quinta-feira, abril 27, 2006

Análise de um Portugal (2)
... no seguimento do post anterior...

Já repararam que países como França e Alemanha têm mais feriados que Portugal? Normalmente costuma ser essa a desculpa para o fraco desenvolvimento lusitano... afinal temos menos dias feriados que países mais desenvolvidos e mais bem pagos da europa!

Agora tentem saber se em França ou na Alemanha fazem "ponte" ou tolerância de ponto... ou sequer se têm essa palavra ou se tem o mesmo significado...
Ná!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Análise de um Portugal

Hoje vi no telejornal que o governo planeia aumentar o imposto sobre os combustíveis, sendo que este não é um aumento mas uma actualização, feita todos os anos, por causa da inflação. Na semana passada uma reportagem muito interessante mostrava como num posto de gasolina da mesma empresa gasolineira (e portuguesa) - GALP - em Ayamonte (para quem não sabe é a vila espanhola que faz fronteira com Vila Real de Santo António, no Algarve) a gasolina era mais barata que em Portugal em cerca de 25 cêntimos. Depois, mostrava-se que o preço da gasolina em Espanha é mais barato porque o imposto sobre os combustiveis no outro lado da fronteira é cerca de 10% mais baixo do que aqui, e o IVA lá é 16% e aqui é 21%.
Voltando atrás no tempo, os impostos aumentaram porque o défice disparou. Durão Barroso, o mesmo que se chama agora José Manuel Barroso e é presidente da Comissão Europeia, disse que o país estava de tanga e que todos precisavamos de fazer um esforço. O dele foi notório: colocou os problemas do país em cima de um incapaz e visionário (Santana Lopes) e mudou-se de armas e bagagens para Bruxelas, com ordenado europeu (será que continua a pagar impostos em Portugal?). José Socrates disse que também não tinha hipótese pois o orçamento feito pelo governo de Santana Lopes era irreal e o défice estava muito acima do esperado.
Por estas e por outras somos o povo que tem os salários mais baixos, a maior diferença salarial entre quadros, temos os impostos directos mais altos e os indirectos dos mais altos, pagamos a generalidade das compras de supermercado acima dos preços em Espanha, França e Alemanha, gasolina inclusivé, e ainda temos de fazer um esforço em suportar isto, continuar com actualizações de impostos ao valor da inflação e actualização salarial abaixo da inflação... e ver uma assembleia em dia de votação quase deserta, mesmo quando se antecipa a votação por um dia porque no seguinte é "tolerância de ponto"... - e muitos deputados que assinam o livro de ponto mas piram-se, qual estudante matreiro que pede a um colega para assinar por ele na aula, e não participam naquilo para o qual são pagos.
Sou contra qualquer tipo de desonestidade para com o Estado, fugas de impostos, fraudes, coisas do género, porque sinto que não é justo para o restante da população que não o faz/não quer fazer. No entanto parece que o Estado (ou quem o representa) se esforça para que isso aconteça.
Para quando chamar à responsabilidade os políticos e governos responsáveis pelo agravamento do défice, desde o mais baixo secretário de estado despesista, ao ministro das Finanças? É que de responsabilidades políticas já estou farto, porque não leva a nada, e, como na frase tipicamente portuguesa, quem se FODE continua a ser o mexilhão.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quarta-feira, abril 26, 2006

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Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Quero dizer...

... que não tenho nada para dizer.
De Alberto Caeiro, excerto d'O Guardador de Rebanhos, Há Metafísica bastante em não pensar em nada. (fonte: Jornal de Poesia - Fernando Pessoa (obra completa))

O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!

(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quinta-feira, abril 20, 2006



150 edições do jornal universitário A Cabra

A Cabra está de parabéns. Soube evoluir com o tempo, soube organizar-se dentro da Associação Académica de Coimbra, ter o seu espaço e a sua margem de manobra. Neste momento é formada por muitos estudantes de jornalismo, cada vez mais, e, como sempre foi, por outros estudantes e colaboradores que têm o "bichinho" da investigação, reportagem, escrita, fotografia.
Quando entrei na universidade, em 1996, o jornal A Cabra lutava para se impôr. A sua periodicidade estava praticamente assegurada mas a colaboração nem sempre era igual e a escrita nem sempre imparcial. Muitas vezes foi feita a voz do estudante nas páginas das várias edições, se bem que de um modo não muito contundente, mas não havia imparcialidade. Neste momento acho que é um orgulho para os profissionais da comunicação, para a universidade, para a AAC e para a cidade de Coimbra que os membros que quinzenalmente produzem o jornal consigam ser imparciais - mesmo quando não o querem - e conseguem produzir um trabalho de grande qualidade, visto dessa forma por pessoas da área.
Acho que é um grande elogio para todos quantos colaboram. Acho também que todas as provocações de dentro da academia, de que o jornal devia ser uma voz contra o reitor, contra o governo e contra tudo e todos são de certa forma vistas como um elogio, um orgulho de sorriso nos lábios, de missão cumprida por serem superiores e conseguirem dar uma visão justa e imparcial dos problemas e passarem por cima da opinião pessoal e própria de quem escreve.
A todos os membros que colaboram para o jornal A Cabra o meu singelo agradecimento por manterem a fasquia tão alta, por acompanharem todos os que fazem da universidade a sua vida e por fazerem esse trabalho com tão grande satisfação e prazer.
Parabéns!


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quarta-feira, abril 19, 2006

terça-feira, abril 18, 2006

Optei por "colar" uma crónica do Miguel Esteves Cardoso no meu blog por este ser um dos escritores portugueses que mais admiro e que mais gosto de ler, sejam livros, opiniões, ou qualquer texto rabiscado seja onde for. Para quem não conhece basta ler; para quem não gosta pode escolher ler e criticar ou simplesmente não ler. Eu li, reli e copiei para este espaço para que muitos que não têm acesso assim o possam ter.

Elogio ao amor
(crónica de Miguel Esteves Cardoso na Revista Única, que acompanha o Expresso)

Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de pratica. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calcas e das contas da lavandaria.·
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-socio-bio-ecologica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não da para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. E' sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.

A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

sexta-feira, abril 14, 2006

Partiu...
Sem olhar para trás, levando consigo o coração destroçado. Uma pequena corrida, abrir a porta de casa e entrar. Assim, simplesmente.
Do outro lado olha a cena, sem poder fazer, falar, participar. Já participou demais, e sem saber muito bem como. E sente, interiormente, o mesmo que sentiu aquele corpo leve ao sair e atravessar a estrada, sem olhar para trás, sem olhar para si.
Coração destroçado.
Mas com culpa(?)...

Monty Python - Always Look On The Bright Side Of Life

Some things in life are bad
They can really make you mad
Other things just make you swear and curse
When you're chewing on life's gristle
Don't grumble, give a whistle
And this'll help things turn out for the best
And...

...always look on the bright side of life
{whistle}
Always look on the light side of life
{whistle}

If life seems jolly rotten
There's something you've forgotten
And that's to laugh and smile and dance and sing
When you're feeling in the dumps
Don't be silly chumps
Just purse your lips and whistle - that's the thing

And... always look on the bright side of life
{whistle}
Come on
Always look on the bright side of life
{whistle}

For life is quite absurd
And death's the final word
You must always face the curtain with a bow
Forget about your sin - give the audience a grin
Enjoy it - it's your last chance anyhow

So always look on the bright side of death
Just before you draw your terminal breath
Life's a piece of shit
When you look at it
Life's a laugh and death's a joke, it's true
You'll see it's all a show
Keep 'em laughing as you go
Just remember that the last laugh is on you

And always look on the bright side of life
{whistle}
Always look on the right side of life
{whistle}

Come on guys, cheer up

Always look on the bright side of life...

Always look on the bright side of life...

Worse things happen at sea, you know

Always look on the bright side of life...

I mean - what have you got to lose?
You know, you come from nothing
- you're going back to nothing
What have you lost? Nothing!

Always look on the bright side of life
{fade}
(fonte: www.vagalume.com.br)

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quinta-feira, abril 13, 2006

"Plenário tinha apenas 111 dos 230 deputados
Falta de quórum impede votações na Assembleia da República
A falta de quórum devido à presença em plenário de apenas 111 dos 230 deputados impediu hoje as votações semanais na Assembleia da República, que exigem a comparência de mais de metade do hemiciclo."
in Publico online

Com que cara estes cavalheiros aparecem a justificar o não aumento de salários, as baixas fraudulentas, o aumento de impostos, quando no seu próprio local de trabalho, para fazer umas das coisas mais importantes para as quais são eleitos e pagos - votar na Assembleia da República - eles estão ausentes?
Foi decretada tolerância de ponto para amanhã, quinta feira, à tarde (a tão famosa ponte), e as votações da A.R. foram alteradas para hoje por causa da Páscoa... porém muitos dos senhores deputados decidiram faltar ao trabalho e prolongar as férias!

Belo exemplo, cavalheiros!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quarta-feira, abril 12, 2006

Imaginação até ajuda, mas não pode [deve] contribuir...
Risco para a saúde.
Pelo contrário a letra em seguida deve ser das mais bem conseguidas do Pedro Abrunhosa. Aconselho vivamente!

Pedro Abrunhosa - O Diabo No Corpo
by Pedro Abrunhosa
(fonte: www.vagalume.com.br)

Corpo
Como um mapa sagrado,
Em ti desenho o pecado.
Escrevo o mundo no meu
Corpo,
Com um toque divino,
Faço da pele o destino.
Sente nas mãos este meu
Corpo
Uma estátua ardente,
E a cada toque teu,

Até a passerelle devagar
Se vai abrir por ti,
E toda a música que ouvires
Irá ser por existires
Sempre que digo:

Uhuuu, tenho o Diabo no corpo,
Uhuuu, tenho o Diabo no corpo
Leva o meu
Corpo,
Por um momento eterno,
Fazes-me a vida um inferno.
Escondo um louco no meu
Corpo,
Um infinito prazer,
Por isso: "Qu'est-ce qu'on va faire?".
Só tenho tempo para o meu
Corpo,
Como uma sombra inquieta,
E nessa voz discreta,

Até a passerelle devagar
Se vai abrir por ti,
E toda a música que ouvires
Irá ser por existires
Sempre que digo:

Uhuuu, tenho o Diabo no Corpo,
Uhuuu, tenho o Diabo no Corpo.


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

terça-feira, abril 11, 2006


E porque hoje parece tão real...

Placebo - Protege Moi
by Placebo

C'est le malaise du moment
L'épidémie qui s'étend

La fête est finie on descend

Les pensées qui glacent la raison

Paupières baissées, visage gris

Surgissent les fantômes de notre lit

On ouvre le loquet de la grille

Du taudit qu'on appelle maison


Protect me from what I want

Protect me from what I want

Protect me from what I want

Protect me

Protect me


Protège-moi, protège-moi {x4}


Sommes nous les jouets du destin

Souviens toi des moments divins

Planants, éclatés au matin

Et maintenant nous sommes tout seul

Perdus les rêves de s'aimer

Le temps où on avait rien fait
Il nous reste toute une vie pour pleurer

Et maintenant nous
sommes tout seul

Protect me from what I want
Protect me from what I want

Protect me from what I want

Protect me

Protect me

...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

segunda-feira, abril 10, 2006

Matrimónio, casamento, casório

Não consigo entender a ideia das mulheres, em geral, relativamente ao casamento. Todas são contraditórias mas, e por incrivel que pareça, vão encontrar-se todas na mesma vontade. Desde a mais sufragista à mais democrata cristã, a maioria tem um sonho cor de rosa sobre o casamento.
Penso que há toda uma envolvente que, tal como os anuncios de brinquedos para o natal, as faz ficar tão interessadas num contrato onde constam duas assinaturas:
- as compras os brindes o vestido os convidados os padrinhos a igreja o copo de água a preparação a encenação...
Isto foi tudo o que descobri, entre outras coisas que, em certos casos também interessam para a realização do evento (coisas menores como o sentimento, a gravidez, o dinheiro ou bens de uma ou outra parte, o serem do mesmo sexo...).
No entanto acho que há, acima de tudo, uma sensação de desconhecimento. Um pouco como na morte: o que há para lá daquele acontecimento? O que se passa durante? É que conversando com quem passou por essa cerimónia, há um hiato, uma perda de memória generalizada; algo entre a espera, as palavras (sábias ou não, com ou sem pormenores de proxenetismo e lenocinio) do pároco local, as assinaturas dos documentos e a chegada ao copo de água, com estado civil diferente, que ninguém se lembra, percebe, explica, divulga. É um horizonte de acontecimentos de um buraco negro!
No entanto o casamento distingue, de forma bastante evidente, um homem de uma mulher. Para a maioria das mulheres o casamento é o culminar de um sonho, o começo de outro - constituir familia, estar com a pessoa que ama, mostrar a todos os amigos, familiares e desconhecidos como é feliz ao concretizar esse sonho; no caso dos homens, na sua maioria, o casamento não figura nos seus sonhos. Nestes poderemos encontrar variadissimos relacionados com sexo - ménage à trois, sexo com uma mulher (ou mais) de cada continente, com uma loura, morena, ruiva e negra - com futebol - o seu clube ser campeão nacional, europeu ou mundial - com riqueza - ganhar o euromilhões - ou sentimentos - comer a vizinha tesuda (este pode entrar na categoria sexo).
Tendo em conta que vivemos num país ainda bastante devoto à fé cristã e que a igreja católica subjuga a mulher e não a entende como igual em relação ao homem, pode-se daqui concluir que a mulher tem fantasias de ser submissa, ao submeter-se a um homem só porque há, pelo meio, um altar, um bouquet, convidados, vestido de noiva, lua de mel, etc?!
Para mim continua um mistério, até ao dia em que passar pelo momento. E levo gravadores e câmaras de filmar, para divulgar ao mundo em rigoroso exclusivo, a razão de tanto mistério! ( e ficar rico e famoso por isso)

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

sexta-feira, abril 07, 2006

O outro lado da rua

O outro lado da rua. Pode ser utilizado metafóricamente como um obstáculo, algo inalcansável ou dificil de alcançar. Pode ser apenas o que visualizo como outro lado da rua. O que lá está, o que passa, o que não está e que gostaria que estivesse.
O outro lado da rua. Leva dois peões, um de cada lado. Que não se olham nem conhecem. Que se entreolham. E se conhecem, e se passam a conhecer...
Ou não.
O outro lado da rua, que faz com que um peão atravesse e vá em busca do outro, imaginário. Que chama pelo nome imaginário mas que a sua voz fica ali, a pairar, com todas as letras como que numa ausência de gravidade ficam paradas no mesmo local onde foram proferidas. E não saem. E o imaginário não se volta, nem ouve nem vê.
O peão volta para trás.
E volta a atravessar a rua. Para o outro lado.
Que está vazio. Como a estrada e os carros e o passeio e as pessoas.
Vazio. Sem testemunhas.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt