28 (vinte e oito [dois-oito])
Cruzo as nuvens a alta velocidade, mas quase como se estivesse parado. Olho pela janela do avião e cá em baixo tudo muito pequeno, quase sem se aperceberem as povoações, a estrada, a presença de inteligência. Os olhos tentam manter-se abertos, a excitação é grande, mas a cabeça dói. Cada pequena mudança na altitude percebe-se no corpo como se este, encostado ao banco, não tivesse peso significativo.
Sorrio.
Sorrio ao caminhar pelas ruas largas da cidade fria e cinzenta, ao lembrar aquele sorriso e aquelas situações que trocamos quando estamos juntos. Abraçados. Onde não há frio. Mas estamos longe e sorrio de pensar em ti, aqueço de pensar em ti, de sonhar contigo. Olho com admiração os altos edificios, a diferença de cada rosto, de cada cor, de cada olhar, da língua. E com os olhos no presente, o corpo no passado e pensamento no futuro, sonho.
Sonho com o futuro.
Sonho no fim, acordo. Quarto escuro, cama. Olho para o lado para ver se o rosto é o mesmo do sonho. Não. Estou sozinho. Olho para o relógio, para mim passaram-se horas: 7:58...
Porra, adormeci à uma hora...
Viro-me para o lado, tentar adormecer. Esquecer o que sonhei...
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
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