domingo, fevereiro 27, 2005

Mudar o passado (com diferentes personagens)

Olha-se para trás. O passado. Lá habitam inumeros acidentes de percurso, bons ou maus, que ditaram a conduta diária de um transeunte. Eu. Nem sempre contente com a vida, com aquilo que fui ganhando sem nada fazer, com aquilo que foi conquistado a sangue, suor e lágrimas.

(nebulosa da Lagoa, oitava entrada no catálogo de Charles Messier (M8) e por NGC6523 - Portal do Astrónomo)

Like A Stone (by Audioslave)

On a cobweb afternoon
In a room full of emptiness
By a freeway I confess
I was lost in the pages
Of a book full of death
Reading how we'll die alone
And if we're good we'll lay to rest
Anywhere we want to go

Ela está lá! Sempre! Linda, radiante, luminosa, agradável. É sempre assim que se vê a antiga paixão, aquele amor marcante que sempre enche o olho; e o coração; e o pulmão que suspira e respira de descoberta! Carinho... o toque, que suave é! A ilusão de ter encontrado aquele ser perfeito e angelical que se encontra em alma, em sonhos, em rezas de deuses e deusas...

In your house I long to be
Room by room patiently
I'll wait for you there
Like a stone I'll wait for you there
Alone

Procuro pelo céu nocturno. Cansado. Vivo o que vivo, decido o que decido. Ou não; nem sempre o poder decisório é mais importante que a fuga. Fujo.
De mim, de ti, não importa de quem, de quê. Fujo qual cobarde assassino que mata sem querer, o sangue gela de medo; Fujo qual louco apaixonado que não pode viver a sua paixão, que não pode em seus braços acolher aquela que é sua escolha.

On my deathbed I will prey
To the gods and the angels
Like a pagan to anyone
Who will take me to heaven
To a place I recall
I was there so long ago
The sky was bruised
The wine was bled
And there you led me on

Razão: razões... serão mesmo necessárias? Porquê quando se quer não se é querido, e quando se é querido não se quer? Leis de Murphy, a necessidade da escolha ou a passividade do desenrolar do tempo. Noutro tempo falhei, desiludi, marquei passo.

In your house I long to be
Room by room patiently
I'll wait for you there
Like a stone I'll wait for you there
Alone

A oportunidade perdida sorriu-me de outra forma - algures, em campo de visão oposto, uma estrela de igual dimensão, espectro, escala, sorriu. Sem querer. Aqueceu-me com os seus raios, iluminou-me com a sua luz! Então eu vi.

And on I read
Until the day was done
And I sat in regret
Of all the things I've done
For all that I've blessed
And all that I've wronged
In dreams until my death
I will wander on

Vi que senti o mesmo que no passado, mas com mais saber; vi que graças ao que se passou poderia estudar a estrela de outra forma, sem usar potência demais no telescópio para não ferir a vista com a luminosidade! Vi que realmente nunca preenchi o vazio formado pelo desaparecimento daquela estrela, e agora que encontrei semelhante fico indeciso.

In your house I long to be
Room by room patiently
I'll wait for you there
Like a stone I'll wait for you there
Alone

Mais uma vez a decisão. E a tristeza. De perder a estrela semelhante ou de perder a estrela presente; de encarar as estrelas futuras na busca de uma passada ou presente, ou limpar completamente a lente e vê-la como ela é: nova, presente no presente e nunca um passado que se possa tornar futuro.
Só.


Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

Sem comentários: