sexta-feira, abril 07, 2006

O outro lado da rua

O outro lado da rua. Pode ser utilizado metafóricamente como um obstáculo, algo inalcansável ou dificil de alcançar. Pode ser apenas o que visualizo como outro lado da rua. O que lá está, o que passa, o que não está e que gostaria que estivesse.
O outro lado da rua. Leva dois peões, um de cada lado. Que não se olham nem conhecem. Que se entreolham. E se conhecem, e se passam a conhecer...
Ou não.
O outro lado da rua, que faz com que um peão atravesse e vá em busca do outro, imaginário. Que chama pelo nome imaginário mas que a sua voz fica ali, a pairar, com todas as letras como que numa ausência de gravidade ficam paradas no mesmo local onde foram proferidas. E não saem. E o imaginário não se volta, nem ouve nem vê.
O peão volta para trás.
E volta a atravessar a rua. Para o outro lado.
Que está vazio. Como a estrada e os carros e o passeio e as pessoas.
Vazio. Sem testemunhas.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

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