quinta-feira, junho 03, 2004

"Bonequinha de borracha,
Vives dentro de uma caixa...
...
sorris com delicadeza
quando te visto de princesa"
Boneca de borracha, Irmaos Catita


Tenho a impressao, nos ultimos tempos, de que o que aqui escrevo da voltas e voltas e acaba por nao ter qualquer significado. A que se deve esta falta de inspiraçao, esta subita perda de coeficiente humoristico sarcastico que caracterizava a minha tao célebre prosapia?
Ora é dificil ter resposta para isso, mas nem sempre, nos breves minutos que tenho disponiveis para escrever mails, para ler os jornais da santa terrinha, de escrever o artigo para o site d'A Cabra, e de ver gajas nuas às escondidas, me deixa espaço imaginativo para vir aqui dar uma escarradela intelectual, ainda mais humoristica.
Isto a vida nao esta para os humoristas, e os dramas vendem sempre muito mais. Ou nao. Senao veja-se o caso que vende na imprensa portuguesa: o Benfica vai ou nao perder a taça de Portugal por causa da falcatrua com o Ricardo Rocha? Fatalidade! O que se fala mais?... deixem-me ver: quem vai ser o proximo treinador do Benfica? Drama! Mas nao é so do Benfica que se fala, ha mais noticias em Portugal, tipo: quem vai substituir o Fernando Santos no Sporting?

E quero dizer, do alto da torre Eiffel, bem alto, enquanto urino (para comprovar a teoria de que parte da urina evapora antes de chegar ca abaixo): e eu com isso?!

Queria saber como foi o primeiro fim de semana do Rock in Rio, néribites; quero saber noticias da Briosa, nada; quero saber como anda o pais: Casa Pia...

Como nada de importante se passa no meu pais, enquanto jantava no outro dia junto a duas morenaças e uma loura bombaça, estava a admirar um tipo (porque nao podia estar sempre a olhar para as tres que estavam ao meu lado, e a baba nao me dava grande aparencia de macho) que parecia um actor que entrava no programa da Maria Rueff, que fazia de intelectual de esquerda na cena com o Zé Manel taxista. O gajo era tal e qual, oculos de tartaruga, face castiça. Quando passava uma tipa jeitosa, o tipo deixava cair a comida que tinha na boca e fazia daqueles sorrisos amarelos de quem é apanhado em flagrante delito. Depois balbuciava umas palavras na direcçao da menina que, ao passar, nem via a hilariaridade da cena.
Para aumentar a gargalhada, por enquanto interna, e ao ver um grupo de malta a levantar-se com os tabuleiros na mao, do que me lembrei (e porque me lembrei disto?!): do videoclip da musica "Push the tempo", em que a malta toda, mal começava a ouvir a cançao, nao conseguia segurar a vontade do corpo em dançar à parva!
Nesta altura começo a rir, apesar do esforço para nao parecer parvinho por me rir sozinho ao pé daquelas 3 belas jovens, e, qual doença contagiosa, começam-se também a rir.
Infelizmente foi o unico contacto que tivemos - trocar gargalhadas. Apos isso terminei a minha refeiçao e fui-me embora...
Isto nao tem nada a ver, e continuo com a ideia que nao disse nada.
Mas porque é que hei-de dizer alguma coisa de interessante?

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

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