"Au revoir"... ou " à bientôt"?
Sacré Coeur, Montmartre, Paris 2004 - foto: Sandra Salvador
Um ano...
Regresso...
Saudades...
Podem voltar para os links, não tenho nada a dizer mesmo, nem músicas a copiar, ...
nem...
nem...
apenas este sentimento:
Houve alguém que percebesse (?)
(é notório que estou triste, e isso nem sempre quer dizer mais ou menos ou melhor ou pior imaginação; nem mais ou menos ou melhor ou pior contra-natura. Quer apenas e tão só dizer isso: triste, ansioso, febril, desgastado, apavorado, mal humorado, chateado, chato, suspirante, bocejante... tudo adjectivos - tal como eu.
Um adjectivo, uma maldição.)
"And as you’re laughing at this fool tonight
Let me rid myself of any line that I might use to trip you up
And as I’m howling at the moonlight, don’t you kid yourself
I will be your luck and never your curse"
Audioslave - The curse
Pretende ser diferente do normal, por isso ser "contra natura". A ideia é desenvolver textos críticos, que possam misturar (ou não) um pouco de humor não amordaçado.
quinta-feira, junho 30, 2005
segunda-feira, junho 27, 2005
"La bohème, la bohème
Ça voulait dire on est heureux
La bohème, la bohème
Nous ne mangions qu'un jour sur deux"
Charles Aznavour - La Bohème
(Torre Eiffel, vista do Centro Georges Pompidou, Paris 2004 - foto Paulo Aroso Campos)
As pedras do passeio estão turvas ao meu olhar, lacrimante. De cabeça baixa não tenho mais o que olhar, nem sequer força para levantar a cabeça e enfrentar o sol quente que me queima a pele.
Choro como um bébé, mas à homem. Como se isso fosse possivel. Choro à homem porque choro com sentimento, por sentimento - aquilo que perdi, que penso que perco, que acho que vou perder.
Levanto-me da beira do passeio e fujo dos olhares das pessoas que por mim passam na rua. Na garganta aquele apertar do nó da corda do enforcado. No peito a bomba bate com demasiados danos colaterais, manifestando-se a cada pedido com um urro lancinante de dor.
Desmaio mentalmente e fujo dos olhares; imagino como vai ser a minha vida, a viver à base da água das lágrimas e do sal das lágrimas, para não morrer e não desidratar.
Até o sal se acabar.
Como tudo na vida...
Ça voulait dire on est heureux
La bohème, la bohème
Nous ne mangions qu'un jour sur deux"
Charles Aznavour - La Bohème
(Torre Eiffel, vista do Centro Georges Pompidou, Paris 2004 - foto Paulo Aroso Campos)
As pedras do passeio estão turvas ao meu olhar, lacrimante. De cabeça baixa não tenho mais o que olhar, nem sequer força para levantar a cabeça e enfrentar o sol quente que me queima a pele.
Choro como um bébé, mas à homem. Como se isso fosse possivel. Choro à homem porque choro com sentimento, por sentimento - aquilo que perdi, que penso que perco, que acho que vou perder.
Levanto-me da beira do passeio e fujo dos olhares das pessoas que por mim passam na rua. Na garganta aquele apertar do nó da corda do enforcado. No peito a bomba bate com demasiados danos colaterais, manifestando-se a cada pedido com um urro lancinante de dor.
Desmaio mentalmente e fujo dos olhares; imagino como vai ser a minha vida, a viver à base da água das lágrimas e do sal das lágrimas, para não morrer e não desidratar.
Até o sal se acabar.
Como tudo na vida...
sábado, junho 25, 2005
Recordações...
(Maison des Arts et Métiers, Cité U, Paris 2004 - Foto: Paulo Aroso Campos)
Por escrever no blog não quer dizer que tenha algo de importante a dizer; nem sempre quando escrevo na primeira pessoa estou a transmitir aquilo que realmente se passa comigo, apenas a transmitir emoções que muitos sentem em situações semelhantes. Claro que todo aquele que escreve deixa muito de si, e das suas experiências, na escrita. Mas não é contextual - um blog para mim não se trata de um diário, onde coloco todos os dias o meu estado de espírito, o que se passou e não passou e expectativas futuras. Muito menos coloco esperanças ou desejos na primeira pessoa.
Gosto de escrever e quem me conhece sabe que o faço por gosto. Com imaginação e com ou sem jeito - o que é irrelevante - mas sempre de forma apaixonada. As críticas e comentários são sempre bem vindos mas os destrutivos à minha paixão limitam e cortam cerce a minha liberdade de escrita.
A minha inspiração pode surgir de multiplas coisas: amigos, namorada, familia, ou daquele sorriso inocente da criança que ia no autocarro e faz uma tropelia. Tudo o que é observável pode servir de inspiração. A diferença grande é que quem sabe como escrevo saberá se me inspirei nesta ou noutra pessoa ou acontecimento; quem tenta adivinhar acaba por errar e não perceber do que se trata, traçando cenários absurdos que não servem a ninguém.
Acho que é notório que o meu estado de espirito não é dos melhores, mas a forma de o demonstrar é usando metáforas e aqui e ali um pouco de ironia e humor negro - é para isso que ambos foram inventados! Quem está à espera de relatos, histórias da vida, choraminguices ou segredos mais recônditos aconselho a que vejam os telejornais da TVI e as novelas que lhe seguem, porque aí é que há faca, alguidar e sangue.
Quanto a mim: bem as cicatrizes deixam sempre marca e, dependendo do tamanho da ferida, demoram mais ou menos a curar. No dia em que perder a vontade de escrever, ou o que me propus quando criei o blog, deixarei um aviso à navegação a encerrar portas (ou a trespassar?).
Curiosidade:
Trabalhar num café permite-nos ouvir conversas espaçadas e que, sem me meter na vida de cada um, dão que pensar. Hoje estavam 3 pessoas, dois rapazes e uma rapariga, a beber finos e suponho que um deles era ex-namorado da rapariga. Quando ele se ausenta ela começa a falar do ausente com o outro rapaz e deixa uma pérola que me permito traduzir. Dizia ela que o seu ex lhe comunicou que gostava muito dela mas que não a amava; a sua conclusão era: se não me ama deixava de namorar comigo! - até aqui tudo bem, até tem lógica! - mas logo a seguir ela continua: eu até nem sei o que é amar porque nunca amei ninguém...
Ora: alguém me sabe explicar esta diferença? (agradecia que deixassem o anonimato para o WC)
(Maison des Arts et Métiers, Cité U, Paris 2004 - Foto: Paulo Aroso Campos)
Por escrever no blog não quer dizer que tenha algo de importante a dizer; nem sempre quando escrevo na primeira pessoa estou a transmitir aquilo que realmente se passa comigo, apenas a transmitir emoções que muitos sentem em situações semelhantes. Claro que todo aquele que escreve deixa muito de si, e das suas experiências, na escrita. Mas não é contextual - um blog para mim não se trata de um diário, onde coloco todos os dias o meu estado de espírito, o que se passou e não passou e expectativas futuras. Muito menos coloco esperanças ou desejos na primeira pessoa.
Gosto de escrever e quem me conhece sabe que o faço por gosto. Com imaginação e com ou sem jeito - o que é irrelevante - mas sempre de forma apaixonada. As críticas e comentários são sempre bem vindos mas os destrutivos à minha paixão limitam e cortam cerce a minha liberdade de escrita.
A minha inspiração pode surgir de multiplas coisas: amigos, namorada, familia, ou daquele sorriso inocente da criança que ia no autocarro e faz uma tropelia. Tudo o que é observável pode servir de inspiração. A diferença grande é que quem sabe como escrevo saberá se me inspirei nesta ou noutra pessoa ou acontecimento; quem tenta adivinhar acaba por errar e não perceber do que se trata, traçando cenários absurdos que não servem a ninguém.
Acho que é notório que o meu estado de espirito não é dos melhores, mas a forma de o demonstrar é usando metáforas e aqui e ali um pouco de ironia e humor negro - é para isso que ambos foram inventados! Quem está à espera de relatos, histórias da vida, choraminguices ou segredos mais recônditos aconselho a que vejam os telejornais da TVI e as novelas que lhe seguem, porque aí é que há faca, alguidar e sangue.
Quanto a mim: bem as cicatrizes deixam sempre marca e, dependendo do tamanho da ferida, demoram mais ou menos a curar. No dia em que perder a vontade de escrever, ou o que me propus quando criei o blog, deixarei um aviso à navegação a encerrar portas (ou a trespassar?).
Curiosidade:
Trabalhar num café permite-nos ouvir conversas espaçadas e que, sem me meter na vida de cada um, dão que pensar. Hoje estavam 3 pessoas, dois rapazes e uma rapariga, a beber finos e suponho que um deles era ex-namorado da rapariga. Quando ele se ausenta ela começa a falar do ausente com o outro rapaz e deixa uma pérola que me permito traduzir. Dizia ela que o seu ex lhe comunicou que gostava muito dela mas que não a amava; a sua conclusão era: se não me ama deixava de namorar comigo! - até aqui tudo bem, até tem lógica! - mas logo a seguir ela continua: eu até nem sei o que é amar porque nunca amei ninguém...
Ora: alguém me sabe explicar esta diferença? (agradecia que deixassem o anonimato para o WC)
quinta-feira, junho 23, 2005
terça-feira, junho 21, 2005
Vejo-te, Lua, a crescer nos céus ainda o dia é dia. Fazes acreditar na beleza a quem é céptico, e quem vê na tua imagem a visão de romantismos romanceados e filmes filmados e amores amados.
Leio a lua com as crateras todas de nomes inexplicaveis em linguas estrangeiras e que têm apenas o siginificado do olhar apaixonado com que te olho com amor, Lua.
Julio benze-se logo após a oração nocturna, aquela em que pede ao Pai do Céu boa fortuna para a familia, menos guerras no mundo, cura para as doenças. Sente-se envergonhado porque, pelo meio, faz um curto repto sobre as suas dificuldades de aprendizagem, a preguiça que tem em estudar "mas que tento a cada dia alterar, Senhor!" e lembra-Lhe egoisticamente que ao ser-lhe dado o prazer de ser bem sucedido nos estudos estava a dar uma alegria à familia.
Desde pequenino que Julio se encanta com a alvura branca brilhante da lua lá no céu, qual deusa rainha de todas as estrelas "tal qual a rainha das abelhas, na colmeia, a maior, a que têm as abelhinhas e que tem a responsabilidade pelo mel!". Romântico e crédulo como a maioria das crianças; castigável porque vê na lua a imagem do Deus que lhe ensinaram amar e Deus não tem qualquer imagem - Pagão!, vocifera-lhe a avó quando o vê fazer assim a oração. "No meu tempo haveria um sermão na missa a castigar-te por seres um reles pagão!... meu filho, porque tendes a adorar falsas imagens? Acaso precisais de uma imagem para adorar, não tendes fé no invisivel que em todo o lado está e tudo vê?".
Esta imagem custava muito a Julio porque odiava que olhassem pelo canto do olho sempre que tinha que realizar tarefas: a condição de observado, ou só essa ideia, deixavam-no envergonhado e atabalhoado, o que lhe causava grandes dissabores.
"É assim que falo contigo, pai do céu, que sei que estás aí na Lua a observar-nos. Que local de observação melhor terias para observar todo o teu povo? Com adoração venerada..."
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Leio a lua com as crateras todas de nomes inexplicaveis em linguas estrangeiras e que têm apenas o siginificado do olhar apaixonado com que te olho com amor, Lua.
Julio benze-se logo após a oração nocturna, aquela em que pede ao Pai do Céu boa fortuna para a familia, menos guerras no mundo, cura para as doenças. Sente-se envergonhado porque, pelo meio, faz um curto repto sobre as suas dificuldades de aprendizagem, a preguiça que tem em estudar "mas que tento a cada dia alterar, Senhor!" e lembra-Lhe egoisticamente que ao ser-lhe dado o prazer de ser bem sucedido nos estudos estava a dar uma alegria à familia.
Desde pequenino que Julio se encanta com a alvura branca brilhante da lua lá no céu, qual deusa rainha de todas as estrelas "tal qual a rainha das abelhas, na colmeia, a maior, a que têm as abelhinhas e que tem a responsabilidade pelo mel!". Romântico e crédulo como a maioria das crianças; castigável porque vê na lua a imagem do Deus que lhe ensinaram amar e Deus não tem qualquer imagem - Pagão!, vocifera-lhe a avó quando o vê fazer assim a oração. "No meu tempo haveria um sermão na missa a castigar-te por seres um reles pagão!... meu filho, porque tendes a adorar falsas imagens? Acaso precisais de uma imagem para adorar, não tendes fé no invisivel que em todo o lado está e tudo vê?".
Esta imagem custava muito a Julio porque odiava que olhassem pelo canto do olho sempre que tinha que realizar tarefas: a condição de observado, ou só essa ideia, deixavam-no envergonhado e atabalhoado, o que lhe causava grandes dissabores.
"É assim que falo contigo, pai do céu, que sei que estás aí na Lua a observar-nos. Que local de observação melhor terias para observar todo o teu povo? Com adoração venerada..."
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
sábado, junho 18, 2005
"Amo-te!"...
... leu ela naquele pequeno pedaço de papel que encontrou dentro do seu livro. Palavras que não conhecia por nunca ter amado, tentou lembrar-se de onde conhecia aquela letra difusa e confusa.
Nunca antes tinha recebido um bilhetinho apaixonado, muito menos agora que era já adulta. Mas pensou logo em possiveis remetentes, como aqueles por quem suspirava baixinho sempre que por eles passava, mas que esperava e desesperava ansiosamente por que notassem a sua presença.
Levou o bilhetinho para a cama e explorou-o bem antes de dormir: cheiros, cor da tinta, dactilografia, escrita, nervosismo no acto de escrita...
Nem quis acreditar!
Por isso escreveu no seu diário:
" Querido Diário: hoje foi um dia especial - aquele dia em que me apaixonava pelo desconhecido! Recebi um bilhetinho com palavras de amor... bem, uma palavra na verdade. Tudo aquilo que sempre sonhei e desejei na adolescência! Só resta saber quem é que me ama para o amar também!
Mas... e se não for o principe que quero e espero, se não for aquela pessoa dos meus sonhos... como desfazer o sonho de tão carente e carinhosa pessoa que, de forma anónima e atabalhoada (é certo) me disse que me ama? - mas não me explica ao certo o que é o fenómeno de amar..."
(CONTINUA?!)
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
... leu ela naquele pequeno pedaço de papel que encontrou dentro do seu livro. Palavras que não conhecia por nunca ter amado, tentou lembrar-se de onde conhecia aquela letra difusa e confusa.
Nunca antes tinha recebido um bilhetinho apaixonado, muito menos agora que era já adulta. Mas pensou logo em possiveis remetentes, como aqueles por quem suspirava baixinho sempre que por eles passava, mas que esperava e desesperava ansiosamente por que notassem a sua presença.
Levou o bilhetinho para a cama e explorou-o bem antes de dormir: cheiros, cor da tinta, dactilografia, escrita, nervosismo no acto de escrita...
Nem quis acreditar!
Por isso escreveu no seu diário:
" Querido Diário: hoje foi um dia especial - aquele dia em que me apaixonava pelo desconhecido! Recebi um bilhetinho com palavras de amor... bem, uma palavra na verdade. Tudo aquilo que sempre sonhei e desejei na adolescência! Só resta saber quem é que me ama para o amar também!
Mas... e se não for o principe que quero e espero, se não for aquela pessoa dos meus sonhos... como desfazer o sonho de tão carente e carinhosa pessoa que, de forma anónima e atabalhoada (é certo) me disse que me ama? - mas não me explica ao certo o que é o fenómeno de amar..."
(CONTINUA?!)
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
sexta-feira, junho 17, 2005
"Fiel ou infiel" e outros critérios...
Não vejo com muita atenção o programa por, durante a sua exibição, estar a trabalhar. Porém, por trabalhar num café, consigo ter um grande número de opiniões diferentes - tanto masculinas como femininas.
Neste aspecto nota-se que as mulheres condenam qualquer tipo de atitude favorável do homem para a traição e, apesar de acharem o programa uma palhaçada, levam a sério o que se passa. Os homens têm uma opinião mais generalizada entre eles: a sedutora, sim senhor, é uma boazona; não faz quase nada que se possa considerar uma traição; é um programa de TV que pretende mostrar a infidelidade: ao ir lá as pessoas arriscam-se (e bastante) a serem infiéis.
Devo dizer que a minha opinião sobre o programa está, de certo modo, espelhada na opinião masculina. Se a minha namorada quisesse ir lá para saber se eu era fiel, por muito que fosse, digo já de antemão que não o seria; se eu fizesse o mesmo saberia que já tinha bem afiadinho o meu par de cornos. E isto porquê? É um programa de TV; pretende chocar; encontra sedutores que estarão preparados para o que surgir, e bem treinados; têm a ficha e perfil das "vitimas", e vão criar toda uma situação para que se proporcione aquilo que o espectador quer ver: traição, surpresa e raiva do parceiro, desilusão, e um lavar de roupa suja na praça publica.
Do que já vi, na versão portuguesa (obviamente, porque a brasileira não se pode aplicar ao nosso caso: é um país muito mas muito maior, com muitos mas muitos mais habitantes e hábitos muito mas muito diferentes), a forma de actuação do sedutor varia e bastante se o "infiel" é homem ou mulher. Até agora o "infiel" é sempre vilipendiado porque a sedutora fez um strip/table dance para ele; não trocam um unico beijo e o máximo que há é ele ser humilhado por ficar de cuecas com uma stripper a esfregar-se a ele e, aqui e ali, pegar na mão dele para a esfregar no seu corpo. No caso das mulheres é diferente: há beijos, o sedutor bem que se aproveita e toca nelas e elas bem que se aproveitam e tocam nele - sem qualquer objecção ou inibição dele.
Mas isso é tipico nas mulheres: o homem é traidor só por ir a uma casa de strip, onde paga bem, baba pela mulher que dança e se despe agarrada a um varão, não lhe toca... e mais nada. Pelo contrário (pelo que me contaram) os strips masculinos são uma festa, com várias manifestações, cantorias, danças. Elas não precisam que eles peçam ou impeçam de lhes tocar porque elas, de livre vontade, lhes tiram a roupa, apalpam, riem, convivem. Em situação semelhante mas num strip feminino as profissionais seriam putas e os homens uns depravados tarados prevaricadores.
Ao falar disto com uma amiga num dia destes ela disse que as mulheres têm o direito de agir assim e de trair porque foram subjugadas pelo homem durante centenas de anos: é a emancipação. Embora goste de argumentar não fui capaz de o fazer convenientemente e acabei por lhe dar razão. Pelo que tenho observado a mulher é mais fiel mas também menos fiável no teste de fidelidade. Porque há um ponto que é impossivel lutar contra: as mulheres detestam ser desiludidas ou deixadas para trás - ficam destroçadas, de rastos. Nesse momento aparece alguém que a conforta e ela, carente, deixa-se arrastar e cai nos braços de outro (o homem, em caso de carência por desilusão ou troca, procura conforto junto de amigos e do álcool; quando muito as unicas mulheres que encontram são ou stripers ou prostitutas que somente fazem o seu trabalho). Era desta forma que se criavam as situações no programa equivalente da SIC (Juras de amor, se não me engano).
Agora dizem as mulheres: Lá está, é um HOMEM que se aproveita da debilidade passional da MULHER, que neste caso é vitima (como o é sempre!). Mas para isso tenho uma resposta simples: claro que é um homem que o faz, porque se fosse uma mulher com os mesmos propósitos vocês deixariam-se apanhar e "trair" o namorado de uma forma lésbica? Porque essa é, queiram saber, a unica forma pelo qual não temos como lutar...
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Não vejo com muita atenção o programa por, durante a sua exibição, estar a trabalhar. Porém, por trabalhar num café, consigo ter um grande número de opiniões diferentes - tanto masculinas como femininas.
Neste aspecto nota-se que as mulheres condenam qualquer tipo de atitude favorável do homem para a traição e, apesar de acharem o programa uma palhaçada, levam a sério o que se passa. Os homens têm uma opinião mais generalizada entre eles: a sedutora, sim senhor, é uma boazona; não faz quase nada que se possa considerar uma traição; é um programa de TV que pretende mostrar a infidelidade: ao ir lá as pessoas arriscam-se (e bastante) a serem infiéis.
Devo dizer que a minha opinião sobre o programa está, de certo modo, espelhada na opinião masculina. Se a minha namorada quisesse ir lá para saber se eu era fiel, por muito que fosse, digo já de antemão que não o seria; se eu fizesse o mesmo saberia que já tinha bem afiadinho o meu par de cornos. E isto porquê? É um programa de TV; pretende chocar; encontra sedutores que estarão preparados para o que surgir, e bem treinados; têm a ficha e perfil das "vitimas", e vão criar toda uma situação para que se proporcione aquilo que o espectador quer ver: traição, surpresa e raiva do parceiro, desilusão, e um lavar de roupa suja na praça publica.
Do que já vi, na versão portuguesa (obviamente, porque a brasileira não se pode aplicar ao nosso caso: é um país muito mas muito maior, com muitos mas muitos mais habitantes e hábitos muito mas muito diferentes), a forma de actuação do sedutor varia e bastante se o "infiel" é homem ou mulher. Até agora o "infiel" é sempre vilipendiado porque a sedutora fez um strip/table dance para ele; não trocam um unico beijo e o máximo que há é ele ser humilhado por ficar de cuecas com uma stripper a esfregar-se a ele e, aqui e ali, pegar na mão dele para a esfregar no seu corpo. No caso das mulheres é diferente: há beijos, o sedutor bem que se aproveita e toca nelas e elas bem que se aproveitam e tocam nele - sem qualquer objecção ou inibição dele.
Mas isso é tipico nas mulheres: o homem é traidor só por ir a uma casa de strip, onde paga bem, baba pela mulher que dança e se despe agarrada a um varão, não lhe toca... e mais nada. Pelo contrário (pelo que me contaram) os strips masculinos são uma festa, com várias manifestações, cantorias, danças. Elas não precisam que eles peçam ou impeçam de lhes tocar porque elas, de livre vontade, lhes tiram a roupa, apalpam, riem, convivem. Em situação semelhante mas num strip feminino as profissionais seriam putas e os homens uns depravados tarados prevaricadores.
Ao falar disto com uma amiga num dia destes ela disse que as mulheres têm o direito de agir assim e de trair porque foram subjugadas pelo homem durante centenas de anos: é a emancipação. Embora goste de argumentar não fui capaz de o fazer convenientemente e acabei por lhe dar razão. Pelo que tenho observado a mulher é mais fiel mas também menos fiável no teste de fidelidade. Porque há um ponto que é impossivel lutar contra: as mulheres detestam ser desiludidas ou deixadas para trás - ficam destroçadas, de rastos. Nesse momento aparece alguém que a conforta e ela, carente, deixa-se arrastar e cai nos braços de outro (o homem, em caso de carência por desilusão ou troca, procura conforto junto de amigos e do álcool; quando muito as unicas mulheres que encontram são ou stripers ou prostitutas que somente fazem o seu trabalho). Era desta forma que se criavam as situações no programa equivalente da SIC (Juras de amor, se não me engano).
Agora dizem as mulheres: Lá está, é um HOMEM que se aproveita da debilidade passional da MULHER, que neste caso é vitima (como o é sempre!). Mas para isso tenho uma resposta simples: claro que é um homem que o faz, porque se fosse uma mulher com os mesmos propósitos vocês deixariam-se apanhar e "trair" o namorado de uma forma lésbica? Porque essa é, queiram saber, a unica forma pelo qual não temos como lutar...
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
quinta-feira, junho 16, 2005
Hoje o conteudo estava para ser diferente, mas...
esta notícia tocou-me. Vede por vós:
ESEC – “Dou-te um cigarro em troca de uma hora”
E se alguém o convidasse para uma campanha anti–tabágica, prometendo–lhe em troca um cigarro? E se esse alguém fosse uma criança? Aconteceu ontem na ESEC.
Ou a acção correu mesmo muito bem, ou aquele grupo de crianças é fantástico, ou a peça jornalística não foi muito ética... contudo tocante!
Não sei se volto a postar hoje; o conteúdo que tinha preparado ficará para a próxima.
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
esta notícia tocou-me. Vede por vós:
ESEC – “Dou-te um cigarro em troca de uma hora”
E se alguém o convidasse para uma campanha anti–tabágica, prometendo–lhe em troca um cigarro? E se esse alguém fosse uma criança? Aconteceu ontem na ESEC.
Ou a acção correu mesmo muito bem, ou aquele grupo de crianças é fantástico, ou a peça jornalística não foi muito ética... contudo tocante!
Não sei se volto a postar hoje; o conteúdo que tinha preparado ficará para a próxima.
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
terça-feira, junho 14, 2005
O menino que queria ser Deus
Bráulio era um menino normal. Desde muito cedo que se notava a sua veia observadora - aqueles bébés que olham para tudo o que os rodeia com os olhos bem abertos e que estão atentos ao mínimo pormenor - e pacatez, algo que os amigos dos pais dele sempre elogiavam.
À medida que ia crescendo a sua tendência por aprender era magistral: já sabia ler e escrever com quatro anos, leu o primeiro livro aos seis e aos sete anos já estava bem além da sua aprendizagem de escola, sendo usado como exemplo pelos professores junto dos colegas mais velhos. Ele odiava essa forma de humilhação para ele e para os mais velhos, que estavam perante um pirralho com ânsia de aprender e que odiavam por isso mesmo. Mas ele não se exibia, ficava no seu cantinho observando, a fugir de problemas e discussões e sendo sempre pacato e calmo quando os mais velhos os confrontavam com poucos argumentos e muita brutalidade.
Começou a crescer nele um interesse lógico pelo perfeccionismo e, na catequese, começou a ser incómodo para quem lhe prestava o serviço religioso, questionando e querendo saber mais acerca dos "milagres" da religião. Bráulio não percebia porque tinha que citar uns textos quando queria falar com Deus, essa entidade suprema tão presente e tão ausente e misteriosa, e não o interpelava directamente. Tentou falar das duas formas, primeiro com os textos decorados e depois com os seus próprios argumentos, e em nenhuma das vezes teve resposta.
Sempre a questionar a suposta fé que lhe impunham, de ter que passar por essa cerimónia iniciática que os familiares obrigavam a fazer, como que um ritual pré-histórico de entrada na adolescência, Bráulio sentia-se cada vez mais ausente desses textos e sessões de religião; quanto mais ausente mais questionava o seu poder para alguns (muitos) e o enfraquecimento para outros (poucos).
Chegou ao secundário e à data de escolher um futuro caminho, uma profissão. Fascinava-o a medicina - nela poderia competir com esse Deus ceifa vidas e injusto, poderia salvar e investigar para salvar mais e ter o profundo conhecimento do corpo humano e de todas as potencialidades e fraquezas.
Fez os psicotécnicos, como todos, orientado por psicólogos. O resultado espantou toda a gente: Bráulio não era uma pessoa normal, nem mesmo o filho do messias; os seus psicotécnicos davam como orientação... ser Deus!
Como pode o comum mortal, pensou Bráulio, alcançar o inalcançável?
(CONTINUA?)
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Bráulio era um menino normal. Desde muito cedo que se notava a sua veia observadora - aqueles bébés que olham para tudo o que os rodeia com os olhos bem abertos e que estão atentos ao mínimo pormenor - e pacatez, algo que os amigos dos pais dele sempre elogiavam.
À medida que ia crescendo a sua tendência por aprender era magistral: já sabia ler e escrever com quatro anos, leu o primeiro livro aos seis e aos sete anos já estava bem além da sua aprendizagem de escola, sendo usado como exemplo pelos professores junto dos colegas mais velhos. Ele odiava essa forma de humilhação para ele e para os mais velhos, que estavam perante um pirralho com ânsia de aprender e que odiavam por isso mesmo. Mas ele não se exibia, ficava no seu cantinho observando, a fugir de problemas e discussões e sendo sempre pacato e calmo quando os mais velhos os confrontavam com poucos argumentos e muita brutalidade.
Começou a crescer nele um interesse lógico pelo perfeccionismo e, na catequese, começou a ser incómodo para quem lhe prestava o serviço religioso, questionando e querendo saber mais acerca dos "milagres" da religião. Bráulio não percebia porque tinha que citar uns textos quando queria falar com Deus, essa entidade suprema tão presente e tão ausente e misteriosa, e não o interpelava directamente. Tentou falar das duas formas, primeiro com os textos decorados e depois com os seus próprios argumentos, e em nenhuma das vezes teve resposta.
Sempre a questionar a suposta fé que lhe impunham, de ter que passar por essa cerimónia iniciática que os familiares obrigavam a fazer, como que um ritual pré-histórico de entrada na adolescência, Bráulio sentia-se cada vez mais ausente desses textos e sessões de religião; quanto mais ausente mais questionava o seu poder para alguns (muitos) e o enfraquecimento para outros (poucos).
Chegou ao secundário e à data de escolher um futuro caminho, uma profissão. Fascinava-o a medicina - nela poderia competir com esse Deus ceifa vidas e injusto, poderia salvar e investigar para salvar mais e ter o profundo conhecimento do corpo humano e de todas as potencialidades e fraquezas.
Fez os psicotécnicos, como todos, orientado por psicólogos. O resultado espantou toda a gente: Bráulio não era uma pessoa normal, nem mesmo o filho do messias; os seus psicotécnicos davam como orientação... ser Deus!
Como pode o comum mortal, pensou Bráulio, alcançar o inalcançável?
(CONTINUA?)
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
segunda-feira, junho 13, 2005
Soneto de amor
Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.
Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.
Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!
José Régio
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.
Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.
Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!
José Régio
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
domingo, junho 12, 2005
Cântico Negro
(Para manter actualização... e algum nível!)
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
José Régio
Ah a poesia!... limpa a alma, ou não concordais comigo?
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
(Para manter actualização... e algum nível!)
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
José Régio
Ah a poesia!... limpa a alma, ou não concordais comigo?
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
quinta-feira, junho 09, 2005
Calor...
(Foto: Paulo Aroso Campos)
Calor aperta. De dia, de tarde, de noite...
Dificil estudar, andar... reconheço o exagero ao gostar de ti, calor.
Em ti e contigo sinto o mundo mais vivo; a alegria que sai à rua nos sorrisos das pessoas, a frescura da manhã, o não importar se a água do banho sai fria ou quente!
As roupas leves, poucas, curtas; a sensualidade presente em cada movimento, executado em câmara lenta para não aumentar o esforço, o quente, o suor.
Olho-te de frente, calor, com a realidade pouco presente. A realidade obscura que quem te procura no inverno, de quem te deseja na primavera, de quem te sorri no verão. E no seguinte e no seguinte e no seguinte.
Sufocante? Às vezes parece que o inferno (ou como gostamos de chamar) desce dos céus e torna o dia insuportável. Mentalmente talvez, depende dos espíritos presentes (ausentes?)
Gosto de ti calor. Gosto de me sentir quente, combatendo a frieza que apresento todos os dias. Derreto. Sou eu, mais eu.
Sou o calor.
Nem mais...
"Eu que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.
Sentado à mesa de um café devasso,
Ao avistar-te, há pouco fraca e loura,
Nesta babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.
E, quando socorrestes um miserável,
Eu, que bebia cálices de absinto,
Mandei ir a garrafa, porque sinto
Que me tornas prestante, bom, sudável.
«Ela aí vem!» disse eu para os demais;
E pus me a olhar, vexado e suspirando,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando,
Na frescura dos linhos matinais.
Via-te pela porta envidraçada;
E invejava, - talvez que não o suspeites! -
Esse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, imaculada.
...
Soberbo dia! Impunha-me respeito
A limpidez do teu semblante grego;
E uma família, um ninho de sossego,
Desejava beijar o teu peito.
Com elegância e sem ostentação,
Atravessavas branca, esbelta e fina,
Uma chusma de padres de batina,
E de altos funcionários da nação.
«Mas se a atropela o povo turbulento!
Se fosse, por acaso, ali pisada!»
De repente, parastes embaraçada
Ao pé de um numeroso ajuntamento,
E eu, que urdia estes frágeis esbocetos,
Julguei ver, com a vista de poeta,
Um pombinha tímida e quieta
Num bando ameaçador de corvos pretos.
E foi, então que eu, homem varonil,
Quis dedicar-te a minha pobre vida,
A ti, que és ténue, dócil, recolhida,
Eu, que sou hábil, prático, viril."
Cesário Verde
(Foto: Paulo Aroso Campos)
Calor aperta. De dia, de tarde, de noite...
Dificil estudar, andar... reconheço o exagero ao gostar de ti, calor.
Em ti e contigo sinto o mundo mais vivo; a alegria que sai à rua nos sorrisos das pessoas, a frescura da manhã, o não importar se a água do banho sai fria ou quente!
As roupas leves, poucas, curtas; a sensualidade presente em cada movimento, executado em câmara lenta para não aumentar o esforço, o quente, o suor.
Olho-te de frente, calor, com a realidade pouco presente. A realidade obscura que quem te procura no inverno, de quem te deseja na primavera, de quem te sorri no verão. E no seguinte e no seguinte e no seguinte.
Sufocante? Às vezes parece que o inferno (ou como gostamos de chamar) desce dos céus e torna o dia insuportável. Mentalmente talvez, depende dos espíritos presentes (ausentes?)
Gosto de ti calor. Gosto de me sentir quente, combatendo a frieza que apresento todos os dias. Derreto. Sou eu, mais eu.
Sou o calor.
Nem mais...
"Eu que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.
Sentado à mesa de um café devasso,
Ao avistar-te, há pouco fraca e loura,
Nesta babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.
E, quando socorrestes um miserável,
Eu, que bebia cálices de absinto,
Mandei ir a garrafa, porque sinto
Que me tornas prestante, bom, sudável.
«Ela aí vem!» disse eu para os demais;
E pus me a olhar, vexado e suspirando,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando,
Na frescura dos linhos matinais.
Via-te pela porta envidraçada;
E invejava, - talvez que não o suspeites! -
Esse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, imaculada.
...
Soberbo dia! Impunha-me respeito
A limpidez do teu semblante grego;
E uma família, um ninho de sossego,
Desejava beijar o teu peito.
Com elegância e sem ostentação,
Atravessavas branca, esbelta e fina,
Uma chusma de padres de batina,
E de altos funcionários da nação.
«Mas se a atropela o povo turbulento!
Se fosse, por acaso, ali pisada!»
De repente, parastes embaraçada
Ao pé de um numeroso ajuntamento,
E eu, que urdia estes frágeis esbocetos,
Julguei ver, com a vista de poeta,
Um pombinha tímida e quieta
Num bando ameaçador de corvos pretos.
E foi, então que eu, homem varonil,
Quis dedicar-te a minha pobre vida,
A ti, que és ténue, dócil, recolhida,
Eu, que sou hábil, prático, viril."
Cesário Verde
quarta-feira, junho 08, 2005
Continuando com a imprensa...
Uma amiga, instrutora de Swásthya Yoga em Paris, enviou-me um e-mail com um link do jornal Correio da Manhã. Nesse jornal, penso que só na edição electrónica, dá-se a conhecer um pouco do que é o Swásthya, do que é o Yoga, e do que é o Swásthya Yoga.
Confesso que sempre tive curiosidade pela prática dessa "modalidade", daquilo que conhecia. Pelo contacto com as pessoas, e pela prática (infelizmente pouca) que pude ter, senti que era muito mais do que imaginava: não é só um desporto, mas uma filosofia, um bem estar, um sentir, um sorrir, um amar - e tudo feito e absorvido de um jeito carinhoso, apaixonado, de quem adora mesmo o que faz e para quem faz.
Por essa razão deixo aqui, neste singelo blog, o link para os artigos do Correio da Manhã - deixo o ultimo que tem, no fundo da página, todos os artigos escritos até à data.
Aconselho que, quem tenha curiosidade ou interesse, "perca" (ganhe) um pouco de tempo útil do seu dia e leia com atenção o que é escrito.
Aqui está o link:
http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=161042&idCanal=13
Como era dito no fim de cada sessão:
Swásthya!
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Uma amiga, instrutora de Swásthya Yoga em Paris, enviou-me um e-mail com um link do jornal Correio da Manhã. Nesse jornal, penso que só na edição electrónica, dá-se a conhecer um pouco do que é o Swásthya, do que é o Yoga, e do que é o Swásthya Yoga.
Confesso que sempre tive curiosidade pela prática dessa "modalidade", daquilo que conhecia. Pelo contacto com as pessoas, e pela prática (infelizmente pouca) que pude ter, senti que era muito mais do que imaginava: não é só um desporto, mas uma filosofia, um bem estar, um sentir, um sorrir, um amar - e tudo feito e absorvido de um jeito carinhoso, apaixonado, de quem adora mesmo o que faz e para quem faz.
Por essa razão deixo aqui, neste singelo blog, o link para os artigos do Correio da Manhã - deixo o ultimo que tem, no fundo da página, todos os artigos escritos até à data.
Aconselho que, quem tenha curiosidade ou interesse, "perca" (ganhe) um pouco de tempo útil do seu dia e leia com atenção o que é escrito.
Aqui está o link:
http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=161042&idCanal=13
Como era dito no fim de cada sessão:
Swásthya!
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
terça-feira, junho 07, 2005
Notícias e comentários
(como que a dizer: não há mais nada para fazer?!)
(fonte: www.publico.pt)
No âmbito das relações de "amizade e cooperação"
PCP: Jerónimo de Sousa em visita de amizade à China e Vietname
Comentário: Talvez esteja aqui o porquê da não renovação do PCP...
Há cinco semanas
Marte: robô Opportunity saiu da duna onde estava imobilizado
Comentário: Portugal não consegue sair da duna; robô Opportunity a Presidente!
Last but not least, a frase do fim de semana!!!
"Eu vou receber aquilo a que tenho direito e não vou fazer de bode expiatório, nem ser diferente dos outros por uma questão de demagogia. Há aqui uns bastardos da comunicação social do continente - digo bastardos para não dizer filhos da puta - que aproveitaram este ensejo para desabafar o ódio sobre a minha pessoa" - Alberto João Jardim, presidente (vitalício) do Governo Regional da Madeira
Comentário: Alberto João Jardim personifica o esforço que o Governo quer incutir na Função Pública: trabalhar até depois da idade digna de reforma. Ao contrário de muitos idosos com 65 ou mais anos, AJJ revela um apurado sentido de senilidade e síndroma de "Fernando Rochismo".
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
(como que a dizer: não há mais nada para fazer?!)
(fonte: www.publico.pt)
No âmbito das relações de "amizade e cooperação"
PCP: Jerónimo de Sousa em visita de amizade à China e Vietname
Comentário: Talvez esteja aqui o porquê da não renovação do PCP...
Há cinco semanas
Marte: robô Opportunity saiu da duna onde estava imobilizado
Comentário: Portugal não consegue sair da duna; robô Opportunity a Presidente!
Last but not least, a frase do fim de semana!!!
"Eu vou receber aquilo a que tenho direito e não vou fazer de bode expiatório, nem ser diferente dos outros por uma questão de demagogia. Há aqui uns bastardos da comunicação social do continente - digo bastardos para não dizer filhos da puta - que aproveitaram este ensejo para desabafar o ódio sobre a minha pessoa" - Alberto João Jardim, presidente (vitalício) do Governo Regional da Madeira
Comentário: Alberto João Jardim personifica o esforço que o Governo quer incutir na Função Pública: trabalhar até depois da idade digna de reforma. Ao contrário de muitos idosos com 65 ou mais anos, AJJ revela um apurado sentido de senilidade e síndroma de "Fernando Rochismo".
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
domingo, junho 05, 2005
Odeio sentir que desconfiam de mim, das minhas acções;
Detesto indagar aos céus, aos deuses, e a resposta ser sempre a mesma: são sempre aqueles que te amam, aqueles em quem tens mais confiança.
Deuses, dizei-me: se são aqueles em quem mais confio, o que faço para não merecer o mesmo?
Porque não há reciprocidade?
Sê discreto, é um dos meus lemas. Porque é que quem não confia em mim não age também dessa forma?
Tantas perguntas num universo tão pequeno mas expansível!
Leis da física, atracção de corpos, gravidade...
... pedaços...
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
Detesto indagar aos céus, aos deuses, e a resposta ser sempre a mesma: são sempre aqueles que te amam, aqueles em quem tens mais confiança.
Deuses, dizei-me: se são aqueles em quem mais confio, o que faço para não merecer o mesmo?
Porque não há reciprocidade?
Sê discreto, é um dos meus lemas. Porque é que quem não confia em mim não age também dessa forma?
Tantas perguntas num universo tão pequeno mas expansível!
Leis da física, atracção de corpos, gravidade...
... pedaços...
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
sexta-feira, junho 03, 2005
Mondego, espelho de água
(foto Paulo Aroso Campos)
O imperfeito procura ávidamente a perfeição; sabe que nunca a atingirá. O perfeito nunca procura a perfeição porque é o seu reflexo; sem esforço encontrará um semelhante - afinal é perfeito!
Audioslave - Your Time Has Come
by Audioslave
One fell asleep in the street and he never woke up
One died in pieces in his bed with a head full of gold
One who threatened me long ago
I saw him
Melt in the bright light of day
One laid to rest in a field under starlings and crows
Nós, homens, olhamos sempre para as cores mais garridas, aquelas que sempre chamam mais a atenção. Esquecemos de estudar o quadro completo, analisar o todo, a profundidade do artista. Passa-se com tudo: trabalho, sucesso, amores, religião, o mundo. Educamos todos dessa forma e alguns conseguem evadir-se desse mundo. Os sensiveis, os imaginativos - alvos de preconceito para sempre!
Chorus
I’ve been wandering sideways
I’ve stared straight into the sun
Still I don’t know why you are dying
long before your time has come
Olho o mundo com o telescópio e microscópio. E com a terrível deformação ocular que me define. Em sonhos, no real, na morbidez do pensamento de outro; e de outros; e tua e tua e tua e tua.
One took some bullets in the chest in a deal gone wrong
One got a little too depressed so he went and jumped the gun
One got shot right in the face and somehow he survived
But he doesn’t know my name or who I am
And I’m not surprised
Sonhos e lugares passados, e morte e anti-cristos, e demónios em figuras masculinas e femininas. E sexo, selvagem, desprovido de sentimentos. E relógios que emitem sons terriveis a cada mover dos ponteiros! E o som do rastejar humano a cumprir a sua (e minha) rotina tradicional!
Chorus
I’ve been wandering sideways
I’ve stared straight into the sun
Still I don’t know why you are dying
long before your time has come
I’ve been wandering sideways
I’ve stared straight into the sun
Still I don’t know why you are dying
long before your time has come
your time has come
Silêncio. Silêncio. Silêncio - silêncio - silêncio...
Assim compassado como uma melodia perfeita, como o olhar vitreo e apaixonado e inocente...
Demente, como estou.
I’ve seen 50,000 names all engraved in stone
Most of them met an early grave years before I was born
All of them left brothers and sisters and mothers behind
Most of their family and friends are still alive and doing time
Sono...
Chegou? (cegou?)
Chorus
I’ve been wandering sideways
I’ve stared straight into the sun
Still I don’t know why you are dying
long before your time has come
I’ve been wandering sideways
I’ve stared straight into the sun
Still I don’t know why you are dying
long before your time has come
long before your time has come
long before your time has come
your time has come
"Na linha nº 1 parte o suburbano com destino ao paraíso...
... senhores passageiros é favor embarcar...
VAI PARTIIIIIIIIIIIIIR!"
(foto Paulo Aroso Campos)
O imperfeito procura ávidamente a perfeição; sabe que nunca a atingirá. O perfeito nunca procura a perfeição porque é o seu reflexo; sem esforço encontrará um semelhante - afinal é perfeito!
Audioslave - Your Time Has Come
by Audioslave
One fell asleep in the street and he never woke up
One died in pieces in his bed with a head full of gold
One who threatened me long ago
I saw him
Melt in the bright light of day
One laid to rest in a field under starlings and crows
Nós, homens, olhamos sempre para as cores mais garridas, aquelas que sempre chamam mais a atenção. Esquecemos de estudar o quadro completo, analisar o todo, a profundidade do artista. Passa-se com tudo: trabalho, sucesso, amores, religião, o mundo. Educamos todos dessa forma e alguns conseguem evadir-se desse mundo. Os sensiveis, os imaginativos - alvos de preconceito para sempre!
Chorus
I’ve been wandering sideways
I’ve stared straight into the sun
Still I don’t know why you are dying
long before your time has come
Olho o mundo com o telescópio e microscópio. E com a terrível deformação ocular que me define. Em sonhos, no real, na morbidez do pensamento de outro; e de outros; e tua e tua e tua e tua.
One took some bullets in the chest in a deal gone wrong
One got a little too depressed so he went and jumped the gun
One got shot right in the face and somehow he survived
But he doesn’t know my name or who I am
And I’m not surprised
Sonhos e lugares passados, e morte e anti-cristos, e demónios em figuras masculinas e femininas. E sexo, selvagem, desprovido de sentimentos. E relógios que emitem sons terriveis a cada mover dos ponteiros! E o som do rastejar humano a cumprir a sua (e minha) rotina tradicional!
Chorus
I’ve been wandering sideways
I’ve stared straight into the sun
Still I don’t know why you are dying
long before your time has come
I’ve been wandering sideways
I’ve stared straight into the sun
Still I don’t know why you are dying
long before your time has come
your time has come
Silêncio. Silêncio. Silêncio - silêncio - silêncio...
Assim compassado como uma melodia perfeita, como o olhar vitreo e apaixonado e inocente...
Demente, como estou.
I’ve seen 50,000 names all engraved in stone
Most of them met an early grave years before I was born
All of them left brothers and sisters and mothers behind
Most of their family and friends are still alive and doing time
Sono...
Chegou? (cegou?)
Chorus
I’ve been wandering sideways
I’ve stared straight into the sun
Still I don’t know why you are dying
long before your time has come
I’ve been wandering sideways
I’ve stared straight into the sun
Still I don’t know why you are dying
long before your time has come
long before your time has come
long before your time has come
your time has come
"Na linha nº 1 parte o suburbano com destino ao paraíso...
... senhores passageiros é favor embarcar...
VAI PARTIIIIIIIIIIIIIR!"
quarta-feira, junho 01, 2005
Para norte do Cabo Sardão,
para onde voa a flor amarela...
(foto: Paulo Aroso Campos )
... pelo menos quando o vento sopra de sul, vento quente...
Audioslave - Dandelion
by Audioslave
Settle down now and sit with me
Let me tell you how this all came to be
A yellow flower with your pedals to the air
And flying on paper wings that brought you here
Summer rolls on in the lazy hours
An ether dream way
Of hummingbirds and clouds
Midnight swims in the cool back waves
And you in my arms as it rolls away
Chorus
Little dandelion
Let your heart keep time
Now the clouds are gone
All of your tomorrows shine
Oh oh
All of your tomorrows shine
Oh oh
All of your tomorrows shine
Born of restless night the moon as a pearl
Playing games down inside your soft warm world
Hear my voice I know that you can
You’re the fire in my eyes
The sun as a man
Seasons come along and seasons go
And what they’ll leave behind
I don’t pretend to know
I’m afraid that all I have missed
Will loom very large when the darkness lifts
Chorus
Little dandelion
Let your heart keep time
Now the clouds are gone
All of your tomorrows shine
All of your tomorrows shine
All of your tomorrows shine
I will ride by your side
Wherever you go
I won’t run I won’t hide
Just letting you know
Chorus
Little dandelion
Let your heart keep time
Now the clouds are gone
All of your tomorrows shine
All of your tomorrows shine
All of your tomorrows shine
All of your tomorrows shine
All of your tomorrows shine
All of your tomorrows shine
para onde voa a flor amarela...
(foto: Paulo Aroso Campos )
... pelo menos quando o vento sopra de sul, vento quente...
Audioslave - Dandelion
by Audioslave
Settle down now and sit with me
Let me tell you how this all came to be
A yellow flower with your pedals to the air
And flying on paper wings that brought you here
Summer rolls on in the lazy hours
An ether dream way
Of hummingbirds and clouds
Midnight swims in the cool back waves
And you in my arms as it rolls away
Chorus
Little dandelion
Let your heart keep time
Now the clouds are gone
All of your tomorrows shine
Oh oh
All of your tomorrows shine
Oh oh
All of your tomorrows shine
Born of restless night the moon as a pearl
Playing games down inside your soft warm world
Hear my voice I know that you can
You’re the fire in my eyes
The sun as a man
Seasons come along and seasons go
And what they’ll leave behind
I don’t pretend to know
I’m afraid that all I have missed
Will loom very large when the darkness lifts
Chorus
Little dandelion
Let your heart keep time
Now the clouds are gone
All of your tomorrows shine
All of your tomorrows shine
All of your tomorrows shine
I will ride by your side
Wherever you go
I won’t run I won’t hide
Just letting you know
Chorus
Little dandelion
Let your heart keep time
Now the clouds are gone
All of your tomorrows shine
All of your tomorrows shine
All of your tomorrows shine
All of your tomorrows shine
All of your tomorrows shine
All of your tomorrows shine
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