

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt