domingo, setembro 24, 2006

Normal

Todos procuramos ser normais, parecer normais, agir normalmente. Mas não o somos, e todos o sabemos. Há sempre pequenas particularidades em cada um, umas mais visíveis que outras, e muitas que pretendemos esconder. E sabemos disso; e os outros sabem disso.

Em toda a gente há a procura de criar tudo na normalidade, desde os filhos, as descobertas, o transito… tudo o que esteja relacionado com a vida terrena que temos. Como se a lógica fosse o normal e como se isso fosse uma evidência comum, em que se é incapaz de fugir.

E se não for assim?

Porque todas as explicações têm sempre de ser normais, reduzir-se ao mais simples e único? De vários deuses, várias explicações para um só deus, uma só explicação, para a ciência…

Essa procura, esse desejo, essa necessidade faz com que tudo o que fuja ao comum seja desde logo riscado do mapa das mentes de raciocínio mais lógico, colocando de parte qualquer sentimento, emoção – barreira – que possa ultrapassar isso.

É o que faço normalmente.

Esconder o que há de mais animal, mais reactivo e menos social que o ser humano possa ter, só para não o demonstrar, para que os outros não o vejam, para que não se torne uma fraqueza. É uma estratégia, todos as temos para disfarçar a anormalidade una. Mas o que torna esta mais normal que as outras?


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

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