segunda-feira, fevereiro 20, 2006

"Munich", de Steven Spielberg

Vi ontem o novo filme de Spielberg. Acho que não é preciso fazer apreciação do realizador, ele é fantástico e está cada vez melhor - mas não é para falar de realização que escrevo, para isso deixarei para outro post - e o filme é de alguma violência, mais psicológica que visual.
No entanto motivou-me a escrever por uma frase que é falada no filme, em que uma israelita diz que antes não tinham terra e agora os judeus têm um país, uma casa, só deles. Algo do tipo " uma casa de judeus, só para judeus". Isto parece-me de um radicalismo enorme porque, se formos a ver no mundo democrático e civilizado, os paises não são identidade nem casa só de um tipo de pessoas, mas de todos aqueles que estiverem dispostos a respeitar a constituição e leis desse país. Em viver em harmonia com todos os que lá vivem.
Afinal a ideia de um país, de um estado judaico, era tão só e apenas isso: um país judaico, um estado judaico: apenas queriam um ghetto, um "campo de concentração" vigiado por eles próprios e mascarado de país, para viverem em "paz", já que noutros países não eram bem vistos.
Por outro lado, e fugindo um pouco deste ponto, vê-se que a estratégia de Israel tentar acabar com a violência - a partir de violência e fugindo aos preceitos religiosos que presidem ao judaismo - não é nem foi nunca a mais indicada. Os seus vizinhos, a quem foi roubada terra pelos estados ocidentais para formar um país com um povo mal vindo na sua própria pátria, são os mais ferozes e inconformados possivel. E todas as tentativas de, por morte, tortura e outros meios ilicitos, terminar com essa violência, apenas trouxe sucessores mais sanguinários, mais aguerridos e com mais ódio. Vê-se que Israel fracassou porque após aquele inimigo, Arafat, que aturaram ao máximo apesar de odiarem, o povo palestiniano votou no partido mais reaccionário e mais contra a paz.
Deus, seja lá quem for, escreve direito por linhas tortas. Quem será que dará a outra face primeiro?

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

Sem comentários: