sexta-feira, fevereiro 03, 2006

A distância

A distância, que me separa do teclado. Não me deixa tocar-te, não consigo mexer braços, não consigo mexer mãos. Os meus olhos não distinguem diferenças de teclas, nem cores, nem relevos. Tudo num misto, uma papa indiferenciada e turva, que me cega, paralisa e impede de pensar.
Escrevo em memórias logo esquecidas no fundo do meu cérebro. Sofro com isso. Esqueço o sofrimento mas sinto o cansaço de tentar alcançar o teclado e não chegar lá.
Pudesse ter uma máquina de choques, que me pudesse castigar cada vez que não conseguisse tocar ou escrever... ou pensar... ou recordar. Recordaria [tocava [pensava [escrevia] mais] mais] depressa para não voltar a cair no erro.
Na dor.
Na causalidade.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

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