quarta-feira, maio 03, 2006

Artigo publicado no Jornal Universitário A Cabra - suplemento da Queima das Fitas

Ultima Queima das Fitas?

Ouço uma balada da despedida e comovo-me. Penso que no final deste ano poderá ser a minha balada da despedida e o partir para um novo voo, diferente daquele – longo – que tenho feito desde que entrei nos registos da Universidade de Coimbra.

Espalhados pelas ruas, os cartazes a anunciar as noites do parque da Queima das Fitas… “Ah!, a Queima das Fitas!...”, penso eu com ar saudoso de relembrar as histórias e aventuras e amigos nas várias edições por que passei. Houve momentos únicos, como a primeira Serenata Monumental na Sé Velha, o primeiro cortejo como estudante universitário, a ida no carro no cortejo, o ano em que estive em Erasmus em Paris e faltei à festa…

A primeira Queima como estudante foi em Maio de 97. Os moldes em que a festa se fazia não eram muito diferentes dos de agora. As noites do Parque eram mesmo no parque – parque Manuel Braga, na Portagem – sendo que pelos caminhos ladeados de relva e árvores do Parque haviam barracas de bebidas, muitas – bem mais pequenas e separadas – e no local onde agora floresce o Parque Verde era onde se montava o palco para os espectáculos. De noite aquele espaço tornava-se enorme e pelos caminhos ou pela relva cruzavam-se milhares de estudantes por noite, encontrando-se facilmente bastantes pessoas conhecidas; passaram por cá grandes nomes da música internacional como Clawfinger ou Iggy Pop. Pelos relvados havia muito romance – amores e desamores, alguns bem tórridos, outros mais alcoólicos… – e muita cura de bebedeira! Outros aproveitavam a frescura da relva para retemperar forças e dormir, porque a festa é longa e dura e os corpos têm os seus limites.

Agora também há mais uma noite, tornando a festa mais longa, – como se o estudante se importasse! – e que antes não existia, a noite da Faculdade de Ciências de Desporto e Educação Física… que ainda não tem edifício que se possa chamar faculdade…

A ida no carro durante o cortejo é algo de fenomenal: ver de cima os milhares de pessoas que estão ali para nós e por nós, que perdoam os nossos excessos alcoólicos e se embrenham na festa e participam da alegria – e do álcool; Muitos procuram as plaquetes com as caricaturas porque mesmo que sejamos autênticos desconhecidos, aos seus olhos são obras de arte: as caricaturas, os nomes, os artistas que nos desenham e os amigos que contam as nossas histórias. Acima de tudo é também uma recordação valiosa de quem vê e não se quer esquecer.

Ultima Queima das Fitas… quem diria… Mesmo depois de celebrar durante tantos anos fica já no corpo aquele vazio futuro de saudade!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

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