segunda-feira, maio 17, 2004

... e nao é que foi mesmo?!

Pois é meus caros e caras leitores. Foi mesmo um dia para mais tarde recordar. Ou nao. Da parte que me toca (principalmente a garganta e paredes estomacais, bem como o sangue que teve o prezer e deleite, ou nao, de transportar enormes quantidades de bolhas de cerveja, precioso liquido amarelo que apraz aos deuses) deu para tirar o gosto amargo de nao ter estado em nenhuma noite da Queima das Fitas da bela Lusa Atenas, essa Coimbra que transporto no pensamento e no sangue para todo o local que và. Outra vantagem foi o de estar no lado oposto onde costumo estar, ou seja, dentro do bar. Assim, além da valentissima, solenissima e potentissima bebedeira, tive uma agradavel noite servil de atendimento ao cliente. Obvio que a atençao prestada às meninas era um pouco diferente, principalmente às bonitas, mas o atendimento tem de ter um pouco de charme (que eu porventura imagino que até tenha tido, a espaços. Esta bem, torna-se dificil mas pode haver alguém que ache, e tal... bom, talvez nao.); mesmo assim os homens eram tratados com toda a cordialidade, mas o homem esta nestas situaçoes, expressamente, para beber, e ser bem servido, e nao para ser tratado com falinhas mansas. A mulher tem outra maneira de ser e gosta sempre de uma palavrinha simpatica, um sorriso, enfim, um atendimento mais personalizado. Nesse aspecto os franceses sao umas bestas porque estao-se a cagar com quem vem: recebe senha, prepara bebida (muitas vezes mal servida), dà à pessoa e nao esboça a minima emoçao, ainda que falsa. Talvez por isso eu, e o meu comparsa portugues que conheci la no bar (a historia de que ha sempre um portugues é verdade), eramos os que tinham mais gente a fazer pedidos. E realce-se que mesmo com os copos servia cerveja de alto gabarito!
O unico derrotado desta aventura é, possivelmente, o meu cérebro. Como ja é minha caracteristica, principalmente para aqueles que ja me conhecem algo mais intimamente (no sentido estrito), com a bebedeira vem-me uma amnésia desgraçada. Assim, mal sai do bar às duas da manhã, lembro-me de me terem dado duas smirnoff ice para a mao e depois so me lembro de ir para casa aos tropeçoes: nunca a frase "vai com deus" foi tao mal aplicada, porque o Respectivo (com R grande) passou o caminho todo a passar-me rasteiras. Se cheguei a casa de noite ou de dia nao me lembro. Deve ter sido de dia porque quando acordei tinha a persiana toda fechada, mas isso também nao prova nada.
Quando acordei no domingo pensei aquilo que toda a gente pensa apos uma noite mais bebida: nunca mais bebo! A seguir ao banho é que reparei que, afinal, pronunciei esse pensamento da boca pra fora e que, afinal, ainda tinha alcool no sangue. Por isso fui para a Casa de Portugal onde havia um belo repasto, ao ar livre, de sardinha (ou chouriço, mas optei pelo peixe) assada, acompanhada por um bolinho de bacalhau, salada de pimento, um pao e uma bebida à escolha (para nao misturar, e para tirar o sabor da Kro, fui para a fantastica Super Bock - a tipica, nada dessas paneleirices verdes...), e por la fiquei a comer, descansado na relva, ao sol. Depois os folioes brasileiros, ao lado, abriram também um bar com som do Brasil (toda a malta a dançar - nao, eu nao! Poupei muita gente, e a mim mesmo, esse show doentio!), com caipirinhas, e tal...
Da minha parte mantive-me fiel à Super Bock e aos tremoços, que eram oferecidos na compra do precioso liquido amarelo. Como aqui o dinheiro nao abunda, e a noite anterior tinha sido de miséria, e faltavam umas quantas pessoas para compor o ramalhete, deixei-me estar somente até à terceira, pelo que pelas 18h (ja tinha apanhado um pouco de sol) me fui embora.
Ficou na boca o gosto maravilhoso de uma saudosa noite conimbricence, com outro sabor - também especial, apraz dizer - e uma pequena nostalgia, de que é nestes momentos que se passam a sos que mais recordamos todos aqueles que amamos, e que dariamos seguramente um dedo (ou o braço do vizinho; ou, se nao tivesse namorada, de bom grado praticaria sexo oral com as miudas que estavam ao meu lado na relva, argentinas, umas queridas! Bem, se calhar isto ja é exagero - Sandra estou a brincar!!!) para ter-vos a todos, ali na relva, a apanhar um bronze, beber uma cerveja (ou outra coisa para quem nao bebe), jogar uma suecada, enfim, tainar!
Grande beijinho para as meninas, um abraço para os machos.
Saudade, de Paris!

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

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