quinta-feira, maio 06, 2004

SENSAçOES, EMOçOES

Conheci-te. Anonima, so, indefesa. Trocàmos olhares, informaçoes, coisa pouca. Guardei-te na memoria - ficaste num recanto, num corredor aberto, passavel e iluminado.
Contacto. A medo. Como foi? Como é? Como serà?
Ligo-te? Não te ligo?...
Como confiar? Primeiro olhar, tantas palavras sem falar. Quem sou, como apareço? Confiavel ou nao? Anonimo, inocente, observador atento, timido e indefeso?
Voz, som. Como mel. Suave, quente, doce. A envolvência do mel numa torrada quente, acabada de saltar da torradeira, usada como esponja para espalhar o seu doce charme.
Imagem. Linda, jovial, sorriso contagiante. A mesma voz. O sorriso, a melodia, o olhar.
Atracção? Suspiro, respiro fundo. Novamente. Inteligente e obstinada. Observo, escuto, encanto.
Escuro.
Som interrompe... telefone, campainha?
Alarme. Acordo...


NOSTALGIA, NUM COPO DE CERVEJA

estou feliz e expresso-o em làgrimas; estou feliz e saudoso. Bebo cerveja, sinto o sabor e recordo outras alturas. Mesa cheia de copos, tremoços quanto baste. Mais finos, alefria, jovialidade. Festa, comemoraçao, qualquer coisa serve para uma reuniao em torno desse liquido magico milenar.
Até o recordar, o lembrar com saudade. Passado recente, passado distante.
Coraçao bate forte, suspiro forte para aguentar teimosamente a làgrima que tenta escorrer pelo canto do olho. Liberdade! - ela desce e mostra o caminho às outras, qual espermatozoide activo ansioso por criar, dar vida.
Caem mais pelo mesmo sitio, olho vizinho imita. A frescura da cerveja traz a fraqueza do mais humano. A fermentaçao do cereal lembra o crescimento de uma amizade, o endurecimento de um amor, a chama de uma paixão.
O nariz junta-se à festa e pinga, os olhos fecham e expelem o sabor do mar. Posição fetal, respiraçao soluçante. Baba e ranho como uma criança.
Mudo, cresço, sinto-me diferente. Ao espelho a imagem é a mesma. Serà, serei?
Nostalgia, cerveja, saudade.

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

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