sábado, abril 16, 2005

Sinto o frio gume da faca a penetrar-me na carne, porém não sinto dor;
Sinto mas não a quero sentir, por isso estarei mesmo a sentir?
Apenas o frio metal a puxar o calor do sangue.
As primeiras gotas, o primeiro escorrer...
É bom sentir este quente interior, já estava com arrepios...
É a isto que chamam o arrepio da morte?

Choro sem lágrimas,
entristeço sem dor.
Recordo apenas o som,
quase triste, daquele amor.
Intenso, sublime, atordoante.
Como quando o sino toca a rebate,
a anunciar as ultimas badaladas.

Cheira mal...
Merda!
Por todos os lados...
Merda!
Porque parece areia movediça?
Merda!
Mais movimento,
pior o cheiro.
Estou atolado.
Não consigo sair...
Merda!
Venham as moscas...

Quebra, tão facilmente, como qualquer coração de cristal. É só saber empurrar, cumprir as leis da física e da termodinâmica... é tão fácil quando se sabem os principios básicos! É tão dificil quando se pensa demais nisso...
Remorsos - palavra fácil, sentimento dificil. Maior ou pior que o ciume, que a repreensão, que o ressentimento, que a retribuição?!
Antes a dislexia: ao menos não conseguiria soletrar qualquer destas palavras, quanto menos percebê-las...

"Feel free to feel stupid" - será que esta frase existe? Pelo menos surgiu-me um dia durante um exame de matemática... porque é como um espelho.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

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