"às armas, às armas
sobre a terra e sobre o mar
...
pela patria lutar..."
Excerto Hino de Portugal
Bravos, fantasticos, excelentes, herois!
Nao falo dos jogadores da selecçao mas do povo, esse monstro adormecido, que o senhor Scolari teve a virtude de acordar. Temos sido enormes, temos dado liçoes à Europa, ao Mundo, aos governantes portugueses.
Temos acarinhado os jogadores, que começaram mal, mas nem por isso os rejeitamos: redobrou-se o carinho e atençao, como faz uma mae carinhosa que mesmo chamando à atençao do filho para ter cuidado, o ajuda a levantar da queda, e da um beijo no local que doi, so para passar a dor.
Ontem so de ouvir que desde que o autocarro saiu de Alcochete para Alvalade, por onde quer que passasse, carros paravam a acenar com o que tivessem, arrepiou-me; puxou-me o sentimento. Enchi o peito de ar e rumei à Casa de Portugal para ver o jogo.
Ambiente de festa, bastantes pessoas, mesmo alguns espanhois (de ambos os sexos e ainda bem) que sairam tristes pela sua selecçao, mas que foram confortados por aqueles que ganharam mais uma batalha, mas nao guardam reféns.
Durante o jogo o nervoso habitual que guarda os grandes jogos. Principalmente nos homens, que dao mais atençao ao futebol; a forma nervosa como expressavamos as nossas preocupaçoes, como acorriamos a cada jogada de perigo levava a que algumas raparigas presentes perguntassem se estava tudo bem, se estava muito nervoso.
Elas, na maioria, nada percebiam de futebol ou das contas que faziamos de cabeça mal a Russia marcou golo, mas sempre entusiastas a puxar pela selecçao, a vibrar com cada aproximar da baliza.
Fim da primeira parte, ainda a zero. Olho para tras, onde andava um par de pessoas atarefadas na cozinha; vejo os papeis: cerveja - 50c. 50c!!! Preciosidade! Obrigado Portugal por estares aqui tao perto!
Geladinha, para combater o nervoso, so faltam os... olha também ha! Tremoços!
Espectaculo!
Segunda parte, o golo: gritos, saltos, abraços a quem se conhece e nao se conhece, às espanholas, às paredes, portas... mais uma Super!
Agora era a pior parte: quase uma parte de sofrimento, de segurar resultado e nervos. Cerveja ajuda, tremoços mordem-se com raiva para libertar tensoes. Fla-se de futebol com os mais proximos, explico as contas às meninas que estao ao meu lado, muito simpaticas. Os espanhois nao se manifestam, as espanholas coitadinhas, estao tristes.
Apito final: festa! Mais uma super! Para os espanhois "désolé, me gusta la Espana"; para as espanholas, belas "désol, me gustam las espanolas..." no bom sentido, claro!
Champs Elysées, pintados de verde e vermelho, com o grito de Portugal a ecoar de cima a baixo da grande e famosa avenida; buzinas, gritos, musicas... canta-se o hino a plenos pulmoes. Um atrevido poe um cachecol num policia que, respeitosamente e com um sorriso lhe devolve, e apos faz um ar mais sério para que nao repitam a graça. Aqueles armarios vstidos de azul, com cacetes do tamanho de uma pessoa estao ali para velar pela segurança, a fazer o seu trabalho, com respeito e paciencia.
é a segunda vez que Paris festeja com fato de gala uma vitoria portuguesa. Digo Paris porque tem uma grande comunidade portuguesa, mas a alegria é contagiante e das janelas ha quem acene e veja a festa.
é tarde, volto para casa.
No silencio do quarto guardo na memoria este dia. Faltam três finais. Possivelmente mais três vezes que os Champs Elysées vao encher; ou talvez nao... mas ja nao nos olham como os coitadinhos daquele cantinho à beira mar plantado.
Canta-se a memoria, canta-se a gloria. Os verdadeiros herois sao aqueles milhoes que dao toda a sua força para que os felizes seleccionados possam mostrar a força colectiva de um pais.
Scolari acordou o monstro...
VIVA PORTUGAL!!!
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
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