Sérgio Godinho no Café de la Danse
Sérgio Godinho é, de facto, um senhor da musica portuguesa. Na sexta feira, 7 de Maio, tive oportunidade de confirmar isso com a vinda dele ao Café de la Danse, para um espectaculo integrado nas comemoraçoes da Revoluçao do 25 de Abril. Promovido pela Associaçao Cap Magellan, este concerto serviu para terminar as ditas comemoraçoes.
Surgiu em palco uma banda cheia de jovens, muitos deles mais novos que a propria carreira do Sérgio, julgo eu, e com uma sonoridade bastante diversificada. Os temas antigos do baladeiro, que tocava de guitarra aos ombros, surgiram convertidos em musicas rock, ska, e de outras sonoridades que nao posso classificar por falta de cultura musical, bastante apelativas e prazenteiras de se seguir. Sérgio surgiu igual a si proprio, vestido de forma jovial, contrastando os seus cabelos brancos e rugas com os jovens que o acompanham. Mas nem por isso o musico esta velho! Teatralizando as musicas, aguentando todo o espectaculo no palco, mostrando irreverência, energia e força, tocando uma musica so, encheu o espaço fantastico proporcionado pelo Café de la Danse.
Ouvi, deliciado, um cantor que nem sempre fez parte dos meus favoritos. Lembro-me d'Os amigos de Gaspar, d'A arvore dos estapafurdios, e de uma variedade de musicas dele mais antigas, como a Etelvina ou Com um brilhozinho nos olhos, mas nunca me interessei muito. A minha curiosidade foi suscitada por um concerto que ele deu numa Queima das Fitas de Coimbra, apos a saida de um album ao vivo, onde ele tocava com varios convidados. Entre estes estava Kalu, baterista dos Xutos e Pontapés, e o seu espectaculo na Queima acordou todos e mexeu com o publico. Foi fantastico!
Actualmente, no album "o irmao do meio" ja se consegue perceber a "nova" sonoridade de Sérgio Godinho. Quem ouve nao repara na diferença de idades dos intervenientes mas so na sua compacidade, na energia que dao a todas as musicas, a forma como comunicam antes durante e depois. Escutar "o homem dos 7 instrumentos" num estilo ska mais proximo da sonoridade dos Despe e Siga é qualquer coisa de fenomenal.
So mesmo assistindo. Para todas as idades, para todas as plateias. Por isso acho que ele, tal como Rui Veloso, Jorge Palma e outros, sao senhores na musica portuguesa. Letras diversas, com critica, humor, arte, passando pelos temas mais diversificados, numa sonoridade que varia entre o mais recente e o mais tradicional, tornam qualquer serão um momento prazenteiro.
Dei por bem empregues os meus 15€ (que nem é caro para um concerto em Paris), e por bem empregue o meu tempo.
Agora seguem-se os Xutos e Pontapés, nas festas de Santo Antonio da Radio Alfa, em Créteil. Juntamente actuarão Mariza, Fernando Girão e mais uns quantos de repertorio mais pimba, dos quais nao me recordo do nome. Para os seis leitores que vêm frequentemente a esta pàgina (e nao sou eu seis vezes!) espero que se estejam a divertir com a Queima das Fitas de Coimbra.
Forte abraço (ou beijinhos) de saudade!
Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt
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