Casa na praia
Acordo e contemplo o teu corpo nu, somente coberto por um fino lençol branco. Debaixo, o teu corpo move-se, suave, ao ritmo da respiração; compassado, o sono; leve, o corpo, o lençol, a alma.
Vejo-te calma, nesta cama redonda, imaculadamente branca mas em desalinho. Vejo, ao longe, a praia, por entre as frestas dos cortinados, que a brisa faz abrir, ondulando-os e ritmando com o respirar do teu corpo. Lá fora o sol brilha, o mar chama. O calor invade todas as aberturas da casa mas deixa-te só. Ao meu lado. No teu descansar.
Levanto-me e sento-me ao largo. Não deixo de te admirar, de gravar a tua imagem na memória: os teus longos cabelos negros, em desalinho no branco lençol; os teus contornos femininos, atraentes, sensuais. A tua nudez surge-me a cada milimetro que em ti toco com o olhar, como se te percorresse com as mãos; olho para a minha memória, para o fundo da minha alma, e vejo como te entregaste, desejosa, apaixonada, corpo ardente; como te recebi, nervoso por ter receio de te desagradar.
Guiaste-me nas malhas do amor, no quente solar da paixão nocturna, no som inconfundivel das ondas do mar. Após a tempestade no meu ombro recolheste, lua nova, pronta para um novo amanhecer.
O paraíso não é onde se está, mas com quem o pretendemos conhecer...
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
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