"Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
ou metade desse intervalo, porque também há vida ...
Sou isso, enfim ...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato."
Alvaro de Campos
Às vezes sinto-me estupido. Não por falta de capacidade intelectual ou deficiencia fisica ou psicologica. Sinto-me estupido apenas. E penso nisso, longamente, para me poder sentir ainda mais estupido.
É natural no meu ser, é intrinseco. Faço-o com algum gosto, quase como se me convencesse. Idolatro a minha capacidade para estar presente no momento de maior estupidez. Assinalá-lo, assimilá-lo, fazer a digestão.
Sempre penso que mudarei, que terei forças para tal, que aprenderei. Mas a cada obstaculo digno de pura estupidez escorrego e não consigo saltar. E volto ao ciclo anterior, qual máquina burra sem qualquer capacidade de aprendizagem.
Porque digo isto? Não sei. Apetece-me. Tenho vontade de me ver ao espelho e chamar.
Estupido!...
... estupido...
... estupido...
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
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