sábado, março 26, 2005

"Tenha uma boa Páscoa!"

Por esta altura do ano, entre Março e Abril, celebra-se a páscoa. Festa do calendário cristão, é um periodo religioso que, segundo uma pequena busca no Google, "...é uma festa cristã que celebra a ressurreição de Jesus Cristo. Depois de morrer na cruz, seu corpo foi colocado num sepulcro, onde ali permaneceu, até à sua ressurreição, quando seu espírito e seu corpo foram reunificados.". Para quem não é católico o que responder aos apelos públicos de "boa páscoa", se aquilo nada me diz? E porque nada me diz?
Primeiro porque os antigos egipcios, no tempo dos faraós, já acreditavam na reunificação do corpo e espirito num outro mundo melhor que aquele em que se viveu; no entanto para os cristãos esses rituais eram pouco credíveis já que o seu Deus - yahvé - era o unico deus e aquele que decidia sobre o futuro das pessoas após a sua morte. Interessante que os mesmos cristãos começaram a divulgar esse fenómeno após a "ressurreição" de Jesus Cristo, e que na sua religião isso seja possivel e nas outras não...
Segundo porque ainda não há provas da existência de um sepulcro onde foi colocado o corpo de Jesus Cristo e agora até já se duvida da existência de tal personagem, usando-se os seus episódios descritos n'A Biblia como lições de moral muito frequentes nesse mesmo livro.
Ora vivendo num país maioritariamente católico (apesar de, na Constituição, sermos um país laico) e tendo uma educação baseada no catolicismo, respondo educadamente da mesma forma. Interessante também esta ultima frase, como se só a religião católica ou cristã nos dá esses ensinamentos de educação e regras e moral.
Essa moral e educação existia antes do surgimento dessa religião, já havendo no Egipto dos faraós uma lei - Lei de Maat - que preconizava a moral, a ajuda aos necessitados, a rectidão e a verdade acima de todas as coisas e acima de si próprio; há relatos que no Oriente, pela mesma altura, também se utilizava uma forma semelhante dessa "lei", pelo que os cristãos nada inventaram e limitaram-se a tomar como sua uma "lei" que já existia. Adicionaram-lhe somente as penalidades a quem não cumprisse. Desde pequenos, os petizes eram ameaçados pelos pais que se não cumprissem esses preceitos seriam duramente castigados - primeiro fisicamente pelos proprios pais ou tutores, depois num futuro após a morte que iriam para o inferno... - e surgiu assim a crença que os cristãos teriam de se penalizar estupidamente para poderem ter o seu lugar no céu, a sorte na vida, etc. E o bom filho de Deus, Jesus, ofereceu-se em sacrificio pelos pecados do mundo... quem não se lembrará dos pais ou avós a censurarem com ar muito sério quando faziamos uma travessura, dizendo que era pecado e que Deus castiga? Mas afinal Deus não perdoa? Pelos vistos não, só se nos arrependermos com muito sofrimento...
Prova disto é a noticia d'O Público Online "João Paulo II oferece o seu sofrimento aos fiéis"... festejar-se o sofrimento?! Parece-me muito mórbido.
Contudo não escrevo este post com o objectivo de mudar consciências ou tentar convencer alguém. É somente uma opinião. E o que sinto é que esta "festa" nada me diz e não tenho qualquer interesse, somente respeito quem a festeja. Mas será que eu seria considerado ou bem visto se desejasse às pessoas uma comemoração que fosse típica de uma outra religião? Não sei se a educação religiosa que nos foi dada desde a infância ensina bem os preceitos da tolerância...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

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