sexta-feira, julho 08, 2005

Atentados (sim, mais uma vez)

Este blog tem pouco mais de um ano e já é a segunda vez que me pronuncio sobre um atentado terrorista após ele ocorrer. É triste e absurdo. É absurdo e triste.

O ano passado vivi intensamente a ameaça de atentados após o 11 de Março. Estava em Paris e nestas alturas qualquer capital europeia é cidade alvo. Assim o metro, os comboios, as ruas e aeroportos, os espaços publicos (escolas, museus, locais de espectáculos, camara municipal, centros comerciais) adoptaram planos de vigilância com código vermelho. A vida corria normalmente e acho que poucas pessoas pensaram realmente no perigo porque, simplesmente, a vida continua.

Os atentados hoje em Londres fizeram-me reviver esses dias. Depois de ficar estupido pela noticia, senti uma desilusão profunda pelo animal humano. Penso no porquê de alguém se propor a matar pessoas inocentes só porque não os vêem como inocentes mas culpados dos massacres que estão a ocorrer no Iraque e Afeganistão. Só porque os inocentes culpados europeus (e americanos) decidem quem os vai governar através de eleições livres e justas.
Penso naquelas almas que viajaram para Edimburgo protestar contra a globalização, envolverem-se em confrontos com a Polícia, provocar disturbios, só porque 8 lideres eleitos democráticamente pelos seus povos, lideres dos países mais industrializados do mundo, se juntam em reuniões para debater os problemas que afectam o mundo em que vivemos. Não concordo que isso aconteça porque o mundo engloba mais que apenas 8 países, mas não posso concordar que, quem se oponha a essa globalização se junte em rebanho e proteste e provoque desacatos só porque são contra. Acabam por, numa escala de violência muito menor, agir de uma forma violenta para mostrar o seu ponto de vista (não quero comparar).
Portugal e Espanha fizeram isto aquando dos tratados pelos descobrimentos: globalização. O Vaticano fez isso durante toda a idade média, congregando junto de si os reinos católicos e evangelizando o mundo não católico - por vezes recorrendo a guerras. Só durante a guerra fria não havia este consenso globalizador: havia duas globalizações distintas, a NATO com o modelo ocidental, e o Pacto de Varsóvia com o modelo Soviético.
Acho tudo isto tão estupido que acho que, por muito que me esforce, não consigo fazer sentido.
O cómico da situação é que quem reivindicou os atentados voltou a usar uma fórmula já usada aquando dos atentados de Madrid: é a paga pelas atrocidades cometidas no Iraque e Afeganistão, é um ultimato para que as tropas dinamarquesas e romenas abandonem esses massacres, e fazem uma reivindicação muito antiga em que a Andaluzia ou parte da Peninsula Ibérica são parte da grande nação islâmica e que deve voltar ao seu domínio...
"É pra rir ou pra chorar"
(Gabriel O Pensador)

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

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