sexta-feira, outubro 29, 2004

ECLIPSE

Aguardo ansioso por ver-te, ó lua cheia, motivo de amores e imagem de divindades. De ti espero a luz que ilumina o mundo na obscura noite.
Hoje é um dia especial: vais fugir de mim, colocar-te temporáriamente nas trevas, para voltares calma e resplandescente ao teu lugar original - a olhar-me, a iluminar-me, a deixares-te adorar por este ser minusculo que por ti se enamorou.
Como és bela! Notam-se, ao olhar com atenção, que em ti se vêem marcas temporais de um passado dificil, qual mulher lutando pela sua reviravolta social; as cicatrizes que mostras orgulhosamente são marcas de periodos de lutas conturbadas, de formação, de afirmação.
Começas a desaparecer lentamente no céu nocturno. A Terra, planeta invejoso mas onde sobrevivo, impede-me de continuar esta paixão platónica, este amor longinquo, que abordo com ansiedade pela distância, mas também calmo porque sei que o teu amor é recíproco. Ver-te partir é um encobrir do mundo no escuro da morte, na ilusão aparente que tudo o que era visivel e seguro é agora um grande bando de fantasmas negros que atacam no negro da noite.
Encobre-se o céu - acontece aquilo que eu temia! Não vou poder ver o teu aparecimento fulgurante, o teu renascer de uma morte fingida e não vislumbrada. Vais sentir-te morta pela minha falta de atenção, pelo meu amor vazio, que só se demonstra nestes momentos.
Entristeço. Sinto dor. Sofro. Porque nunca mais te vou ver. Porque nunca mais te vou poder conhecer e tocar. Porque nunca mais me vais deixar cortejar-te como bom admirador. Porque falhei e não admites falhas. Choro...
Com as minhas lágrimas de tristeza profunda abre-se um precedente: ouves-me ao longe quando ainda espreitas por uma fresta! Ouves o pingo caído, ouves o soluço verdadeiro, vês o manto fingido que encobre a presença de ambos. Aí moves montanhas e mundos, abres tempestades e marés e nuvéns e sofrimentos e tristezas! Rompes o manto de núvens.
De olhos ainda marejados não observo o teu esforço colossal. Mas percebo, com uma alegria que em mim começa a despontar, que me iluminas mais forte que nunca. Como um holofote de glória para mim dirigido! A alegria transborda, e ainda com os ultimos restos de mar a escorrer-me pela face, esboço um sorriso, o coração quase que sai do peito, a respiração aumenta!
Voltaste para mim; voltaste para iluminar!
É assim que vejo um eclipse lunar - uma história entre dois apaixonados que não se deixam vencer pelas dificuldades constantes do amor e da vida.
Obrigado Luna!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quinta-feira, outubro 28, 2004

Na impossibilidade pessoal de escrever alguma coisa de minha autoria, qualquer que fosse o conteudo, recebi hoje por e-mail este texto. Como achava interessante distribuir mas estou com dificuldades em enviar, decidi publicá-lo no meu blog: não só enriquece este espaço com algo de belo e muito bem escrito (a que nunca vou conseguir atingir tal estado), como enriquece cada um que ler e sentir o que leu.
Prometo voltar com posts de minha autoria brevemente!
A todas e todos os leitores,
beijos e abraços.
Paulo Aroso Campos

Dar ou amar?
(Luís Fernando Veríssimo)

"Dar não é fazer amor. Dar é dar.
Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete.
Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...
Te chama de nomes que eu não escreveria...
Não te vira com delicadeza...
Não sente vergonha de ritmos animais.
Dar é bom.
Melhor do que dar... só dar por dar.
Dar sem querer casar....
Sem querer apresentar pra mãe...
Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.
Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...
Te amolece o gingado...
Te molha o instinto.
Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem esperar ouvir futuro.
Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para os mais desavisados, talvez anos.
Mas dar é dar demais e ficar vazio. >Dar é não ganhar.
É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra dar primeiro abraço de Ano Novo e pra falar: "Que que cê acha amor?".
É não ter companhia garantida para viajar.
É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.
Dar é não querer dormir encaixadinho...
É não ter alguém para ouvir seus dengos...
Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.
Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, >uma chance ao amor.
Esse sim é o maior tesão. Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuar
Experimente ser amado..."

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

domingo, outubro 24, 2004

Perdoem-me o egoismo de recorrer a uma musica francesa para este post, mas esta é genial

Zoé - Luke

ne te blesse que d'air pur
couvre-toi d'étincelles
zoe,
trace donc le trait qui rassure
et que ta ligne soit belle
zoe,

tes amours
sont des légendes
que désapprouve
ton ange
ton ange

n'étreins qu'en morsures
les seigneurs de la guerre
zoe,
fait suinter leur armure
qu'ils y voient de l'univers
zoe

tes amours
sont des légendes
que désapprouve
ton ange
ton ange




Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quinta-feira, outubro 21, 2004

"Estamos aqui para cooperar com os estudantes"
(Frase utilizada pelo famoso Sargento Saraiva da GNR, no programa de rádio Bandamecos)


Faixa de Gaza ou Pinhal de Marrocos?

Nunca fui apologista de invasões de Senado para impedir votações, mesmo sabendo que seria a unica forma de protelar uma decisão injusta, como pagar uma propina anual de 880 Euros para frequentar uma Universidade Pública, financiada pelo Orçamento de Estado; sempre achei que seria mais correcto, responsável e motivo de consciência tranquila, pelo menos, haver da parte dos estudantes senadores um rotundo "não" a este valor de propinas, no entanto noutras situações em que não foi possivel a invasão do dito órgão, estes estudantes decidiram-se pela saída da reunião. É uma decisão que respeito apesar de não concordar, e respeito principalmente porque saiu de um órgão democrático da Academia - a Assembleia Magna, onde todos os estudantes da Universidade de Coimbra podem participar e votar as moções.

No entanto o que hoje se passou seria motivo de orgulho de um qualquer Rosa Casaco, ou elementos da PIDE, ou mesmo o nosso "amigo" Oliveira Salazar terá dado uma risadinha de escárnio no caixão. Porque uma pessoa com ideias de esquerda, assumidamente comunista e filiado nesse partido, tomou uma atitude prepotente, estupida e irracional, ao chamar a Policia a terrenos Universitários para permitir a reunião de Senado e impedir uma possivel invasão. Para isso a Policia estava à porta a identificar um por um os estudantes senadores, condição unica da sua entrada no órgão, como se fossem emigrantes na fila de entrada do Aeroporto, onde só alguns têm visto de entrada. Um professor da Faculdade de Direito sentiu-se humilhado na ultima greve quando os alunos lhe impediram a passagem; que dizer se esse senhor fosse abordado pela Policia, para se identificar, para poder fazer parte da reunião de um órgão democrático?

O Magnifico Reitor, com esta posição, mostrou a sua corrente stalinista de funcionamento de uma ideologia ultrapassada, sangrenta, a tentar justificar o injustificavel com a candura de rosto e ignorância de espírito. Mostrou como sabe dar a cara para criticar em belos discursos, floreados de criticas (quiçá copiados de algum alfarrábio ou cassete na sede de partido), e depois agir de forma completamente fora desse seu discurso, chamando a polícia para conter a raiva dos bandalhos dos estu(pi)dantes...

Sr. Reitor, tenha paciência e não engane mais ninguém! Não precisamos de gente da sua laia, com vómitos de moral e bons costumes que nem nos tempos da velha senhora eram utilizados. Ponha a mão na consciência (porque uma bala é pedir demais) e renda-se às evidências! A demissão não é uma palavra vã e ainda lhe dá uma restia de dignidade.

Para bem da Universidade de Coimbra, o Magnífico Reitor Fernando Seabra Santos e todos os elementos do corpo docente que fazem parte do senado deviam pintar a cara de merda, pedir a demissão para esconder a vergonha, após explicarem porque é que a Universidade de Coimbra e algumas faculdades estão na ruína e precisam da propina máxima de cada aluno para que o buraco orçamental que cavaram não alargue!


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quinta-feira, outubro 14, 2004

Teoria do caos, e repercussões...

... ou uma opinião sobre a Abertura Solene na Universidade de Coimbra.

"Renato Teixeira assume que este grupo adopta "uma táctica de desobediência civil de modo a fazer com que o Governo caia o mais rapidamente possível"."
in Diário As Beiras, 14 Outubro 2004

A famosa teoria do caos postula algo parecido com isto: o bater de asas de uma borboleta na Florida está directamente ligado ao aparecimento de um tufão no Japão. Com esta declaração de Renato Teixeira durante a invasão na abertura solene, vejo que este criativo do Conselho das Républicas conseguiu mais um passo para a concretização desta teoria. Veja-se: desobediência civil para fazer cair Governos! Invasão de uma abertura solene da Universidade de Coimbra! Já ouço o bruá da populaça!
Medo! Dor!... pena...

Desde que entrei na Universidade, no longinquo ano de 96, ainda com a Zita Henriques nos destinos da AAC, a luta contra as propinas já estava num movimento descendente, mas ainda estava quente. Nessa altura o Conselho das Républicas era um conjunto de pessoas que admirava porque, além de representarem algo nobre como as républicas - que se destacam pelo companheirismo, democracia, integração, tertulia, respeito (sejam pela ou contra a praxe) - apresentavam-se sempre em Assembleias Magnas bem informados, com uma certa dose de ironia e critica bem estruturada, por vezes de forma abrupta diziam as verdades que ninguém gostava de ouvir, apresentavam a ferida e tocavam sem qualquer preconceito ou medo. Desses manifestos, sempre mostrados por um deles, saiam sempre propostas ou moções, mais radicais do que as da DG, como é normal, mas sempre possiveis de fazer e com aquela ponta de irreverência e imaginação que sempre caracterizou os alunos de Coimbra.
Neste momento, com a extinção do Colectivo Ruptura, o Conselho das Républicas cumpre um excelente papel na divulgação das Magnas e atrai algum do seu público, sempre interventivo e com incentivos a que os mais novos se expressem no palanque.

Mas... há sempre um mas... neste momento lamento dizer, mas a irreverência que antes caracterizava, tornou-se amargura, fel. Um ódio que passa por cada palavra de cada elemento que toma a palavra; um radicalismo exacerbado que eles mostram com opulência, como que para ridicularizar os quantos que são mais certinhos. Sem qualquer humildade, eles põem na boca dos outros as suas palavras e desprezam opiniões que são opostas das suas; não têm pejo em apelidar de fascistas quem eles não concordam, e dão sempre o mote das palmas/apupos sempre que acham isso necessário.
Depois das fantochadas e palhaçadas em Magnas, em que gostam de acusar os outros de não terem quaisquer ideias, de umas quantas defesas de honra e protestos para quem não gostam da opiniõa, amansam a multidão e dizem aquilo que a maioria quer ouvir. Nos discursos, além de citações, também não se vislumbram muitas ideias ou moções: só opiniões, tal como os que eles criticam.
Para o fim, e em apoteose, Renato Teixeira, líder, vem apresentar as propostas do grupo, ou dele. Muitas já vêm de cassetes anteriores, que parece que nem sequer foram actualizadas, excepção feita no seu discurso. O resultado, seja ele qual for, é aquele que já começamos a estar habituados: mesmo que não seja aprovado o que eles propõem, eles tratam de fazer na mesma, como que demonstrando que não precisam das Magnas para nada porque, afinal, a unica palavra que eles conhecem é RADICAL. Ah, não, também conhecem LUTA! Com todos os meios possiveis e imaginários.
Não considero o que eles fizeram na Abertura Solene como desobediência civil: foi antes uma acção desesperada de alguém que quer protagonismo, que quer sobressair da multidão. A mim já tinha sobressaido nas primeiras exortações que ele fez num Fórum do Luso, onde estive presente. Onde admirei a forma irreverente como ele falou, e como mostrou estar bem preparado e bem informado; onde ouviu calmamente quando lhe fui apontar um erro, e ele agradeceu cordialmente. Admirei todo o trabalho que eles tiveram, pela noite dentro, para apresentarem propostas, além da DG.
Não se trata de um ataque pessoal, somente uma opinião geral de um acto ocorrido. Que não gostei, e que vai provocar, certamente, represálias do corpo docente, seja em Senado, Assembleia da Universidade, seja onde for. Órgãos que podemos colocar a nosso favor, mas que temos colocado contra nós, numa perspectiva de luta derrotista à partida, onde perdemos toda a nossa razão, ao querermos chocar com as nossas acções. Tal como acontece com os fundamentalistas iraquianos, que divulgam as imagens das decapitações para chocar, só faz com que a raiva seja maior contra eles e que seja impossivel uma solução pacifica, responsável. Neste caso acho que se está a optar por uma fundamentalização em que ninguém ganha, e que vai abrir ainda mais fracturas no depauperado movimento estudantil (já houve um pedido da Reitoria para que a DG/AAC se demarcasse daquele acontecimento).

O momento é de reflexão: afinal para que servem as Magnas, se os elementos mais interventivos cada vez permitem menos opiniões e acabam por agir a seu bel-prazer e sem terem o acordo dos estudantes que ali se deslocam?

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quarta-feira, outubro 13, 2004

Cara lavada...

Já era tempo de alterar o visual do meu blog. O outro estava muito carregado, chato, cansativo. Por mais que escrevesse lá, por mais imaginação ou irreverência ou mau feitio que demonstrasse, aquela visão já não se adequava à minha forma de ser e de estar. As opiniões continuam a ser as mesmas, ou escritas da mesma forma, bem como os textos mais criativos - inclusivé quero voltar a um campo que já não toco há muito: poesia própria! - com a inspiração certa tudo se consegue e agrada a uma maioria.
O que vou tentar, daqui para a frente, é actualizar pelo menos semanalmente este blog, seja com uma notícia, uma anedota, um batanete, ou simplesmente uma mulher nua... o quê? Fora de questão?! Porquê?!!... ok, sem nudez, mas não falo se fui ou não pressionado.
Ainda não sei bem como funcionam os comentários ou se o marcador de visitas funcionam bem, mas também era tão pouca gente a comentar, menos do que eu pensava, que por vezes dava vontade de nem sequer escrever. Acontece que ultimamente tenho tido comentários bons de gente boa, pelo que gostaria que essas pessoas, ou outras que queiram comentar os artigos escritos, ou o funcionamento, ou algum aspecto do blog, o façam à vontade (mail: paulo.aroso@zmail.pt).
Continuarei, com todas as minhas forças (ou assim o espero) a ser o mesmo espirito critico, a demonstrar um bom humor (entre o negro, o cáustico e o sarcástico), e a indignar-me sempre que seja caso disso.

A todas as leitoras e leitores, que adorava que me enviassem um feed-back (comentário) a este post (pode ser anónimo ou com nomes estupidos), o meu mais sincero muito obrigado!

Cumprimentos e
Saudações Académicas!
Paulo

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

sábado, outubro 09, 2004

Deitas a cabeça no meu colo...

... e pedes-me um carinho. Não é a primeira vez que vens ter comigo assim, carente, em sofrimento, triste. De todas as vezes engulo em seco, faço meu o teu sofrimento, e acolho-te como se fosses uma parte de mim, no meu colo. Onde deitas a cabeça e choras. Onde te recolhes e choras e dormes.
Massajo-te o couro cabeludo com carinho e dedicação, como se estivesse a fazer algo científico, algo de costume, que faço já há muitos anos; empenho-me em fazer-te sentir acarinhada, desejada, calma, descontraída, relaxada.
Enfim adormeces, cara de anjo. Contemplo-te com a tua expressão inocente, os teus cabelos longos e lisos em desalinho em cima de mim, as minhas mãos a percorrerem num pentear/despentear constante. Imagino o que possa fazer sofrer uma alma que disso não precisa, que só luta para ser feliz num mundo bárbaro, onde nem tudo o que parece é, e onde a felicidade pode estar muito mais perto do que ela pensa; ou pode não estar...
Olho-te os olhos fechados, silenciosos, calmos. Em descanso, em paz, penso. Vejo os lábios - aqueles mesmos que escrevem aquele sorriso maravilhoso que me activa o coração - e beijo-os com carinho e compaixão, num olhar imaginativo e introspectivo que nunca seria capaz de repetir na realidade - "qualquer dia ela descobre este segredo, esta paixão escondida... o meu destino"

"Fazia-te tão feliz, se me amasses..." é o que todos os apaixonados pensam de quem sofre e não nos ama como nós desejariamos; "eu amo-te e faço-te feliz, pelo menos nesse sono calmo..." é o que vemos e imaginamos, no mais intimo e puro das nossas capacidades inconscientes, enquanto gravamos aquele momento feliz. O momento em que ela nos procura, triste, e que transformamos, naquele segundo, aquela insegurança miserável e sofredora num estado calmo de descanso apaixonado.

Amor, virtual, real, amor... tudo palavras. Qual delas verdade real, qual delas verdade virtual...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

sexta-feira, outubro 08, 2004

Sobre as Leis de Murphy

Acontece que ontem pude experimentar na prática a veracidade das Leis de Murphy, com uma pequena variação. Para quem não conhece estas famosas leis, elas postulam que as coisas acontecem sempre pelo pior lado, ou seja, o caso de uma torrada com manteiga: cai no chão sempre do lado da manteiga!
Ontem, por altura da Noite dos Horários da Faculdade de Economia, que decorreu no Pavilhão dos Olivais, submeti-me a uma experiência inovadora e unica no panorama nacional: como fui para lá sózinho, mas sabendo que lá estava gente (o meu irmão caçula, por exemplo, podendo ainda encontrar outras pessoas - como a ex-presidente de núcleo mais sexy da AAC, hehehehehehe) comprei umas senhas de cerveja e fui circulando pelo pavilhão. Ao chegar à ultima senha pensei: agora é que vou encontrar as pessoas conhecidas!
Mal o pensei melhor aconteceu: se até ali tinha encontrado algumas pessoas, esporádicamente, conhecidos, após estar com a "ultima" cerveja na mão encontro logo (e solitário) o Pedro do Bossa... começamos a combinar ir comprar mais umas senhas quando aparece o mano caçula, e que estava bem acompanhado pelos seus colegas da secção de jornalismo da AAC!
É claro que isto é uma experiência que pode não ter decorrido nas condições padrão, ou nem querer dizer nada... mas em vários casos, como na maioria das festas e celebrações, acontecem sempre coisas dignas das leis de Murphy: nunca encontrarmos quem procuramos, só encontrarmos pessoas conhecidas quando estamos para ir embora... coisas desse género!

Por outro lado, ainda durante o meu Erasmus em Paris, já tinha pensado neste pormenor, e em como estas Leis seriam muito bem aplicadas na Constituição Portuguesa. Observem bem: o português é rei do desenrasque, só está bem a transgredir (fugir a impostos, conduzir com alcool, estacionar onde não deve, não pagar o que deve, endividar-se com o que tem e não tem, arranjar todo o tipo de subterfugios para ter menos cobranças e mais retorno...). As Leis de Murphy aplicadas à nossa constituição e a alguma legislação seriam o arranque para tornar Portugal o país mais liberal, mais desenvolvido, mais rico e mais tudo da Europa, do Mundo, do Universo!

Ou então não... (Lei de Murphy do contraditório, de autoria própria)


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

quarta-feira, outubro 06, 2004

Sobre a "Quinta das Celebridades"...

Não é, de todo, um programa que me interesse. Não sei, tão pouco, todos os intervenientes nesse programa a que não acho graça alguma - tal como big brothers e afins... porém hoje à hora de almoço estive a apreciar alguns minutos desse programa num resumo transmitido na TVI.
Como não podia deixar de ser, a TVI tratou de contratar pessoas mais ou menos célebres, e algumas polémicas, como o actor (porno) brasileiro Alexandre Frota, e aquele ser abjecto e "estiloso-tão-paneleiro" que é o José Castelo Branco - noutros países, como em França, também tentaram contratar um actor porno, no caso o conceituado Rocco Sigfredi, mas não conseguiram.
Olho para esse actor brasileiro com um misto de inveja e de admiração. Inveja porque ele foi namorado (ou marido) da actriz Cláudia Raia, que é uma deusa em carne e osso; inveja porque ele contracenou com as mais belas e conceituadas actrizes brasileiras, tendo mesmo papéis amorosos com elas; inveja porque fez filmes porno nesse grande mercado de mulher bonita e "gostosa" que é o Brasil... admiração porque teve a coragem de entrar num programa de televisão que é uma porcaria pegada, com pessoas de baixo nível e que querem somente um pouco de notoriedade pelas razões mais distintas; admiração porque eu, e mais umas quantas pessoas neste país, não seriam capazes de entrar para um concurso/programa de TV onde estivesse esse ser que a Tia Cinha oportunamente apelidou de Castelinha. Nem por todo o dinheiro do mundo!

Contemplo com algum escárnio a cara com que o brutamontes Frota acorda extremunhado com o ressonar animalesco do finissimo e gay Castelinha, e olha para ele num misto de raiva e estupefacção, como que a dizer: "como é que este Zé Merdas, que anda para ai a gabar-se da sua finesse, dos locais onde vive, do que conhece, da sua pobre figura em fio dental, e da sua pose fingida, pode ser tão ou mais animal que muitos animais durante o seu sono?".

Ainda acho arriscado a TVI ter colocado esta pobre figura, que nem sabe bem qual é o seu sexo, junto com tantos animais. A bestialidade é uma coisa horrorosa...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

domingo, outubro 03, 2004

Para acrescentar...

Já não actualizo o meu blog há muito tempo, tempo demais até, o que pode fazer pensar às pessoas que costumam consultar que já não ligo, ou não tenho a mesma disposição para a escrita, crítica, enfim: o que me propus com a criação deste espaço.
Não é esse o caso! Nos ultimos tempos tenho balançado um pouco entre a volta à escrita creativa de uma forma mais consistente, ou a actualização de factos, dando a minha opinião pessoal como já fiz em determinados assuntos; fiquei também pensativo relativamente à actualização com um texto satírico, com veia humoristica, sobre as assembleias magnas da AAC, ou o corrente periodo das universidades. Mas mantive-me calado, e porquê?
Ultimamente aconteceram casos, noticias, que me têm deixado um pouco triste, e que vou enumerar sem comentar:
  • o caso da menina supostamente assassinada próximo de Portimão;
  • a forma como o povo se comportou, a ir em romaria ao local como se vai a Fátima;
  • como as pessoas se apresentam preparadas para fazer justiça pelas próprias mãos atendendo a factos não provados e não consumados;
  • como os ministros tratam o comum cidadão por um lado, e os administradores por outro: para uns sacrificio, para outros reformas do Euro-Milhões;
  • a bandalheira politica em que flutua este país, com o chamar das camisolas pelos partidos, como se a escolha não devesse ser consciente, mas sim pela cor da camisola que dá mais a cada um;
  • a forma mesquinha e proibida como uma ministra foge com o rabo entre as pernas de um encontro com estudantes universitários, levando o motorista a fazer uma contra-ordenação grave (não sancionada);
  • como os professores e responsáveis de departamentos lambem o cú dos ministros, procurando maior apoio para as suas actividades, nem pensando naqueles que os sustentam - alunos directamente, e pais indirectamente - muitos deles em grande dificuldade de terminar os cursos;
  • a forma estupida de aproveitamento popular que tem sido dado às SCUT's: foi uma má medida de um mau ministro de um mau governo, que pôs em causa orçamentos de futuros governos mesmo se fossem do próprio partido... porquê defender?;
  • como todas as incongruências, imbecilidades, estupidez, corrupções, favorecimentos, etc., se esquecem quando se chama o "sistema" do futebol e se procuram males, quando o mal está na sociedade;
  • internamente, como ainda há um grupo de estudantes, estes sim parados no tempo e ignóbeis, que usam as assembleias magnas da mesma forma que os árabes usam o corão para matar, e espalham a sua intolerancia populista junto de mais uns quantos inconformados... simplesmente porque podem, têm familias com posses, e costas largas... desobediencia civil, sr. Renato Teixeira?! O que pensas fazer que O PORTUGUÊS NORMAL NÃO FAÇA NO SEU DIA A DIA?!

Disse que não ia comentar e acabei por fazê-lo. Os brasileiros, a braços com problemas de identidade, tal como nós, têm uma excelente expressão para isto: um cházinho de semancol (da frase: vê se te manca, ou tipo, tomem juizo!).

É que, sinceramente! Dá vontade de dizer: "Foda-se, assim não dá!!!".

Ao menos temos "O Gato Fedorento" para nos animar, e tal...; perdoem-me pela linguagem.


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt