quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Comentários sobre as eleições:


- Humoristico:
Esperemos que a Contra Informação tenha que fazer novos bonecos para o programa, porque se não o fizer é sinal que só o Guterres saiu, mas a merda é a mesma... e com maioria absoluta!

- A frase:
“Não há nenhum país civilizado no mundo onde a diferença entre trotskistas e democratas-cristãos seja de apenas um ponto. Mas em Portugal aconteceu”.
Paulo Portas
Em países civilizados um político não tirava proveito do funeral de uma figura nacional com proveitos eleitoralistas...


- A personagem:
Santana Lopes mostrou-se convicto até ao fim que iria ganhar, e o desvario chegou para chegar a pedir maioria absoluta num acaso. Depois de um governo de agendas trocadas, de decisões alteradas à ultima, de tomadas de posse e discursos equivocados, de erros de informação na campanha eleitoral, ainda pensava que conseguiria ganhar. Ingenuidade da parte dele, ou fabricação do "seu" staff partidário?

- Vencedor:
Sem dúvida o Bloco de Esquerda, que conseguiu quase triplicar a sua votação. De notar que as conquistas bloquistas foram mais significativas em Lisboa, Porto, Setubal e Coimbra (onde chegou a 3º partido mais votado). Nota-se que os seus votantes são mais em centros urbanos, e seguramente junto da população mais jovem. Espera-se uma subida (porque os actuais jovens continuarão por mais uns anos) ou uma descida (porque aparecerão mais jovens, mas o actual eleitorado muda-se para outros partidos)?

- Prémio Piedade:
Para Jerónimo de Sousa, ao ficar afónico no seu momento de gala: o debate com os outros candidatos. Decerto que logo aí ganhou simpatia de muitos indecisos; por outro lado mostrou uma força, um vigor, simplicidade e aprendizagem argumentativa, algo que Carlos Carvalhas seguramente não tinha. Afinal o PCP sempre se renovou!

- Flop Eleitoral:
Estava para escolher a Nova Democracia, mas não é justo penalizar um partido novo. Os partidos pequenos ficaram abaixo dos votos em branco, e possivelmente tudos os votos somados e os brancos ainda ficariam à frente. A razão, quanto a mim, é simples: todos os partidos, talvez à excepção da Nova Democracia que é novo e de direita - e a direita foi largamente derrotada - são iguais agora ao que eram à 15 anos atrás. Veja-se o PCTP/MRPP, cuja sigla enorme e desconhecimento do que quer dizer MRPP, dão o mote à "marcha militar" usada como musica nos tempos de antena, e a imagem de Garcia Pereira que nunca mudou ao longo de 15 anos (ele não envelhece?); o POUS idem, o PNR que não existia antes, mas que apresenta uma mensagem retrograda e mania de perseguição; o PH que é só boas vontades e nenhuma imaginação (tempos de antena sempre iguais)... ou seja, são todos cromos e assim nunca almejarão um lugar na Assembleia da Républica. O Bloco de Esquerda conseguiu porque tem base no PSR, que era o partido mais votado dos que nnão tinham assento parlamentar, mostrou uma imagem e um vigor mais jovens, e a mensagem também passou do eleitorado puramente operário para uma faixa mais interventiva. Todavia não estou a ver isso nesses partidos pequenos - ainda bem, diga-se! (exceptuando, novamente, a Nova Democracia)

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

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