terça-feira, novembro 06, 2007

Ler

Sei que não me vais ler. Sei porque nunca lias. Mesmo quando escrevia para ti. E quando lias nunca era para ti, era sempre dirigido a outro mundo, outro rumo, outro universo.
Por isso não me vais ler.
Não existo no teu mundo, sou apenas um pedaço de imaginação. Que imagina. Muito. Mais do que deve. Nas fronteiras da realidade e do visivel estou eu, mero fantasma em semi-obscuridade: ali quando precisas, ali quando não precisas, ausente quando precisas, ausente quando não precisas.
Por isso não escrevo isto para ti. Escrevo para mim. Porque não vais ler. E eu vou. E eu li. E o universo leu, e o mundo leu, e o rumo leu. E vai ler.

[... estive cinco minutos num sonho; estive cinco minutos no paraíso, na praia, no mar. O mar esteve nos meus ouvidos, na minha pele. E eu estive lá. A ver até onde se fundia no céu, e como vinha até mim, imensidão de azul a entrar em vagas pelo branco amarelado da areia. Em vagas continuas. De encontro aos meus pés. Naquele local paradisiaco. Do meu sonho. Do meu sonho...]

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

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