Pretende ser diferente do normal, por isso ser "contra natura". A ideia é desenvolver textos críticos, que possam misturar (ou não) um pouco de humor não amordaçado.
domingo, janeiro 23, 2005
Observo o mar com eterna paixão. Sempre amei olhar-te, ler no teu movimento aquele envolver apaixonado dos amantes. Eterno, etéreo, a batida das ondas, o restolhar na areia: ora suave e sensivel, qual rio calmo e feliz com a sua sina, ora brutal e cego de ódio e raiva, deitando abaixo tudo o que consegue...
Nunca me esqueci de ti
(João Monge / Rui Veloso)
Bato a porta devagar,
Olho só mais uma vez
Como é tão bonita esta avenida...
É o cais. Flor do cais:
Águas mansas e a nudez
Frágil como as asas de uma vida
Deste ponto alto sei que não me atingirás, mas sei que sou para ti um objectivo. Queres, a todo o custo, resgatar-me, envolver-me no teu braço de água, e dar-me a protecção da tua força. Neste fim de dia, em que o sol forte e quente queima a pele e a vista, em que se reflete até não haver mais o que ver... até ao horizonte possivel...
É o riso, é a lágrima
A expressão incontrolada
Não podia ser de outra maneira
É a sorte, é a sina
Uma mão cheia de nada
E o mundo à cabeceira
Haverá no outro lado alguém que te olha como eu olho? Que sinta a força do teu som como uma batida cardiaca, que te ame e veja em ti a força de paixões? Quem não se sente fascinado por ti, ó mar? Não são as sereias que fazem de ti tão belo e atraente e encantador, mas as miragens que causas a quem muito viaja no teu dorso...
Mas nunca
Me esqueci de ti
Tudo muda, tudo parte
Tudo tem o seu avesso.
Frágil a memória da paixão...
É a lua. Fim da tarde
É a brisa onde adormeço
Quente como a tua mão
Imagino que haja alguém no oposto. Alguém também oposto a mim. Que tal como eu te olha e envia uma mensagem. Não numa garrafa, como nas histórias, mas pelo teu modo de transmissão. Ouves a mensagem, mar, e transmites em todas as costas, para ser ouvida e descodificada por quem a saiba e perceba... talvez por mim...
Mas nunca
Me esqueci de ti
E a minha mensagem, chegará aos teus ouvidos? Concerteza... já imagino até o teu sorriso!
Fotos: Alentejo, Costa Vicentina; Ilha Comprida, SP, Brasil
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
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