O tempo voa...
... ou a relatividade do tempo
Obelisco Egipcio, La Concorde, Paris - Abril 2004
Quando cheguei de Paris, à cerca de um ano, fui-me apercebendo que practicamente nada tinha mudado, que os 4 meses que passei fora tinham sido como semanas. Excluindo os meus pais, irmãos, namorada, que me olharam e receberam como se eu tivesse estado 134 anos fora de portas, na cidade e no Departamento de Engenharia Mecânica e no Bossanova e na Universidade e na AAC, etc, pouco tinha mudado. Houve pessoas que até me perguntaram se eu já tinha chegado, tanta foi a surpresa de me verem! (inclusivé a novela que agora repete na SIC, Chocolate com Pimenta, já estava a dar quando fui e continuava quando voltei, ainda como se nada tivesse alterado na história...).
Este ano tenho uma perspectiva dos que cá estiveram, e tenho amigos no estrangeiro. Pois bem, aqui o tempo corre!
É que mudando para um novo ambiente, com pessoas novas e novas experiências, o tempo parece que pára ao inicio, começa a desenrolar-se mais ou menos a ritmo normal a meio, e no ultimo mês corre vertiginosamente para o fim; aqui, por outro lado, não: o tempo corre religiosamente da mesma forma - constante, cadente, síncrono e rotineiro. Sempre a mesma rotina, as mesmas caras, as mesmas coisas. Só muda quando o permanente se altera momentâneamente para transitório, casos de férias e de festas (Queimas das Fitas e Latadas). Hoje é que vi bem a data: meio de Maio... daqui por mês e meio os erasmus voltarão à base e nos encontraremos novamente. Nós na mesma para eles e eles na mesma para nós, como se tivessem somente passado umas férias fora!
Depois da minha experiência fora de portas, e de um artigo de opinião muito bem conseguido uns domingos atrás, no Diário de Coimbra (da autoria de Madalena Lucas), vejo que vivi anos de vida lá fora; anos e vidas e experiências e observações e conhecimentos que aqui nunca teria, nunca viveria, nunca sequer imaginaria...
Se é um incentivo a quem me lê experimentar? Cada um faça o seu julgamento. Do meu lado e apesar algumas dificuldades no inicio eu adorei a experiência e voltaria a repetir. Mas também já estava preparado psicologicamente para o fazer porque desde que entrei na Universidade tinha sonhado em participar nesta experiência.
Pena é que, no meu caso e no caso de muitos outros, os familiares mais chegados não compreendam esta mudança que se operou e tentem, à força, trazer-nos para aquele mundinho pequeno em que sempre vivêmos e que, para eles, nunca saímos...
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
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