Vejo-te, Lua, a crescer nos céus ainda o dia é dia. Fazes acreditar na beleza a quem é céptico, e quem vê na tua imagem a visão de romantismos romanceados e filmes filmados e amores amados.
Leio a lua com as crateras todas de nomes inexplicaveis em linguas estrangeiras e que têm apenas o siginificado do olhar apaixonado com que te olho com amor, Lua.
Julio benze-se logo após a oração nocturna, aquela em que pede ao Pai do Céu boa fortuna para a familia, menos guerras no mundo, cura para as doenças. Sente-se envergonhado porque, pelo meio, faz um curto repto sobre as suas dificuldades de aprendizagem, a preguiça que tem em estudar "mas que tento a cada dia alterar, Senhor!" e lembra-Lhe egoisticamente que ao ser-lhe dado o prazer de ser bem sucedido nos estudos estava a dar uma alegria à familia.
Desde pequenino que Julio se encanta com a alvura branca brilhante da lua lá no céu, qual deusa rainha de todas as estrelas "tal qual a rainha das abelhas, na colmeia, a maior, a que têm as abelhinhas e que tem a responsabilidade pelo mel!". Romântico e crédulo como a maioria das crianças; castigável porque vê na lua a imagem do Deus que lhe ensinaram amar e Deus não tem qualquer imagem - Pagão!, vocifera-lhe a avó quando o vê fazer assim a oração. "No meu tempo haveria um sermão na missa a castigar-te por seres um reles pagão!... meu filho, porque tendes a adorar falsas imagens? Acaso precisais de uma imagem para adorar, não tendes fé no invisivel que em todo o lado está e tudo vê?".
Esta imagem custava muito a Julio porque odiava que olhassem pelo canto do olho sempre que tinha que realizar tarefas: a condição de observado, ou só essa ideia, deixavam-no envergonhado e atabalhoado, o que lhe causava grandes dissabores.
"É assim que falo contigo, pai do céu, que sei que estás aí na Lua a observar-nos. Que local de observação melhor terias para observar todo o teu povo? Com adoração venerada..."
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
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